Wednesday, May 16, 2007

Violencia Policial contra a Juventude negra no ABC


ENJUNE ABC- UMA PRÉVIA DO QUE ESTÁ POR VIR...

Nosso Pré ENJUNE aqui no ABC tomou proporções que para muitos servirá de reafirmação que o estado brasileiro, através de seus mecanismo de repressão, não aceitaram da nossa parte, do povo negro, da juventude negra, uma reação a violência racial, o medo se espalha no sentido de que mais pessoas se despertem dessa anestesia racista que faz com que muitos ainda não enxerguem que esse genocídio que vem acontecendo nas periferias tem objetivos específicos e tem ligação direta com a nossa característica étnico / racial. Essa é a segunda vez que invadimos as ruas de São Bernardo do Campo pára Denunciar o Racismo! Em 97 Fomos 300 jovens na mesma avenida, pautar as demandas da juventude Negra. 10 anos depois, Um numero menor de pessoas mais com uma demanda racista muito mais genocida para denunciar e combater, viabilizamos uma sena que se repete no resto do país. Onde quer que se junte negros e negras, seja em suas manifestações culturais, seja em manifestação legitimas, estaremos sujeitos ao enfrentamento ao estado que manda seus cães de guarda para espancar, inibir e demonstrar seu ódio racial e sua indignação a qualquer levante que o povo negro fizer. O pior desse processo todo onde vivenciamos nesse ultimo sábado 5/5/2007 e ver a argumentação da parte da policia que se sentiu “OFENDIDA” por ter sido chamada de racista. Talvez a corporação precisa acompanhar mais suas próprias ações e rever o que as estatísticas nacionais e regionais apontam. Quem tem o direito de estar ofendido e reagir a violência racial SOMOS NÓS que chegamos a ser 70% de seu explicito genocídio. Não bastando, esse estado nos nega o básico para o desenvolvimento de nosso povo como trabalho, saúde, moradia, etc. Vende uma falsa idéia de “planejamento familiar” mais que no fim das contas prevê uma esterilização das mulheres negras em longa escala e em plena idade fértil, diminui a maioridade penal hoje para 16, e amanhã só Deus sabe mais em breve já nasceremos enjaulados se é que nos darão o direito de nascer, Facilitam na cara larga a chegada das drogas e armas nas favelas colocando mais lenha nesse caldeirão desigual objetivando com isso desenvolver justificativas para suas ações genocidas. Apesar de tudo isso, ainda não nos dão o direito de nos manifestar e ficam “indignados” com as acusações!!! Me poupe... ESSE ESTADO SÓ SERVE PARA PROTEGER NÃO NEGROS! Se são brancos nas ruas para protestar o que for, eles fazem escolta... Pra preto/preta a política é BORACHADA e cadeia. Mais para a infelicidade dos grupos racistas desse país estaremos cada vez mais nas ruas denunciando o racismo e suas manifestações discriminatórias e preconceituosas! Lamento Informar que isso não fará com que nós deixemos de REAGIR A VIOLENCIA RACIAL POR TODOS OS MEIOS NECESSÁRIOS!

Salve salve Gilson Negão, Mara, Eduardo rosa, Marquinhos, Neia, Ketu, Vicente, Deivison, Weber, O Fórum de Juventude Negra do ABC que se constituiu no Pré Enjune ABC e as organizações pretas que estão constantemente na luta! Tamo junto e misturado!

Nossa cara é ir pras ruas! Utilizando da oralidade que a ancestralidade africana nos ensina para polarizar a denuncia ao racismo aonde quer que nosso povo estiver.

É desse jeito!

Honerê Al-amin Oadq
Posse Hausa - minha familia, minha base!
MNU De onde sou centralizado politicamente!
ENJUNE Uma reposta coletiva a violência racial!


Segue texto de Hamilton Walê


Reaja ou Será Mort@
Uma Campanha para Além da Conjuntura
Nada Mudou, vamos lutar!


“Criaram no Brasil o Delito de Ser Negro”.
Abdias do Nascimento


Ontem em São Bernardo do Campo, São Paulo os jovens, Negros e Negras que articulam e organizam o Iº Encontro Nacional da Juventude Negra foram alvo da brutalidade policial, do racismo do Estado Brasileiro, do neo-colonialismo tacanho das elites intelectuais que ficam acomodadas em sua manutenção de privilégios nos centros acadêmicos e nos editorias de jornais enquanto os órgãos de repressão nos atacam numa franca guerra aberta contra os pretos e pretas.
Os pretos e pretas de São Bernardo do Campo e toda região do ABCD em São Paulo ousaram reagir fora do roteiro estabelecido pelos brancos. Sem a boa educação exigida aos pretos acomodados que lotam as salas ventiladas onde preparam nosso abate e onde esses traidores falam manso e baixinho.
Os Pretos e Pretas do ABCD em São Bernardo do Campo saíram às ruas enfurecidos para lutar contra a violência , a brutalidade e o genocídio que nos acomete e foram acusados pelos policiais de fazerem “apologia contra a policia”.Vejam bem: eles falavam para a sociedade , na frente de uma polícia que mata, que a polícia mata e foram presos e presas.... se nós não reagirmos nacionalmente eles e elas podem ser mortos.
Há 2 anos, nós do Movimento Negro Unificado de Salvador, chamamos uma reunião com mais de 18 representações do Movimento Negro e comunitário locais e fomos atendidos em nossa proposta de lançarmos uma Campanha contra o Racismo, contra o Sexismo, contra a homofobia e pela vida. E gritamos nas ruas como os Jovens de São Bernardo Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta.
Como os jovens de São Bernardo fomos perseguidos pelos órgãos repressivos, fomos acusados de desacato e por pensarmos com autonomia e exigir nosso protagonismo negro nessa campanha, excluindo de sua coordenação os partidos políticos com sua bandeiras e sua tática de nos desqualificar e dividir, de nos menosprezar e dirigir e no final nos oferecer tudo pela metade.
Fomos acusados de não ampliar o movimento, de não termos diplomacia, de não captarmos o volume necessário de recursos, de não nos tornarmos ONG, fomos acusados de má educação, de radicalismo e de só denunciar e de não apresentarmos propostas.
Somos Movimento Negro Unificado e para nós tudo isso soa como elogio, pois o que queremos é uma outra sociedade, uma outra política e uma a outra alternativa de luta como nos mostraram os jovens negros e negras de São Bernardo, os mesmos que nos exigem uma postura cada vez mais dura contra o racismo sem concessão alguma. Se nada Mudou vamos lutar!!
O Estado brasileiro mantém em vigência uma política de segurança pública que conserva a mesma tradição republicana racista de criminalização do Povo Negro. Nossa epiderme continua sendo "a prova do crime". A celeridade utilizada pelos setores racistas no Congresso Nacional para aprovarem a redução da maioridade penal na CCJ do senado demonstra a disposição destes setores em ratificarem seus propósitos mais radicais,na defesa da elite branca brasileira,aproveitando-se de um clima de comoção nacional ,em função da utilização sensacionalista de alguns fatos que na prática revelam flashes de uma realidade que é cotidiana para nossa gente.
E os Jovens de São Bernardo sabem disso!!!
Nada mudou na conjuntura político racial nesses mais de 35 anos de luta direta do Movimento Negro e dois anos de enfretamento e denúncia dessa Campanha Pela Vida, contra o Racismo, o Sexismo e a Homofobia.
Na Bahia mudou a política de governo, mas a brutalidade, o extermínio e a arrogância racista do Estado tem uma continuidade univitelina, faces da mesma moeda que o racismo faz circular no revezamento do poder dos brancos. Mesmo sendo maioria no estado não ocupamos nem um terço dos postos de comando. Esse poder que nos mata há cinco séculos tem a mesma origem no colonialismo que pretende aprisionar nossos espíritos e nos tirar de combate. Exigem de nós uma paciência que não temos, querem nos impor um silêncio enquanto nos matam como se fossemos baratas.
Começamos o ano de 2007 nas ruas, tomando a iniciativa de lutar pela preservação de nossas vidas, mais de 250 pessoas mortas pela polícia ou com a tolerância da policia, a maioria negra. São dados de uma guerra que denunciamos em 2005 quando morreram 631 pessoas de janeiro a setembro daquele ano.
Nada mudou, vamos lutar!!!
Para que os números não se repitam, ou multipliquem-se, como é o que parece obvio, enquanto o comando da policia militar diz que um policial pisar a cabeça de um jovem negro era uma exceção, o Governador dizer que “não via ali Racismo algum”.
Não foi exceção para o Jovem Aspirante da Marinha, Edivandro Pereira, morto por uma guarnição da Polícia Militar que deveria protegê-lo. Não foi a exceção para Clodoaldo Souza, 22 anos, morto com nove tiros frente à incapacidade do Estado em nos proteger. É bom lembrar que esse jovem era militante do Movimento Hip Hop e suas músicas tratavam diretamente da brutalidade policial.
A invasão de uma comunidade negra, por forças policias que chegaram para extorquir, roubar, invadir, torturar. Quadrilhas oficiais em busca do dinheiro que caiu do céu de Maracangalha tendo como método o terrorismo cotidiano de Estado.
A situação atual de C.A. única testemunha da Matança de Nova Brasília que ceifou a vida de Clodoaldo Souza, ante um compromisso não cumprido do Governo, que amarga uma peregrinação trágica pelos hospitais racistas da Bahia como grande parte de jovens negros vítimas de traumas por armas de fogo.
Nada mudou, vamos lutar!!!
O cenário nacional é desesperador. Nunca se viu tanta disposição das forças conservadoras e racistas para aprovar pacotes de medidas para nos empurrar cada vez mais para fora da sociedade lotando as prisões numa lógica (in)disfarçada de criminalização da população negra, com a colaboração direta da grande imprensa que tem pautado o medo e o terror como artifício para nossa destruição.
A redução racista da Maioridade Penal deverá ser combatida sob o risco de se aprovarem leis que fariam de Hitler um humanista face ao controle e o desrespeito às vidas humanas.
Na redução racista da maioridade penal para 16 anos está flagrante o projeto das elites brancas de nos eliminar, de enfraquecer nossas comunidades. Da Mesma forma a criminalização da população negra faz lotar os presídios com leis cada vez mais brutais que violam a dignidade e o direito humano.
A violência até hoje vivida por nós negros é um caso explícito de saúde pública. Estamos sendo mortos por causas evitáveis e por omissão. Não há dúvidas, uma vez que os dados mostram que homens negros em idade produtiva tem morrido mais por causas externas e, portanto, evitáveis. Entre elas vítimas de Projétil de Arma de Fogo (PAF), morrendo mais que homens e mulheres brancos. No ano de 2004, na cidade de Salvador, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, sistema que agrega as informações sobre mortalidade do país, 1.501 pessoas negras tiveram óbito por causas externas na cidade de Salvador, enquanto que 92 pessoas brancas tiveram a mesma causa mortis. Os dados de mortalidade materna no Brasil revelam que mulheres negras morrem mais por doenças relacionadas a gestação e ao parto que mulheres brancas, ou seja, também por causas evitáveis. Isto também revela a face da falta de acesso da população negra aos serviços de saúde. Nem de posse destes dados o Estado toma medidas no sentido de reverter este crescente quadro. Ao invés disto o Estado busca medidas que vão contra os preceitos de saúde estabelecidos na Carta de Ottawa (1986) do qual o Brasil é signatário, que considera que na saúde reside o maior recurso para o desenvolvimento social e dentre estes destaca a paz, ou seja, a redução da violência, e a justiça social como recursos fundamentais para o desenvolvimento social. As várias formas de violência que temos sofrido, como exclusão, falta de acesso aos serviços, falta de políticas públicas equânimes e o racismo institucional reforçam sim uma política pública de extermínio da população negra. E foi contra isso que os jovens de São Bernardo se levantaram ai reside seu desacato.
A redução racista da maioridade penal é mais um golpe contra a população negra: em se tratando de saúde seria o mesmo que matar a população adulta para que futuramente não haja necessidade investimento no tratamento de doenças, uma vez que o Estado não é capaz de investir na educação e prevenção de agravos evitáveis à saúde.
Por isso estamos nas ruas. Para Reagir, para lutar para dar as mãos a quem de fato quer uma outra sociedade. Uma sociedade justa e com igualdade.
Honerê Oadq, Mara do Hip Hop, Catiara, Jaqueline, Eduardo Rosa nós estamos na mesma trincheira. Dia 17 voltaremos às ruas, cheios de fé, cheios de esperança na luta como a que tem inspirado os jovens e as jovens do ABCD em São Bernardo do Campo.

Hamilton Borges Walê


Reaja ou será Morto, Reaja ou Será Marta

Movimento Negro Unificado

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DEPOIMENTOS DOS NEGROS E NEGRAS REPRIMIDOS PELA POLÍCIA HOJE NO ABC

Hoje, dia 05 de maio por volta das 16h, a polícia deu mais uma mostra de seu caráter reacionário e racista. Cerca de 150 jovens, trabalhadoras e trabalhadores negros estavam reunidos em São Bernardo, perto do Paço Municipal, se manifestando contra o genocídio da juventude negra, fruto da violência policial que todos os dias tira a vida, reprime e humilha jovens e trabalhadores negros e negras. O ato era parte do Encontro Nacional da Juventude Negra (ENJUNE) do ABC. Tudo corria normalmente quando a polícia apareceu reprimindo mais uma vez. Leia abaixo as declarações dos jovens e trabalhadores negros e negras que foram reprimidos.

Por Jornal Palavra Operária
palavra_operaria@ yahoo.com. br

“A gente foi para a rua para denunciar o genocídio da juventude negra. Segundo os números oficiais 70% dos jovens assassinados pela polícia são negros. Estávamos protestando contra a violência policial, mas também contra o desemprego. Daí a polícia veio e disse que estava “ofendida”, me puxou pelo braço e me bateu com o cacetete. Meu braço ficou dolorido. Quando ele ia me bater de novo, chegou o resto do pessoal e entrou na minha frente para me defender. Não me lembro do nome dos policiais, só vi um que chamava 2º Tenente Honorato. Eles não pensam duas vezes em avançar contra nós. Prenderam diversos companheiros, como a Mara do Hip - Hop. Nós denunciamos a violência policial porque tudo mundo sabe que ela reprime os negros. Saímos na rua para dizer que não aceitamos mais isso”.
Jaqueline - Organizadora do ENJUNE Interior e militante do movimento Hip-Hop de Sorocaba


“Sou uma das organizadoras do Encontro e uma das idéias que tiramos era fazer o ato contra o extermínio da juventude negra. Alguns cartazes falavam do caráter racista da polícia. Partimos da Av. Marechal e quando chegamos numa rua que estava meio deserta, uma de nossas irmãs foi agredida porque estava segurando os cartazes. Quando a gente saiu chegaram muitos policiais. Apareceram umas quatro ou cinco viaturas. Os policiais disseram que a gente tava fazendo “apologia”. Em nenhum momento conseguiram explicar o suposto crime que estaríamos cometendo. Eu vi três manifestantes sendo agredidos. Isso é uma ação que mostra para que serve a polícia: proteger a burguesia e seus bens. A maioria das pessoas que morre assassinada pela polícia são negros e pobres. Temos certeza de que isso é racismo. Temos o direito constitucional de nos manifestar, e a postura da polícia é totalmente autoritária e repressiva. Acho que o dia de hoje não será facilmente esquecido pelo movimento negro”.
Cathaiara – militante do Quilombagem


“A gente tava na organização do EJUNE querendo debater as demandas da dos negros e negras da região. A juventude do ABC tirou como tema paa o ato de hoje “Juventude negra vai à luta” e tinha como atividade uma passeata denunciando o genocídio da juventude negra e do desemprego. São Bernardo do Campo tem 38 % de população negra, e uma imensa parte destes estão desempregados. A falta de emprego é um dos piores tipos de violência, porque nega que a gente tenha uma vida digna. O que aconteceu foi que quando pegamos uma rua um pouco menos movimentada, porque a igreja proibiu que o ato fosse encerrado na Parca da Matriz, chegou a polícia. Eles disseram que iam prender todo mundo por “apologia contra a polícia”. Agora pouco liberaram eu e a Luciana. Os dois principais policiais que mais reprimiram acusaram a Mara do Hip-Hop como a que teria feito a principal intervenção que os “ofendeu”.
Isso que aconteceu é mais que uma arbitrariedade. Dependendo de como for, se você reclama que não tem emprego, sendo negro ou branco até pode ser que passe batido. Agora se você for negro, a coisa piora muito, porque tudo que é denunciado como racismo nesta sociedade tende a ter uma repressão muito maior”.
Eduardo Rosa – representante da entidade Rosas Negras e um dos detidos. /SPAN>


“Hoje dia 05 estava sendo realizado encontro regional de juventude negra do ABC, e na programação do encontro estava previsto um ato contra o genocídio da juventude negra, contra a redução da maioridade penal e por emprego para juventude negra. No meio do ato os policiais pararam o carro de som dizendo que nós tínhamos que tirar os cartazes por que eram cartazes contra violência policial. Além disso, eles mandaram que a gente usasse só uma faixa da rua. Atendemos ao pedido, mas mesmo assim eles quiseram encerrar o ato. Então a gente decidiu voltar pela calçada. Daí os policiais disseram que am levar a gente para a delegacia. Perguntei porque a um policial, e ele não respondeu. Disse que se eu não fosse ia me arrastar pelos cabelos até a viatura. Viemos para delegacia. Este foi um primeiro ato da juventude negra do ABC contra o racismo, e demonstrou como quando o povo negro sai às ruas a polícia não hesita em reprimir. Mas o povo negro tem uma história imensa de lutas heróicas, e este tipo de violência contra nós só aumenta nossa disposição de luta. Não baixamos a cabeça”.
Mara do Hip-Hop – militante da Corrente Operária do PSOL e impulsionadora da Casa de Cultura e Política do ABC

MARA do Hip Hop

Corrente Operária do PSOL ABC
Manifesto Ilícito :: rap de operário pra operário
Casa de Cultura e Política do ABC

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msn: marazenzele@hotmail.com
orkut: Mara do Hip Hop

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