DACAR. O presidente líbio, Muammar Kaddafi, pediu ontem que a África crie um exército continental para defender seus interesses e pediu o pagamento de compensações pelas nações colonizadoras pelas matérias-primas extraídas da região. A sugestão acontece um dia depois de o líder venezuelano Hugo Chávez incentivar a criação de uma força parecida na América do Sul.
Num discurso feroz feito numa parada militar em Dacar, no Dia Nacional de Senegal, Kaddafi criticou a pilhagem de ouro, diamantes e outros materiais dos países africanos. Para ele, as nações têm o direito de pedir reparação.
A unidade militar e política do continente ajudaria a África a resistir qualquer outra tentativa de recolonização, declarou o presidente líbio.
- Se conseguirmos unificar todas as forças armadas num único exército, a África terá poder - bradou Kaddafi, vestido com uma jaqueta branca com medalhas à esquerda e o perfil do continente em verde preso do outro lado.
- Temos que ser fortes para não nos tornarmos presa fácil para os colonizadores - avisou o líder, sentado ao lado do presidente senegalês Abdoulaye Wade, que fez o juramento para o segundo mandato na terça-feira passada, depois de vencer as eleições diretas em março.
Embora Kaddafi defenda um exército africano poderoso, um alto funcionário da União Africana no Sudão pediu melhor suporte logístico e armas para a força de paz da organização que resiste no serviço no país, na região violenta de Darfur.
Muitas vezes Kaddafi se intitula um salvador da unidade africana, como o venezuelano Hugo Chávez faz na América do Sul. O líder líbio disse que os milhares de cidadãos que imigram para a Europa todos os anos estão reeditando a rota dos navios que levavam as riquezas do continente para as nações colonizadoras.
- Hoje eles contestam nossa partida para a Europa, dizem que é imigração ilegal. Quando vieram de lá para ocupar a África era legal? - perguntou Kaddafi, com a ajuda de um intérprete. - Nos deixaram na pobreza, carregando nossos recursos e matérias-primas para seus países. Queremos ir atrás deles, ou os europeus devem devolver os bens em forma de compensações para sua colonização da África - completou.
Sugerindo que o racismo coloriu a visão européia da África, o presidente líbio continuou: "quem disse que branco é melhor que preto?".
- As vacas brancas e negras dão leite branco.
E terminou seu discurso, com um slogan revolucionário emprestado do lendário guerrilheiro, Che Guevara:
- A luta continua. Até a vitória, sempre!
Fonte: JB Online, 06.04.2007
http://jbonline.terra.com.br/editorias/internacional/papel/
2007/04/06/internacional20070406002.html
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