Índia Pataxó
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Lula acena com maior atenção aos índios
Presidente reconhece que não fez muito por nativos no 1º mandato. E reclama da falta de civilidade da sociedade
BRASÍLIA - No Dia do Índio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que não fez uma boa gestão para os povos indígenas no seu primeiro mandato. Na presença do cacique txucarramãe Raoni e outros 19 líderes nativos, o presidente participou ontem de solenidade no Palácio do Planalto em comemoração à data.
“Tudo o que não aconteceu de 2003 a 2006, a gente fará acontecer até 2010”, declarou o presidente em discurso, para, em seguida, prometer: “Neste novo mandato, vamos fazer as coisas que não fizemos”. O reconhecimento chega após o petista passar boa temporada atribuindo aos movimentos indígenas e ambientais culpa por atrasos nas licenças de construção de hidrelétricas e estradas na Amazônia.
Na presença dos índios, Lula chegou a reclamar da falta de “civilidade” da sociedade nacional em relação aos povos nativos. “Temos de tornar a relação entre brancos e índios mais democrática e civilizada”, afirmou, completando: “O índio é um cidadão brasileiro, tem o direito de entrar no palácio do governo e ser atendido”, ressaltou.
Demonstrando estar afinado com os desejos dos caciques, o petista prometeu trabalhar em benefício dos povos indígenas. “Vocês terão no segundo mandato muito mais atenção do governo. Não queremos transformar vocês em brancos, mas transformar a sociedade”, destacou o presidente, que ontem assinou a homologação das reservas Apyterewa (Pará),
Entre Serras (PE), Itixi-Mitari (Amazonas), Palmas (Paraná e Santa Catarina), Pankararu (Pernambuco) e Wassu Cocal (Alagoas). A área total homologada é de 978 mil hectares.
Também ontem, foi criada a Comissão Nacional de Política Indigenista. Composta por 20 representantes indígenas, a comissão abre a discussão aos índios sobre as políticas indigenistas do governo. A fundação também será composta por dois representantes de organizações de índios e 13 membros do governo federal. Um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) será o presidente.
A comissão vai elaborar anteprojeto de lei para criação do Conselho Nacional de Política Indigenista. Os representantes de comunidades indígenas que estão acampados em Brasília conversaram com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, sobre processos que tramitam na corte envolvendo questões de de interesse de tribos.
Família de Galdino: pena leve para crime
A família do índio pataxó Galdino José dos Santos — morto incendiado por jovens há 10 anos, em Brasília — afirmou ontem que não foi feita justiça no caso. Para Wilson Jesus de Souza, de 42 anos, sobrinho de Galdino, a pena foi branda. “Não ficamos satisfeitos. Foram muito curtas as penas. É bem capaz que eles (os assassinos) estejam em suas casas neste momento. Para nós, é como se eles nunca tivessem sido condenados”.
A família de Galdino preparou manifestações. Será realizada uma cerimônia na aldeia Caramuru Catarina Paraguassu, no Sul da Bahia. No local, que fica entre os municípios de Pau Brasil, Itaju Colônia e Camaçã, moram 3.020 índios pataxós. “Faremos uma manifestação no dia 21 de abril, que foi quando o corpo dele chegou aqui na aldeia para ser enterrado”. Segundo Wilson, o conflito por terras é constante na região.
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O pai e a mae de Galdino
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