GRUPO do Capão Redondo, a mesma periferia paulistana dos Racionais MC’s, o Z’África Brasil faz rap politizado a partir da história e das questões do negro no país. O novo CD, Tem cor age (YB Music), é ainda melhor do que Antigamente quilombos, hoje periferia (2002), graças ao aprimoramento da interação entre levadas rítmicas orgânicas e programações eletrônicas (feitas pelo coletivo Instituto e o DJ Periférico). A faixa Quilombo invencível usa sample de Walk on the wild side, de Lou Reed. E Eu não vi nada, com influência do ragga, e Tô no rolê, com acento de samba, são ótimas.
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1000 Trutas 1000 tretas, o esperado primeiro DVD dos Racionais MC’s, sai esta semana com 15 músicas, participação especial de Jorge Ben Jor e documentário sobre a história da música negra em São Paulo, dirigido por Mano Brown. E tem CD também.
(...)DEXTER, preso desde 1998 por assaltar um posto de gasolina e atualmente na Penitenciária do Tremembé, interior de São Paulo, tem seu bom primeiro CD solo, Exilado, sim, preso não! (2005), relançado pela Atração. O rapper compõe bem e num estilo narrativo que lembra Mano Brown, convidado do álbum juntamente com MV Bill, G.O.G. e Tina. “O Dexter é o Dexter e o Brown é Brown, mas nossas essências são parecidas. Tenho ele como meu padrinho e os Racionais como inspiração”, afirma. O CD coleciona prêmios como o prestigioso Hutúz (2005).
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MZURI Sana, grupo paulista liderado pelo produtor e MC Parteum, buscou referência em Machado de Assis para gravar seu primeiro álbum, Ópera oblíqua (Trama). Maneirismo intelectual? Não. Irmão mais novo de Rappin’ Hood, Parteum nada tem de afetado: é um artista de formação cultural acima da média, bom conhecimento musical e sem ligações puristas com o rap, já tendo colaborado, por exemplo, com Zélia Duncan, Ed Motta e Nação Zumbi. Cheio de detalhes, Ópera oblíqua cresce a cada audição. Confira também o disco solo de MC Parteum, Raciocínio quebrado (Trama), lançado no ano passado.
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NENHUM motivo explica a guerra – Ao vivo (Geléia Geral/Warner), do AfroReggae, traz o áudio do recém-lançado DVD homônimo do grupo carioca (dirigido por Cacá Diegues e Rafael Dragaud) e conta com a participação de O Rappa, Cidade Negra, Caetano Veloso e Jorge Mautner. É só para quem conhece e gosta da face musical do grupo nascido em Vigário Geral, no Rio, onde desenvolve um trabalho social, este sim, digno de elogios. Além de músicas próprias, o repertório inclui versões de Mosca na sopa (Raul Seixas e Paulo Coelho), Haiti (Caetano e Gilberto Gil), Vamos fugir (Gil e Liminha) e Ilê Aiyê – Que bloco é esse? (Paulinho Camafeu).
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HIP hop e a filosofia (Madras, R$35, 220 págs.), com coordenação de William Irwin, é uma boa dica de leitura nesse tempo em que ornitorrincos escrevem absurdos sobre essa manifestação cultural na mídia brasileira. Há até quem diga, por desinformação ou revisionismo obtuso, que o hip hop nasceu na Jamaica!
Discomania, Correio da Bahia, 16.12.2006
www.correiodabahia.com.br
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