Saturday, July 07, 2007

Ein neuer Treffenpunkt für Lesben und Schwule aus Brasilien/ Lateinamerika in Berlin

Ein neuer Treffenpunkt für Lesben und Schwule aus Brasilien/ Lateinamerika in Berlin jeden 2. und 4. Sonntag ab 18 Uhr im Freizeitheim (Prenzlauer Berg)
Ein Treffenpunkt für Lesben und Schwule aus Brasilien/ Lateinamerika in Berlin war unser großer Wunsch und jetzt haben wir einen Ort gefunden: das Freizeitheim im Prenzlauer Berg. Wir wollen uns treffen, kennenlernen, zusammensein und austauschen. Ein großer Dank geht an, Dagmar aus dem Freizeitheim, die unsere Idee unterstützt und uns ihre Bar immer sonntags 14tägig ab 18.00 Uhr zur Verfügung stellt. Wir wollen, unser Art lesbisch und schwul zu sein, sichtbar machen, unsere Kulturen leben, unsere Sozialisation mit allen Vor- und Nachteile auch in Bezug auf Europa diskutieren. Wir wenden uns gegen Rassismus und Homophobie und wollen ein offenes und herzliches Miteinander im Zusammenleben schaffen. Ihr seid alle herzlich eingeladen.
08. Juli 2007:
Thema:
Was bedeutet für uns lesbisch und schwul zu sein in Europa?
Hat Europa es uns einfacher gemacht, uns zu outen?
Charles Medonca-Brazil
Maria Lopes-Kolumbien
anschließend Djane Renatinha (Brazil Beat)
Eintritt: frei
22.07.2007:
Video:
Erstes Treffen schwarzer Lesben in Brasilien
anschließend Djane Marie Leao (Brazil)
Eintritt: frei
Organisation: Sandra Bello halleschestor@yahoo.com.br oder 0152/05155352
Ort:
Freizeitheim, Schönhauser Allee 157, U-Bhf. Schönhauser Allee oder U-Bhf. Senefelder Platz

Friday, June 15, 2007

Índios Suruí Googlando

Parceria
Tribo de Rondônia pode fechar acordo com Google Earth
Publicado em 11.06.2007, às 22h57

Um grupo indígena brasileiro está prestes a assinar um acordo que promete, segundo seus próprios membros, revolucionar a história da tribo. O grupo Suruí deve fechar uma parceria com a gigante Google para incluir a aldeia de 1,2 mil habitantes no Google Earth, serviço de imagens de satélite e mapas via internet, e adicionar palavras na língua falada pelos integrantes da tribo nos motores de busca da empresa americana. Mas o chefe da tribo, Almir Suruí, promete não fornecer as informações sobre como utilizar os recursos da floresta para curar doenças. "Isso é nosso e não vamos compartilhar com eles.

De passagem pela Europa, onde promove a idéia de conservação ambiental, Almir revelou quais serão seus planos de negociações com o Google, que devem estar concluídas no final de julho. "Já fiz uma primeira visita à sede da empresa, em uma cidade perto de São Francisco, na Califórnia", conta o líder indígena. "O que decidimos é que vamos fechar um acordo amplo.

A tribo fica localizada no município de Cacoal, em Rondônia, e faz parte da Terra Indígena Sete de Setembro. Almir acredita que o acordo poderá ajudar sua tribo a lutar contra o desmatamento, já que o avanço de madeireiras poderão ser detectados nos mapas do Google Earth. "Já fornecemos um primeiro mapa feito por nós mesmos. Demos informações sobre a área, habitantes e outros dados para que possam começar a mapear a região", disse o líder.

IDIOMA - Além do mapeamento, palavras na língua falada pelo grupo serão incluídas no Google. "Vamos colocar nosso vocabulário em tupi mundé na rede", disse Almir. Em troca das informações sobre sua região de 248 mil hectares, o chefe da tribo conseguiu o compromisso do Google de que a empresa capacitará os indígenas para o uso dos computadores, além de treiná-los e enviar PCs. "No futuro, queremos nós mesmos sermos capaz de colocar essas informações no computador", afirmou.

Fonte: Agência Estado
http://jc.uol.com.br/2007/06/11/not_141588.php

FEDERACION PANAFRICANISTA DE ESPAÑA: COMUNICADO

Otro africano negro más asesinado por el "invisible" racismo institucional
Y ya van 7 en lo que va de año - alerta roja!

Madrid - 11 de junio de 2007

Una vez más se consumó un día más de violencia institucional impune contra la comunidad negra y contra la propia democracia española. Hoy estamos peor, mucho peor, que cuando mataron a Lucrecia Pérez. En aquel entonces por lo menos hubo un clamor popular, hoy ante el crimen racista sólo hay silencio.

Este no es un caso aislado, en lo que va de año 7 personas negras han sido asesinadas en las comisarías y traslados policiales, las agresiones y ataques contra los bares
de los negros en Torrejón de ardoz, las redadas a negros en Lavapiés y cuatro caminos donde se ha llegado a desnudar y pegar a ciudadanos en plena calle.

Todo esto sin que se haya abierto ninguna investigación en aplicación a la ley 62/2003. Para los africanos y africanos-descendientes esto también es una suerte de terrorismo racista invisible que nadie quiere ver. Como en el caso de las comisarías de los Mossos de Barcelona, donde tuvo que ser una cámara lo que pudiese demostrar a los jueces y la opinión publica lo que las victimas venían denunciando.

Como recuerda Martín Luther King el silencio de los buenos ciudadanos blancos que callan o miran a otro lado mientras los negros son objeto de terror, es igual o más peligroso que la acción de los autores materiales del crimen. No importa que la victima estuviera en un centro de internamiento o pendiente de ser expulsado. Como ocurrió con Antonio Fonseca no albergamos ninguna esperanza en la autopsia ya que desde determinados medios ya se insiste en que el ciudadano nigeriano tenía antecedentes penales dando por ello a entender que existe una legitimidad en la tortura o derecho a matarlo. Sin embargo nosotros decimos que era un ser humano y como cualquier ser humano tiene un nombre: Osamuyia Aikpitanhi y no "subshariano" y tenía una familia que reclama justicia.

Cuando se cumplen 25 años de las primeras elecciones democráticas en España: la reiteración de estos casos, su minimización o silencio causan un daño grandísimo a la democracia española y promueven el racismo entre los más jóvenes, pues hacen que el propio Estado se convierta en el ejemplo a seguir para ejercer la brutalidad racista con total impunidad y oscuridad.

Si los hechos ocurrieron en un avión regular de pasajeros y por tanto hay testigos. ¿Por qué los jueces en vez de archivar los casos de racismo como juicios de faltas no solicitan los los vídeos de tanta brutalidad racista? Seria la mejor forma de saber qué ocurrió.

Invitamos a los ciudadanos a los demócratas a los verdaderos amantes de la liberad a luchar a no callar a seguir empujando por romper la lógica de opacidad permanente que envuelve todo los crimines racistas en España. Para así extender las garantías del Estado de Derecho también a la Comunidad Negra. No creas que esto no te atañe porque no eres africano o porque eres español, el racismo se vuelve siempre contra sus perpetradores.

LA FEDERACION PANAFRICANISTA DE ESPAÑA

Convoca a toda las organizaciones sensibles a la causa de los pueblos negros y africano-descendientes a la reunión para reflexionar y buscar una respuesta unida al alto índice de violacion institucional de los derechos humanos.


UHURU!

Día: martes 12 junio de 2007

Lugar: C/ Granvia 31, 3º 3ª Madrid, 19:30 H (Se exige puntualidad)

Telf: 646 916 984

Shirikisho Ya Wanafrika · Federación Panafricanista
www.panafricanos.org

Saturday, June 09, 2007

Complexo B empolga com homenagem às religiões afro-brasileiras

8/6/2007 20:19:00

Complexo B empolga com homenagem às religiões afro-brasileiras

Nilton Carauta


Foto: Márcio Mercante

Rio - Com o tema "O reino de Oxalá - a marca dos orixás na cultura brasileira", a grife levou à passarela uma coleção inspirada nas religiões africanas e suas entidades.

No encerramento, o ator e cantor Sergio Loroza surgiu como um verdadeiro deus africano. “É a primeira vez que venho ao Fashion Rio. Sei que foi um impacto para todos aparecer um negão gordo na passarela, mas foi bom para mostrar que tudo é possível na moda. Agora sou modelo e manequim”, brincou. O desfile teve ainda a participação do ex-BBB Alan Pierre.

Ao som de canções africanas entoadas por Rita Ribeiro, os modelos desfilaram looks que lembraram orixás, caboclos e pretos-velhos.

Foto Divulgação


As calças skinny usadas com camisetas de tamanho over ganharam um ponto de equilíbrio. Já os vestidos volumosos lembraram as baianas.

Coletes em couro metalizado e capas reproduziram a roupa de São Jorge, símbolo da Complexo B. O branco foi a cor de base, mas o vermelho e o preto também predominaram na cartela de cores.



Fonte: Com informações do Terra

http://odia.terra.com.br/fashionrio/htm/geral_103447.asp

Racismo existe e precisa ser superado

Editado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
nº 26 - Brasília, 06 de junho de 2007.
A ministra Matilde Ribeiro, mestre em psicologia social e doutoranda em serviço social, tem uma longa trajetória junto ao movimento negro e de mulheres. Ocupa a Secretaria Especial de Promoção das Políticas de Igualdade Racial (Seppir) desde que foi criada, em 2003, tratando de temas polêmicos no debate sobre a questão racial no País. Matilde Ribeiro concedeu entrevista ao Em Questão, no qual fala sobre o papel da Seppir, das polêmicas que envolvem os assuntos pertinentes a sua pasta e os resultados obtidos nestes quase quatro anos e meio de atuação. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Em Questão - Qual a importância de uma Secretaria Especial, com status de ministério, na estrutura do governo federal?
Matilde Ribeiro É a primeira vez que o governo federal cria um órgão com status de ministério para formular e desenvolver uma série de políticas públicas para combater o racismo e superar as desigualdades raciais, isso por si já é um avanço. Desde 2003, portanto, começamos a traçar uma política nacional para a promoção da igualdade racial. E é importante ressaltar que a Seppir não executa ações diretamente e sim articula, com os demais ministérios, a política de igualdade racial.
EQ - E qual o foco das ações da secretaria?
MR - A Seppir fomenta políticas para a superação do racismo e promoção da igualdade racial, atendendo a demandas dos grupos discriminados do ponto de vista racial e étnico, a considerar também os componentes históricos, culturais e políticos com ênfase na relação com a população negra, mas com atenção aos povos indígenas, ciganos, judeus, árabes e palestinos. A atuação se concretiza em torno das políticas para comunidades tradicionais, entre elas quilombos, terreiros, indígenas, ciganos e segurança alimentar e nutricional. As políticas de ações afirmativas se desenvolvem através de áreas como educação e cidadania; desenvolvimento, trabalho e renda; saúde e qualidade de vida; cultura, organização e diversidade. E um dos principais focos está na política para comunidade de quilombos. Em 2002, eram identificados no Brasil 743 quilombos, hoje este número ultrapassa 3.400 quilombos. Nestes quatro anos, concedeu-se a titulação d e 31 comunidades, quantidade que precisa ser ampliada e muito.
EQ - Quais as principais políticas voltadas aos quilombolas?
MR Eu destaco três delas, entre outras. O Luz para Todos, onde levamos a eletrificação para dezenas de quilombos e nossa meta é até 2008 alcançar a totalidade das comunidades. Temos, num trabalho conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a concessão do Bolsa-Família aos moradores dos quilombos em grande parte dos estados brasileiros. E, também, o Programa de Alfabetização de Adultos, devendo beneficiar 13 mil quilombolas em quatro estados e cuja ação, feita em parceria com o Ministério da Educação (MEC), é crescente. A novidade, em termos de gestão pública, é a orquestração destas ações, ou seja, os processos de regularização fundiária juntamente com a chegada das políticas públicas nessas comunidades.
EQ - Neste governo houve uma aproximação significativa com os países africanos. Como estão os intercâmbios internacionais no que diz respeito à promoção da igualdade racial?
MR Sem dúvida, é um investimento grande na área de relações internacionais. No dia 25 de maio foi o Dia da África e o presidente Lula recebeu embaixadores daquele continente, quando reafirmou a importância da nossa aproximação com os países africanos. Seja através de intercâmbios sociais e culturais, mas acima de tudo no estabelecimento de parcerias visando ao desenvolvimento social e econômico.
EQ - Há algo de destaque nesta aproximação?
MR Neste momento, estamos formatando termos de cooperação visando ao fortalecimento das políticas de inclusão junto a quatro países: Senegal, Cabo Verde, Moçambique e Angola. E, conforme uma fala importante do presidente Lula, a aproximação com o continente africano contribui para o reconhecimento de que o racismo existe no Brasil e precisa ser superado.
EQ - Como está a aplicação da lei que obriga o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, uma das primeiras medidas desta gestão ao tomar posse, em 2003?
MR Essa ação é coordenada pelo Ministério da Educação, com o apoio da Seppir. Ainda não conseguimos chegar na ponta, em todas as escolas do País, mas estamos em processo de capacitação dos professores e revisão dos materiais didáticos. Temos uma experiência que considero bastante exitosa, o projeto A Cor da Cultura, que envolve vários parceiros dentro e fora do governo, como Petrobras, Ministério da Cultura e Cidan (Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro). Por ele, são feitos audiovisuais para capacitação e apoio aos professores para ensino da História da África, que é inclusive divulgado pelo Canal Futura e a Fundação Roberto Marinho.
EQ - O governo federal, em seu projeto de implantação da TV Pública, tem afirmado a necessidade de contarmos, inclusive, com correspondentes na África.
MR É uma medida extremamente importante. Há um desconhecimento muito grande sobre o que é o continente africano tem desenvolvimento, indústrias, cultura latente, enfim, tem vida civilizatória. E trata-se de um desconhecimento mútuo.
EQ - A discussão sobre racismo e ação afirmativa no Brasil é extremamente polêmica, com setores defendendo posições antagônicas sobre o assunto. Como fica, para a Seppir, os argumentos dos que defendem ser o problema de desigualdade social um problema antes social do que propriamente racial?
MR A melhor definição sobre isso foi feita por Florestan Fernandes e Octavio Ianni, estudiosos dedicados a esta temática, que diziam não ser possível dissociar a desigualdade social do racismo fortemente existente em nosso país. A forma como foi a construção de nossa Nação, com uma escravidão que perdurou por quase quatro séculos e com quase 120 anos de abolição, sem que houvéssemos tido um trabalho de inclusão social destas populações, traduz hoje porque os negros e também os indígenas em outra esfera são os mais pobres entre os pobres. Portanto, é muito difícil separar a pobreza da discriminação racial. Quanto mais se olha para a periferia, para as favelas, percebe-se que a maioria das pessoas é negra. Por outro lado, os negros, mesmo os que não estão em condições empobrecidas, são discriminados por serem negros.
EQ - Qual o balanço que pode ser feito em função do sistema de cotas no ensino, que ainda gera muita polêmica na sociedade?
MR - Setores conservadores, com reações muito contundentes, afirmam que o governo ao desenvolver ações afirmativas como a política de cotas está deixando de praticar uma política de caráter universalista. Hoje existem cerca de 40 universidades que adotaram as cotas, independentemente da aprovação da lei sobre o tema, que tramita no Congresso (projeto de lei nº 73/99 prevê a reserva de 50% das vagas das universidades para egressos do ensino público, considerando o percentual de negros e indígenas em cada unidade da federação). Os resultados até agora são bastante animadores. Os alunos que entraram no ensino superior têm tido desempenho igual ou superior aos demais. Percebe-se que quando é dada uma oportunidade a quem nunca teve, a pessoa agarra essa oportunidade como sendo ímpar na sua vida e se esforça ao máximo para aproveitá-la.
EQ Qual o trabalho da Seppir com os demais segmentos, como os ciganos, indígenas?
MR Também é missão da Seppir atender demandas históricas de grupos que vivem discriminação do ponto de vista racial, étnico e cultural. No caso dos indígenas, acompanhamos diretamente as ações da Funai (Fundação Nacional do Índio) e incluímos as representações indígenas no desenho da política de igualdade racial, fortalecendo programas de educação, saúde, emissão de documentos e contribuindo para o fortalecimento da cidadania deste setor. No último 24 de maio, pela primeira vez, foi comemorado o Dia Nacional do Cigano instituído por decreto presidencial. As estatísticas apontam para a existência de 600 mil ciganos no Brasil e, até pouco tempo, não havia nenhum registro sobre o povo cigano.Fomos procurados por eles, fizemos um diagnóstico da situação, identificamos as demandas e estamos agindo para incluí-los na agenda social do País, tornando-os beneficiários dos programas Bolsa-Família, Saúde da Família.

Thursday, June 07, 2007

Carta aberta de la Confederarion de Pueblos Kichwa

LA CONFEDERACIÓN DE PUEBLOS DE LA NACIONALIDAD KICHWA DEL ECUADOR ECUARUNARI ANTE LAS DECLARACIONES EMITIDAS EN BRASIL POR OBISPOS EN EL CELAM

Quito, 23 de mayo del 2007

Ante las declaraciones emitidas por algunos obispos reunidos en Brasil con ocasión de la V Conferencia general del episcopado latinoamericano y del Caribe expresamos nuestra más profunda indignación por lo irrespetuosas de ellas. Acusan a nuestras declaraciones de “estar ideologizadas”. Nos preguntamos si las declaraciones del Papa en lo que respecta a nuestros hermanos presidentes latinoamericanos de corte humanista, ¿acaso no son declaraciones políticas claramente ideologizadas?. Por supuesto que si. ¿Los indígenas no tenemos derecho a tener filosofías, ideologías, espiritualidades y culturas propias? Ya es hora de que el Papa y los obispos acepten que en el mundo EXISTE DIVERSIDAD y que la tolerancia intercultural es indispensable para la convivencia justa y fraterna entre los pueblos. Por supuesto señores obispos que los dirigentes indígenas tenemos una posición política, de la misma manera como entre ustedes también hay diversidad de criterios políticos. Unos obispos hacen su opción política a favor de los excluidos por el sistema capitalista neoliberal y otros se ponen del lado de los opresores, de los privilegiados de este sistema inhumano e injusto.



No debemos olvidarnos que la predicación de Jesús afectó los intereses políticos, económicos y religiosos de los que ostentaban el poder en ese tiempo, por eso acusándolo de hereje y subversivo, tuvo una condena política y religiosa que desencadenó en su asesinato. Igual suerte sufrieron nuestros dirigentes políticos y religiosos durante el HOLOCAUSTO en Abya Yala (América), fueron acusados por los representantes de los reyes católicos y por la mayoría de los sacerdotes católicos de herejes y subversivos, y llevados a la hoguera.



Entendemos que los señores obispos tienen la obligación de defender al Papa Benedicto XVI, pero esto no puede hacerles olvidar las consecuencias genocidas de la invasión y conquista de la Corona Española, y la participación que tuvieron miembros de la Iglesia Católica en ella. No se puede tapar el sol con un dedo. Hay documentos históricos y de carácter científico que demuestran lo antes dicho.

Recordemos solamente que el Papa de ese tiempo, Alejandro VI, en mayo de 1493, creyéndose dueño y señor del mundo, emitió unos documentos que se denominan “Bulas de Donación” a los Reyes de Castilla, en las cuales entregó en donación nuestras tierras y a nuestros antepasados a los Reyes católicos de España. Si leemos con una elemental sensibilidad humana las narraciones que dejó copiladas Fray Bartolomé De las Casas, sobre la codicia por el oro y los crímenes horrorosos que cometieron los delincuentes que llegaron a estos territorios, bajo la complicidad de miembros de la Iglesia.



No nos olvidemos señores obispos que hasta hace pocas decenas de años nuestras mejores tierras estaban en manos de la Iglesia, y que nuestros padres y abuelos tuvieron que realizar trabajos no remunerados en las que en otro tiempo eran nuestras tierras, y luego pagar a los sacerdotes “los diezmos y primicias”, es decir fueron sirvientes en donde en otra hora fueron dueños y señores.



Ante esto, lo menos que podemos hacer es repudiar estos crímenes de lesa humanidad, y denunciarlos con toda la fuerza para que NUNCA MÁS VUELVAN A SUCEDER en la humanidad. De lo contrario se repetirán en nombre de “dioses” que entrañan voraces intereses políticos y económicos, como es el caso del reciente genocidio que se está efectuando en Irak, llevado a cabo por un ser que se cree dueño y señor de este mundo y que afirmó que “dios le dijo invade Irak”. Esto no es posible que suceda en una especie que se supone que ha evolucionado a nivel cerebral, pero que en la práctica vemos estados de conciencia que rayan en la locura y que no nos permite vernos y convivir como hermanos. No debemos permitir que los que se precian de ser dirigentes mundiales cometan errores que afectan a toda la humanidad.



Afirman algunos obispos reunidos en el CELAM que “la Iglesia Católica ha sido la propulsora de nuestra liberación”. Debemos recordar a los señores obispos que hablando con propiedad debería decirse: que ciertos miembros de la Iglesia han apoyado nuestra insurgencia que ha venido gestándose desde hace siglos ante las situaciones de injusticia que hemos vivido. Y no solo miembros de las iglesias han plegado a nuestras causas, sino también ateos humanistas, miembros de otras religiones, en fin muchas personas y pueblos, que estamos juntos en el mismo camino, en la búsqueda definitiva de la liberación y la vida digna de los pueblos.

También debemos recordar a los obispos que los miembros de la Iglesia Católica que nos han apoyado y apoyan, generalmente han sido llamados la atención, perseguidos y hasta sancionados por miembros de la Jerararquía eclesiástica.



Su Santidad Benedicto XVI y Obispos del CELAM reunidos en Brasil, reiteramos nuestra posición: La evangelización realizada por miembros de la Iglesia Católica durante la conquista e invasión española, NO SOLO QUE IRRESPETÓ A NUESTRAS CULTURAS, SINO QUE EXTERMINÓ A PUEBLOS Y NACIONES ENTERAS. No se puede defender lo indefendible en nombre de nada, sobre todo debe prevalecer la verdad y la justicia. La verdad es que millones de seres humanos fueron exterminados en cobardes ejecuciones; en sistemas de explotación anticristianos en las minas, mitas y obrajes; los sacerdotes encomenderos se adueñaron de nuestras tierras y a cambio impusieron sus concepciones teológicas que no tenían nada que ver con el mensaje de Jesús el Cristo; destruyeron el Templo Vivo de Dios que somos los seres humanos según la concepción de Jesús, y edificaron “templos” para lavar sus conciencias ante los crímenes y robos cometidos; la sangre derramada por nuestros antepasados con la complicidad de la mayoría de sacerdotes católicos, se unió a la sangre derramada por Cristo en la Cruz bajo la complicidad de los sacerdotes de ese tiempo.



Ahora bien, estas reflexiones deben llevarnos a ser conscientes que en la actualidad se está llevando a cabo un genocidio y ecocidio monstruoso que si continua puede llevar a la destrucción de nuestro planeta y a la consecuente extinción de la humanidad. Basta que revisemos las estadísticas de mortalidad infantil, el calentamiento global y sus repercusiones, los millones de pobres que se debaten entre la vida y la muerte. Si los gobiernos de los países ricos dedicaran un mínimo de sensibilidad y recursos para la salud, para la educación en vez de invertir en armamentos, otra fuera la suerte de millones de hermanas y hermanos nuestros. Si cesara la voracidad de las empresas transnacionales del capitalismo neoliberal, y si el Presidente de Estados Unidos firmaría y cumpliría el Protocolo de Kioto para el control de la emisión de gases invernadero, la humanidad y la naturaleza no estarían amenazadas de muerte. Estas son las causas del genocidio y ecocidio que hoy sucede ante nuestros ojos en el planeta, y es lo que debería preocupar al Papa, y a los obispos, mas no el trabajo abnegado de los Presidentes Latinoamericanos de corte humanista que se esfuerzan para dar respuesta a las necesidades que ameritan sus pueblos.



Señores obispos, la humanidad requiere filosofías, ideologías políticas y economías, teologías que preserven la vida de los seres humanos y de la Allpa Mama (Madre naturaleza). Las religiones deben servir para propiciar la relación armónica entre los seres humanos y con la Allpa Mama. Si las religiones, sistemas políticos y económicos no sirven para que vivamos con dignidad todos y todas, y no favorecen para la preservación de la Allpa Mama, entonces: ¿para qué sirven?



Tenemos grandes retos. Los dogmas políticos, económicos y religiosos que han prevalecido en el mundo han fracasado, porque la humanidad está en riesgo de extinción. Debemos realizar cambios urgentes en nuestras mentes, en nuestras concepciones, en nuestras acciones, de lo contrario será demasiado tarde. La Madre Tierra ya nos anuncia que está enferma, las repercusiones del calentamiento global son inminentes. Si no abrimos los corazones más allá de nuestras concepciones, políticas, religiosas, económicas, culturales y sociales, nosotros y nuestros hijos pagaremos el precio de no habernos sujetado a las leyes de la Naturaleza y a la convivencia fraterna.



En nombre de la defensa de la Vida Planetaria, esforcémonos por ser coherentes con lo que creemos, y renunciando a los privilegios que nos ofrece el poder capitalista, asumamos con sencillez y pobreza el servicio a los desposeídos.



Reiteramos nuestra exigencia a que el Papa pida disculpas a los Pueblos y Nacionalidades Indígenas del Continente y a los gobiernos latinoamericanos que se han sentido ofendidos con sus declaraciones políticas y religiosas. Exhortamos a los Obispos latinoamericanos a que las decisiones que se tomen en el CELAM consideren el respeto que exigimos los pueblos originarios a nuestras culturas milenarias, y la exigencia de millones de seres humanos que claman por justicia ante la desigualdad social, económica y política.

Humberto Cholango

PRESIDENTE DE LA CONFEDERACIÓN DE PUEBLOS DE LA NACIONALIDAD

KICHWA DEL ECUADOR – ECUARUNARI- (CONAIE)

Saturday, May 26, 2007

Festa afro

Extensa programação em diversos pontos da cidade marcou ontem a passagem do Dia da África

Jony Torres

Considerada uma das cidades com a maior população negra do mundo, Salvador comemorou ontem com muita alegria mais um Dia da África. A extensa programação se espalhou por vários espaços da cidade, desde praças públicas, estações de ônibus e bibliotecas, apesar da chuva intensa no final da tarde. A que contou com a maior participação popular foi realizada na Estação de Transbordo do Iguatemi, onde a Fundação Gregório de Mattos apostou nas tradições religiosas de origem africana.

Enquanto o grupo Ilê Fun Fun apresentava a música que embala os ritos no Terreiro Ilê Axé Yá Nassô Oká (Casa Branca), os passageiros que aguardavam o transporte dividiam os olhares entre o ônibus que chegava e o forte impacto visual e musical dos atabaques e agogôs. “É emocionante ver nossa raiz ganhar todos os cantos da cidade”, observou o vendedor Afrânio Gonçalves.

Entre uma música e outra, os transeuntes ainda recebiam cópias da receita para se fazer o bolinho branco chamado de acaçá, típico da culinária afro-brasileira. Feito de milho branco, é o predileto de Oxalá, mas nas cerimônias religiosas é oferecido a todos os orixás em sinal de paz e harmonia. O público, a princípio intrigado com o doce servido em folhas de bananeira, aprovou a iguaria.

“É dos deuses mesmo, muito bom e com o gostinho da minha cor”, revelou o estudante negro Laércio de Jesus Souza. Em poucos minutos as dezenas de bolinhos foram devoradas e a boa receptividade foi comemorada pelo mestre Edvaldo Araújo, alabê da Casa Branca. “Se hoje eu estou feliz de estar neste local com nossos toques e nossa cultura, imagine nossos ancestrais que chegaram a esta terra e uma dia foram humilhados”, revelou Edvaldo.

Além da música e da culinária, muitos livros que contam a trajetória dos negros e sua relação com a construção do Brasil estavam à disposição dos interessados para leitura, uma forma de incentivar o interesse pelo tema. As ilustrações com obras do Mestre Didi e fotografias de personagens conhecidos e anônimos complementaram o ambiente, que transformou a arquitetura concreta da estação de transbordo num local vivo e colorido.

“O nosso objetivo é este mesmo. Neste ponto onde quase todos da cidade se encontram, onde as pessoas passam para ir ou voltar para casa, oferecemos história, arte e cultura”, justificou Paulo Costa Lima, diretor da Gregório de Mattos. A programação ainda teve uma encenação de alguns trechos do espetáculo A ópera da cidadania, do Grupo de Teatro da Polícia Militar, e performances de dança de alunos da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

***

Chuva cancela ato público

O temporal que atingiu a cidade no fim da tarde de ontem acabou atrapalhando os planos do bloco afro Os Negões, que pretendia reunir centenas de pessoas num ato público na Praça Municipal, para depois seguirem em caminhada pelas ruas do Pelourinho. O tempo ruim calou os tambores, mas não tirou o bom humor do músico Fernando de Lima. “É uma pena, mas na Bahia todos os dias são da África”, brincou, enquanto procurava abrigo nas escadarias do Palácio Rio Branco.

A contribuição do continente africano na formação da população brasileira também foi tema de discussões realizadas durante II Semana da África, que este ano teve como tema o Renascimento Africano, que será encerrada hoje com uma confraternização às 22h, no Teatro Gregório de Mattos. O Dia da África foi criado em 25 de maio 1963, mesma data de fundação da Organização da Unidade Africana, hoje denominada União Africana (UA).

***

Receita de Acaçá de Leite

Ingredientes:
1kg de milho branco
leite de dois cocos
4 xícaras de açúcar
1 colher de sopa de sal
3 colheres de sopa de água de laranjeira
ÜColoque o milho de molho por cinco dias, trocando sempre a água, e depois bata no processador. Adicione água à massa e leve ao fogo, mexendo sem parar, até engrossar. Após a fervura, acrescente o leite de coco, sal, açúcar e água de laranjeira. Ferva por mais cinco minutos, depois deixe esfriar e enrole em folhas de bananeira como se fossem abarás.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 26.05.2007
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/
noticia_impressao.asp?codigo=128975

Wednesday, May 16, 2007

Violencia Policial contra a Juventude negra no ABC


ENJUNE ABC- UMA PRÉVIA DO QUE ESTÁ POR VIR...

Nosso Pré ENJUNE aqui no ABC tomou proporções que para muitos servirá de reafirmação que o estado brasileiro, através de seus mecanismo de repressão, não aceitaram da nossa parte, do povo negro, da juventude negra, uma reação a violência racial, o medo se espalha no sentido de que mais pessoas se despertem dessa anestesia racista que faz com que muitos ainda não enxerguem que esse genocídio que vem acontecendo nas periferias tem objetivos específicos e tem ligação direta com a nossa característica étnico / racial. Essa é a segunda vez que invadimos as ruas de São Bernardo do Campo pára Denunciar o Racismo! Em 97 Fomos 300 jovens na mesma avenida, pautar as demandas da juventude Negra. 10 anos depois, Um numero menor de pessoas mais com uma demanda racista muito mais genocida para denunciar e combater, viabilizamos uma sena que se repete no resto do país. Onde quer que se junte negros e negras, seja em suas manifestações culturais, seja em manifestação legitimas, estaremos sujeitos ao enfrentamento ao estado que manda seus cães de guarda para espancar, inibir e demonstrar seu ódio racial e sua indignação a qualquer levante que o povo negro fizer. O pior desse processo todo onde vivenciamos nesse ultimo sábado 5/5/2007 e ver a argumentação da parte da policia que se sentiu “OFENDIDA” por ter sido chamada de racista. Talvez a corporação precisa acompanhar mais suas próprias ações e rever o que as estatísticas nacionais e regionais apontam. Quem tem o direito de estar ofendido e reagir a violência racial SOMOS NÓS que chegamos a ser 70% de seu explicito genocídio. Não bastando, esse estado nos nega o básico para o desenvolvimento de nosso povo como trabalho, saúde, moradia, etc. Vende uma falsa idéia de “planejamento familiar” mais que no fim das contas prevê uma esterilização das mulheres negras em longa escala e em plena idade fértil, diminui a maioridade penal hoje para 16, e amanhã só Deus sabe mais em breve já nasceremos enjaulados se é que nos darão o direito de nascer, Facilitam na cara larga a chegada das drogas e armas nas favelas colocando mais lenha nesse caldeirão desigual objetivando com isso desenvolver justificativas para suas ações genocidas. Apesar de tudo isso, ainda não nos dão o direito de nos manifestar e ficam “indignados” com as acusações!!! Me poupe... ESSE ESTADO SÓ SERVE PARA PROTEGER NÃO NEGROS! Se são brancos nas ruas para protestar o que for, eles fazem escolta... Pra preto/preta a política é BORACHADA e cadeia. Mais para a infelicidade dos grupos racistas desse país estaremos cada vez mais nas ruas denunciando o racismo e suas manifestações discriminatórias e preconceituosas! Lamento Informar que isso não fará com que nós deixemos de REAGIR A VIOLENCIA RACIAL POR TODOS OS MEIOS NECESSÁRIOS!

Salve salve Gilson Negão, Mara, Eduardo rosa, Marquinhos, Neia, Ketu, Vicente, Deivison, Weber, O Fórum de Juventude Negra do ABC que se constituiu no Pré Enjune ABC e as organizações pretas que estão constantemente na luta! Tamo junto e misturado!

Nossa cara é ir pras ruas! Utilizando da oralidade que a ancestralidade africana nos ensina para polarizar a denuncia ao racismo aonde quer que nosso povo estiver.

É desse jeito!

Honerê Al-amin Oadq
Posse Hausa - minha familia, minha base!
MNU De onde sou centralizado politicamente!
ENJUNE Uma reposta coletiva a violência racial!


Segue texto de Hamilton Walê


Reaja ou Será Mort@
Uma Campanha para Além da Conjuntura
Nada Mudou, vamos lutar!


“Criaram no Brasil o Delito de Ser Negro”.
Abdias do Nascimento


Ontem em São Bernardo do Campo, São Paulo os jovens, Negros e Negras que articulam e organizam o Iº Encontro Nacional da Juventude Negra foram alvo da brutalidade policial, do racismo do Estado Brasileiro, do neo-colonialismo tacanho das elites intelectuais que ficam acomodadas em sua manutenção de privilégios nos centros acadêmicos e nos editorias de jornais enquanto os órgãos de repressão nos atacam numa franca guerra aberta contra os pretos e pretas.
Os pretos e pretas de São Bernardo do Campo e toda região do ABCD em São Paulo ousaram reagir fora do roteiro estabelecido pelos brancos. Sem a boa educação exigida aos pretos acomodados que lotam as salas ventiladas onde preparam nosso abate e onde esses traidores falam manso e baixinho.
Os Pretos e Pretas do ABCD em São Bernardo do Campo saíram às ruas enfurecidos para lutar contra a violência , a brutalidade e o genocídio que nos acomete e foram acusados pelos policiais de fazerem “apologia contra a policia”.Vejam bem: eles falavam para a sociedade , na frente de uma polícia que mata, que a polícia mata e foram presos e presas.... se nós não reagirmos nacionalmente eles e elas podem ser mortos.
Há 2 anos, nós do Movimento Negro Unificado de Salvador, chamamos uma reunião com mais de 18 representações do Movimento Negro e comunitário locais e fomos atendidos em nossa proposta de lançarmos uma Campanha contra o Racismo, contra o Sexismo, contra a homofobia e pela vida. E gritamos nas ruas como os Jovens de São Bernardo Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta.
Como os jovens de São Bernardo fomos perseguidos pelos órgãos repressivos, fomos acusados de desacato e por pensarmos com autonomia e exigir nosso protagonismo negro nessa campanha, excluindo de sua coordenação os partidos políticos com sua bandeiras e sua tática de nos desqualificar e dividir, de nos menosprezar e dirigir e no final nos oferecer tudo pela metade.
Fomos acusados de não ampliar o movimento, de não termos diplomacia, de não captarmos o volume necessário de recursos, de não nos tornarmos ONG, fomos acusados de má educação, de radicalismo e de só denunciar e de não apresentarmos propostas.
Somos Movimento Negro Unificado e para nós tudo isso soa como elogio, pois o que queremos é uma outra sociedade, uma outra política e uma a outra alternativa de luta como nos mostraram os jovens negros e negras de São Bernardo, os mesmos que nos exigem uma postura cada vez mais dura contra o racismo sem concessão alguma. Se nada Mudou vamos lutar!!
O Estado brasileiro mantém em vigência uma política de segurança pública que conserva a mesma tradição republicana racista de criminalização do Povo Negro. Nossa epiderme continua sendo "a prova do crime". A celeridade utilizada pelos setores racistas no Congresso Nacional para aprovarem a redução da maioridade penal na CCJ do senado demonstra a disposição destes setores em ratificarem seus propósitos mais radicais,na defesa da elite branca brasileira,aproveitando-se de um clima de comoção nacional ,em função da utilização sensacionalista de alguns fatos que na prática revelam flashes de uma realidade que é cotidiana para nossa gente.
E os Jovens de São Bernardo sabem disso!!!
Nada mudou na conjuntura político racial nesses mais de 35 anos de luta direta do Movimento Negro e dois anos de enfretamento e denúncia dessa Campanha Pela Vida, contra o Racismo, o Sexismo e a Homofobia.
Na Bahia mudou a política de governo, mas a brutalidade, o extermínio e a arrogância racista do Estado tem uma continuidade univitelina, faces da mesma moeda que o racismo faz circular no revezamento do poder dos brancos. Mesmo sendo maioria no estado não ocupamos nem um terço dos postos de comando. Esse poder que nos mata há cinco séculos tem a mesma origem no colonialismo que pretende aprisionar nossos espíritos e nos tirar de combate. Exigem de nós uma paciência que não temos, querem nos impor um silêncio enquanto nos matam como se fossemos baratas.
Começamos o ano de 2007 nas ruas, tomando a iniciativa de lutar pela preservação de nossas vidas, mais de 250 pessoas mortas pela polícia ou com a tolerância da policia, a maioria negra. São dados de uma guerra que denunciamos em 2005 quando morreram 631 pessoas de janeiro a setembro daquele ano.
Nada mudou, vamos lutar!!!
Para que os números não se repitam, ou multipliquem-se, como é o que parece obvio, enquanto o comando da policia militar diz que um policial pisar a cabeça de um jovem negro era uma exceção, o Governador dizer que “não via ali Racismo algum”.
Não foi exceção para o Jovem Aspirante da Marinha, Edivandro Pereira, morto por uma guarnição da Polícia Militar que deveria protegê-lo. Não foi a exceção para Clodoaldo Souza, 22 anos, morto com nove tiros frente à incapacidade do Estado em nos proteger. É bom lembrar que esse jovem era militante do Movimento Hip Hop e suas músicas tratavam diretamente da brutalidade policial.
A invasão de uma comunidade negra, por forças policias que chegaram para extorquir, roubar, invadir, torturar. Quadrilhas oficiais em busca do dinheiro que caiu do céu de Maracangalha tendo como método o terrorismo cotidiano de Estado.
A situação atual de C.A. única testemunha da Matança de Nova Brasília que ceifou a vida de Clodoaldo Souza, ante um compromisso não cumprido do Governo, que amarga uma peregrinação trágica pelos hospitais racistas da Bahia como grande parte de jovens negros vítimas de traumas por armas de fogo.
Nada mudou, vamos lutar!!!
O cenário nacional é desesperador. Nunca se viu tanta disposição das forças conservadoras e racistas para aprovar pacotes de medidas para nos empurrar cada vez mais para fora da sociedade lotando as prisões numa lógica (in)disfarçada de criminalização da população negra, com a colaboração direta da grande imprensa que tem pautado o medo e o terror como artifício para nossa destruição.
A redução racista da Maioridade Penal deverá ser combatida sob o risco de se aprovarem leis que fariam de Hitler um humanista face ao controle e o desrespeito às vidas humanas.
Na redução racista da maioridade penal para 16 anos está flagrante o projeto das elites brancas de nos eliminar, de enfraquecer nossas comunidades. Da Mesma forma a criminalização da população negra faz lotar os presídios com leis cada vez mais brutais que violam a dignidade e o direito humano.
A violência até hoje vivida por nós negros é um caso explícito de saúde pública. Estamos sendo mortos por causas evitáveis e por omissão. Não há dúvidas, uma vez que os dados mostram que homens negros em idade produtiva tem morrido mais por causas externas e, portanto, evitáveis. Entre elas vítimas de Projétil de Arma de Fogo (PAF), morrendo mais que homens e mulheres brancos. No ano de 2004, na cidade de Salvador, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade, sistema que agrega as informações sobre mortalidade do país, 1.501 pessoas negras tiveram óbito por causas externas na cidade de Salvador, enquanto que 92 pessoas brancas tiveram a mesma causa mortis. Os dados de mortalidade materna no Brasil revelam que mulheres negras morrem mais por doenças relacionadas a gestação e ao parto que mulheres brancas, ou seja, também por causas evitáveis. Isto também revela a face da falta de acesso da população negra aos serviços de saúde. Nem de posse destes dados o Estado toma medidas no sentido de reverter este crescente quadro. Ao invés disto o Estado busca medidas que vão contra os preceitos de saúde estabelecidos na Carta de Ottawa (1986) do qual o Brasil é signatário, que considera que na saúde reside o maior recurso para o desenvolvimento social e dentre estes destaca a paz, ou seja, a redução da violência, e a justiça social como recursos fundamentais para o desenvolvimento social. As várias formas de violência que temos sofrido, como exclusão, falta de acesso aos serviços, falta de políticas públicas equânimes e o racismo institucional reforçam sim uma política pública de extermínio da população negra. E foi contra isso que os jovens de São Bernardo se levantaram ai reside seu desacato.
A redução racista da maioridade penal é mais um golpe contra a população negra: em se tratando de saúde seria o mesmo que matar a população adulta para que futuramente não haja necessidade investimento no tratamento de doenças, uma vez que o Estado não é capaz de investir na educação e prevenção de agravos evitáveis à saúde.
Por isso estamos nas ruas. Para Reagir, para lutar para dar as mãos a quem de fato quer uma outra sociedade. Uma sociedade justa e com igualdade.
Honerê Oadq, Mara do Hip Hop, Catiara, Jaqueline, Eduardo Rosa nós estamos na mesma trincheira. Dia 17 voltaremos às ruas, cheios de fé, cheios de esperança na luta como a que tem inspirado os jovens e as jovens do ABCD em São Bernardo do Campo.

Hamilton Borges Walê


Reaja ou será Morto, Reaja ou Será Marta

Movimento Negro Unificado

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DEPOIMENTOS DOS NEGROS E NEGRAS REPRIMIDOS PELA POLÍCIA HOJE NO ABC

Hoje, dia 05 de maio por volta das 16h, a polícia deu mais uma mostra de seu caráter reacionário e racista. Cerca de 150 jovens, trabalhadoras e trabalhadores negros estavam reunidos em São Bernardo, perto do Paço Municipal, se manifestando contra o genocídio da juventude negra, fruto da violência policial que todos os dias tira a vida, reprime e humilha jovens e trabalhadores negros e negras. O ato era parte do Encontro Nacional da Juventude Negra (ENJUNE) do ABC. Tudo corria normalmente quando a polícia apareceu reprimindo mais uma vez. Leia abaixo as declarações dos jovens e trabalhadores negros e negras que foram reprimidos.

Por Jornal Palavra Operária
palavra_operaria@ yahoo.com. br

“A gente foi para a rua para denunciar o genocídio da juventude negra. Segundo os números oficiais 70% dos jovens assassinados pela polícia são negros. Estávamos protestando contra a violência policial, mas também contra o desemprego. Daí a polícia veio e disse que estava “ofendida”, me puxou pelo braço e me bateu com o cacetete. Meu braço ficou dolorido. Quando ele ia me bater de novo, chegou o resto do pessoal e entrou na minha frente para me defender. Não me lembro do nome dos policiais, só vi um que chamava 2º Tenente Honorato. Eles não pensam duas vezes em avançar contra nós. Prenderam diversos companheiros, como a Mara do Hip - Hop. Nós denunciamos a violência policial porque tudo mundo sabe que ela reprime os negros. Saímos na rua para dizer que não aceitamos mais isso”.
Jaqueline - Organizadora do ENJUNE Interior e militante do movimento Hip-Hop de Sorocaba


“Sou uma das organizadoras do Encontro e uma das idéias que tiramos era fazer o ato contra o extermínio da juventude negra. Alguns cartazes falavam do caráter racista da polícia. Partimos da Av. Marechal e quando chegamos numa rua que estava meio deserta, uma de nossas irmãs foi agredida porque estava segurando os cartazes. Quando a gente saiu chegaram muitos policiais. Apareceram umas quatro ou cinco viaturas. Os policiais disseram que a gente tava fazendo “apologia”. Em nenhum momento conseguiram explicar o suposto crime que estaríamos cometendo. Eu vi três manifestantes sendo agredidos. Isso é uma ação que mostra para que serve a polícia: proteger a burguesia e seus bens. A maioria das pessoas que morre assassinada pela polícia são negros e pobres. Temos certeza de que isso é racismo. Temos o direito constitucional de nos manifestar, e a postura da polícia é totalmente autoritária e repressiva. Acho que o dia de hoje não será facilmente esquecido pelo movimento negro”.
Cathaiara – militante do Quilombagem


“A gente tava na organização do EJUNE querendo debater as demandas da dos negros e negras da região. A juventude do ABC tirou como tema paa o ato de hoje “Juventude negra vai à luta” e tinha como atividade uma passeata denunciando o genocídio da juventude negra e do desemprego. São Bernardo do Campo tem 38 % de população negra, e uma imensa parte destes estão desempregados. A falta de emprego é um dos piores tipos de violência, porque nega que a gente tenha uma vida digna. O que aconteceu foi que quando pegamos uma rua um pouco menos movimentada, porque a igreja proibiu que o ato fosse encerrado na Parca da Matriz, chegou a polícia. Eles disseram que iam prender todo mundo por “apologia contra a polícia”. Agora pouco liberaram eu e a Luciana. Os dois principais policiais que mais reprimiram acusaram a Mara do Hip-Hop como a que teria feito a principal intervenção que os “ofendeu”.
Isso que aconteceu é mais que uma arbitrariedade. Dependendo de como for, se você reclama que não tem emprego, sendo negro ou branco até pode ser que passe batido. Agora se você for negro, a coisa piora muito, porque tudo que é denunciado como racismo nesta sociedade tende a ter uma repressão muito maior”.
Eduardo Rosa – representante da entidade Rosas Negras e um dos detidos. /SPAN>


“Hoje dia 05 estava sendo realizado encontro regional de juventude negra do ABC, e na programação do encontro estava previsto um ato contra o genocídio da juventude negra, contra a redução da maioridade penal e por emprego para juventude negra. No meio do ato os policiais pararam o carro de som dizendo que nós tínhamos que tirar os cartazes por que eram cartazes contra violência policial. Além disso, eles mandaram que a gente usasse só uma faixa da rua. Atendemos ao pedido, mas mesmo assim eles quiseram encerrar o ato. Então a gente decidiu voltar pela calçada. Daí os policiais disseram que am levar a gente para a delegacia. Perguntei porque a um policial, e ele não respondeu. Disse que se eu não fosse ia me arrastar pelos cabelos até a viatura. Viemos para delegacia. Este foi um primeiro ato da juventude negra do ABC contra o racismo, e demonstrou como quando o povo negro sai às ruas a polícia não hesita em reprimir. Mas o povo negro tem uma história imensa de lutas heróicas, e este tipo de violência contra nós só aumenta nossa disposição de luta. Não baixamos a cabeça”.
Mara do Hip-Hop – militante da Corrente Operária do PSOL e impulsionadora da Casa de Cultura e Política do ABC

MARA do Hip Hop

Corrente Operária do PSOL ABC
Manifesto Ilícito :: rap de operário pra operário
Casa de Cultura e Política do ABC

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msn: marazenzele@hotmail.com
orkut: Mara do Hip Hop

Tuesday, May 08, 2007

Encontro Nacional da Juventude negra


Salve parceiros e parceiras de palco! De asfalto!

Estamos no corre da construção do Encontro Nacional de Juventude Negra. Uma correria que vem sendo feita a mais de um ano e que estamos em previas de sua realização (27, 28 E 29 DE Julho / 2007) Será muito importante poder contar com jovens negros e negras nesse processo, pois independente da região onde estamos e de suas diferenças, o genocídio dessa parcela da juventude brasileira vem se dando de forma alarmante e nós, que estamos no topo da cadeia alimentar desse sistema racista, machista e capitalista, precisamos criar formas de responder nacionalmente, das bases para cima, a toda violência racial a qual estamos submetidos. Por isso venho mais uma vez nessa lista, chamar nossos irmãos e irmãs para correrem por esse objetivo. Nos anos 90, o Hip-Hop Brasileiro teve o grande papel de levar as favelas brasileiras, as comunidades periféricas, nossa auto estima fazendo com que negros e negras assumissem sua cor e seu papel na sociedade, levou a conhecimento de todos sobre nossas lideranças, nacionais e internacionais (Malcolm X, Stive Biko, Angela Davis, Dandara, Zumbi, Abdias do Nascimento, Clementina de Jesus, etc) Lançou nacionalmente nomes que direta ou indiretamente influenciou na vida de nossa juventude como Racionais MC`S, DMN, Sistema Negro, Comando DMC, Charylaine, Lady RAP, MV BILL, Nega Gizza, GOG, Cambio Negro, Pose Mente Zulu, ParteUm, Clan Nordestino, etc., principalmente os anônimos que sempre estiveram segurando os alicerces do movimento sendo linha de frente desse processo todo. As Posses e fóruns de Hip-Hop espalhados pelo Brasil que mantiveram e continua mantendo o movimento vivo resgatando esses valores e repassando a nova escola a importância de preservar nossa história, O Hip-Hop fez de seus elementos a válvula de escape para nossa juventude se expressar e resistir a tudo isso. Na minha visão está na hora do Hip-Hop Nacional mais uma vez cumprir seu papel que a conjuntura nos coloca:

PRECISAMOS REAJIR A VIOLENCIA RACIAL!

POR TODOS OS MEIOS NECESSÁRIOS!

Mostra a nossa sociedade que não é coincidência ser barrado em locais onde invisivelmente consta a placa PROIBIDO A ENTRADA DE NEGROS / NEGRAS, ver irmãs morrendo por abortos mau feitos ou ainda induzidas a praticar a esterilização em plena idade fértil, estarmos no topo das estatísticas relacionadas ao genocídio institucionalizado, desemprego, assistência a saúde, moradia, educação, cultura, falado em cultura, vocês mesmos virão que, quando o estado viabiliza algo a nossa categoria artística, os boys gelam, ficando estéricos na mídia e nos ataca pois não estão acostumados a ver o povo tomando de assalto o que é seu por direito. Precisamos nos organizar nos espaços onde nossa juventude se encontra e deixar de vez por todas a idéia de que um irmão preto morto, na proporção que isso vem ocorrendo, é uma coincidência do destino! É GENOCIDIO MESMO! A resistência de garantir nossa entrada nos espaços de formação garantidos pelo estado como universidades, cursos profissionalizantes, etc., Não é por incapacidade nossa não! É O MEDO DA ASCENSÃO DOS PRETOS E PRETAS NOS ESPAÇOS DE PODER!

Por essas e tantas outras questões que influenciam diretamente nosso dia a dia, peço a todos os guerreiros e guerreiras de plantão para assumirem essa demanda! Fazer mais uma vez dos palcos, nosso mecanismo de mobilização em massa de todos que não toleram mais essa situação vivida nas periferias brasileiras. De se organizar nos seus espaços convocando nossa juventude ao ENJUNE trazendo sua reflexão sobre os temas que o encontro se propõe a discutir, produzindo pré-encontros regionais e estaduais, formando fóruns de juventude negra para por em prática as resoluções vindas da própria juventude... É desse jeito!

Eixos de debate do encontro:

I - Cultura
II – Violência, vulnerabilidade e risco social
III – Educação
IV - Saúde
V - Terra e Moradia
VI – Comunicação e Tecnologia
VII - Religião do povo negro
VIII - Meio ambiente e desenvolvimento sustentável
IX - Trabalho
X – Intervenção social nos espaços políticos
XI - Reparações e ações afirmativas
XII - Gênero e feminismo
XIII – Identidade de gênero e orientação sexual
XIV – Integração social de portadores de necessidades especiais

Temas discutidos separadamente com uma perspectiva juvenil para nossa sociedade.

Posterior aos debates e aos direcionamentos feitos ao Poder Publico, 3º setor e para a própria juventude executar, estaremos formando os fórum permanentes de juventude negra para por em prática nossas resoluções e cobranças junto a esses setores governamentais e não governamentais.

Não existe um modelo de construção de uma articulação grandiosa como essa. Principalmente se é pautada e administrada pela própria juventude marginalizada, Por isso, dia após dia, vamos aprendendo com os erros e acertos do processo. E a cada dia também vamos vendo, percebendo e confirmando como é necessário esse tipo de mobilização para estancar essa sangria descarada promovida por várias frentes racistas, de todos os lados contra nossa juventude. Percebemos como é importante e urgente dar uma resposta a tudo isso! Independente da sigla que carregamos em nossa militância diária, precisamos responder de prontidão e de forma coletiva à toda violência racial a qual estamos submetidos. Como nossa gente diz nas letras, aqui não é cinema nem novela, não tem maquiagem! O bicho pega! De viela a viela, em cada canto da cidade!

Por isso trutas, venham conosco construir essa nova trincheira de resistência!

Maiores informações:

Lista de discussão

http://br.groups.yahoo.com/group/ENJUNE/

EM BREVE - WEBSITE

Honerê Al-amin Oadq
Posse Hausa Minha família Minha Base
MNU – Minha centralização Política
ENJUNE – Uma resposta coletiva a violência Racial!
011 9832-1582

oadq@hotmail.com

www.possehausa.blogspot.com

Encontro do Interior Paulista
Campinas, 28 de abril de 2007
8:00 hs - Sindicato dos Metalúrgicos
Rua Dr. Quirino, 560 – Centro Campinas

PRÉ ENJUNE ABC - 5 E 6 DE MAIO 2007

PROJETO MENINOS E MENINAS DE RUA – SÃO BERNARDO

Rua Jurubatuba, 1610 centro - São Bernardo -
Parada Lauro Gomes de Troleibus sentido Ferrazopolis.

PASSEATA EM REPUDIO AO GENOCIDIO DA JUVENTUDE NEGRA 05 DE MAIO

CONCENTRAÇÃO AS 15:30 NO PROJETO MM DE RUA

TAMBÉM PREVISTAS MANIFESTAÇÕES AFRO-CULTURAIS

PROCESSO ESTADUAL - SÃO PAULO
1,2 E 3 DE JUNHO DE 2007
GINÁSIO DO ANHEMBI SP - CAPITAL

ENCONTRO NACIONAL DE JUVENTUDE NEGRA ENJUNE
27, 28 E 29 DE JULHO
LAURO DE FREITAS BAHIA

INFORME-SE SOBRE SEU ESTADO
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Carta aberta à sociedade Pela liberdade de manifestação da juventude negra
Carta aberta à sociedade brasileira e internacional
Em repúdio à violência policial:
“Reaja ou será morto! Reaja ou será morta!”
Pela liberdade de manifestação da juventude negra

Nos dias 05 e 06 de maio aconteceu em São Bernardo do Campo o Encontro Regional de Juventude Negra do ABC, preparatório para o Encontro Estadual e o Encontro Nacional de Juventude Negra (ENJUNE). O evento foi aberto com o Ato Público em Repúdio ao Genocídio da Juventude Negra, como parte da campanha “Reaja ou será morto! Reaja ou será morta!”, que já é impulsionada há dois anos na Bahia. Nossas principais bandeiras no ato foram: contra a redução da maioridade penal, contra a violência policial que tem a juventude negra como principal alvo e por emprego para a população negra.
Para a realização do ato, informamos a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mas tivemos que alterar nosso trajeto já que a Igreja da Matriz não aceitou nossa solicitação, feita com antecedência, para que o encerramento do ato acontecesse na Praça da Matriz – local utilizado historicamente para as manifestações públicas da região do ABC.
Quando chegamos a uma rua menos movimentada, o carro de som (que foi cedido pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC) foi parado pela polícia militar, que arrancou alguns dos nossos cartazes e exigiu que o ato fosse encerrado naquele momento. Quando os manifestantes já estavam na calçada, a polícia levou quatro manifestantes ao 1º Distrito Policial de São Bernardo sem dizer por qual motivo. Quando Mara do Hip Hop, uma das manifestantes, perguntou ao policial por qual motivo tinha que ir para a delegacia, o policial disse que se ela não fosse, ele a arrastaria pelos cabelos. Na delegacia foi registrado Boletim de Ocorrência contra Gilson Negão e Mara do Hip Hop, por “desacato”.
Durante as várias horas que ficamos em frente à delegacia aguardando a liberação dos quatro manifestantes (Eduardo, militante do coletivo Rosas Negra de Mauá; Gilson Negão, assessor do deputado federal Vicentinho; Luciana do coletivo de resgate afro-indígena Quilomboca de Ribeirão Pires; e Mara do Hip Hop, da Corrente Operária do PSOL e da Casa de Cultura e Política do ABC), recebemos a solidariedade ativa de parlamentares, organizações, militantes e estudantes. Estiveram no local: o deputado federal Vicentinho, Paulo Dias do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, MNU - Movimento Negro Unificado, Melão da Comissão de Fábrica da Volkswagen, Anderson Mangolin do PSOL, Espaço Socialista, Liga Estratégia Revolucionária, Projeto Meninos e Meninas de Rua, Coletivo Rosas Negra, Posse Kilombagem, Coletivo Quilomboca, Posse Hausa, Corrente Operária do PSOL, Casa de Cultura e Política do ABC, Movimento Tendência Sindical Classista e Socialista, CEUPES-USP (centro acadêmico de ciências sociais), estudantes que estão ocupando a reitoria da USP (contra os ataques do governo Serra à educação), DCE-USP, CMP-SP, Núcleo Cultural Força Ativa , Centro Acadêmico de Ciências Sociais da PUC, Juventude e Revolução e um militante do PSTU. Recebemos ainda a solidariedade dos deputados estaduais José Cândido (PT), Raul Marcelo (PSOL) e da vereadora Elzinha (PT) de Ribeirão Pires.
No estado de São Paulo está explícita a linha dura do governo de José Serra com uma repressão policial brutal. Somente nesse fim de semana, além do que aconteceu no ABC, vimos a repressão policial na Favela da Bela Vista, na zona norte de São Paulo, e na Praça da Sé, durante o show do Racionais (momento da Virada Cultural em que havia maior concentração de jovens negros) com bombas e cassetetes. Seguimos denunciando a violência policial que tem a juventude negra como o principal alvo.


Nenhuma punição aos manifestantes do ato do dia 05!
Basta de violência policial contra a juventude negra!
Contra a criminalização do movimento negro!
REAJA OU SERÁ MORTO! REAJA OU SERÁ MORTA!


Assinam:
Fórum de Juventude Negra do ABC, Comissão de Combate ao Racismo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Coletivo Rosas Negra, Posse Hausa, Coletivo de Resgate Afro-Indígena Quilomboca, Posse Kilombagem, Corrente Operária do PSOL, Casa de Cultura e Política do ABC, Organização Manos de Paz, Liga Estratégia Revolucionária, Movimento negro Unificado - MNU.

Monday, May 07, 2007


Sent: Sunday, May 06, 2007 12:29 PM
Subject: jornalista indignada com a confusão no show do racionais

Imagine-se convidado para uma grande festa, uma festa onde você é tratado como um convidado de honra e recebe todo tipo de atenção de seu anfitrião. Junto a você amigos de ontem e de hoje dispostos a curtir a festa que foi preparada para todos. Reunidos em volta do banquete todos comem e bebem descontraídos, desarmados e sem se preocupar com o que pode acontecer afinal todos ali possuem seus convites, quando inesperadamente surge o segurança da festa, sem saber muito de onde partiu uma ordem, mas agindo impensadamente arrastando você e todos os demais convidados pelo cabelo e colocando-os para fora da festa sem deixar você ao menos abrir a bolsa para mostrar o convite. Imaginou? O que passou pela sua cabeça? Dor, indignação, revolta, ódio e repulsa contra toda arbitrariedade existente naquelas ações? Pois se esse exemplo simplório gerou em sua mente esses sentimentos, você conseguiu sentir um terço do que eu sinto após ter participado de um show durante a 3ª virada cultural em São Paulo.

São Paulo, 05 de maio de 2007. A cidade estava em festa, o centro lotado por todas as tribos, povos e raças que conviviam em harmonia ouvindo e vendo as mais diversas manifestações.

Passando por diversos palcos se podia ver de tudo, todo tipo de festa as legais e as ilegais, moços e velhos todos em festa comemorando a noite da cultura.

Pouco mais de uma hora da manhã me dirigi ao palco Praça da Sé onde iria acontecer o show pelo qual eu ansiava, fã da banda há mais de dez anos, mal podia esperar para acompanhar um show tão grande como aquele e o que era melhor acessível a todos.

Entre a multidão, homens, mulheres, crianças, de etnias variadas, posição financeira diversificada. Ali ninguém pediu extrato bancário ou verificaria a cor da pele, fazia parte da alma do show.

Quando após longa espera o grupo entra no palco, a adrenalina se manifesta em meu corpo, cantar cada uma das letras que tanto se repetiu em meu rádio em diferentes ambientes e em diversas fases da vida, não era suficiente para expressar minha emoção.

Infelizmente após três canções a polícia militar do estado de São Paulo resolveu que o meu sonho e o da maioria que estava ali presente deveria ser encerrado antes da hora.

Bombas de efeito moral começaram a ecoar, todos se perguntavam o que poderia estar acontecendo para justificar a ação policial. Ao olhar para o lado a expressão de dúvida pairava entre todos, nada havia acontecido.

Em algumas horas a cena que presenciei ali, me lembrou e muito partes de filmes sobre a ditadura militar no país. Fato cruel e que nunca mais deveria ser repetido, mas que se fez presente naquele que era para ser um marco de cultura e diversão.

A polícia acuou toda a população em um canto, balas de borracha zuniam em nossos ouvidos, enquanto bombas de efeito moral explodiam ensurdecendo a população ainda estagnada.

NO palco, o vocalista da banda, pedia para a população se acalmar e não revidar o confronto da polícia continuar curtindo o show sem deixar que meros preconceitos estragassem a festa.

Mas quem poderia continuar cantando enquanto apanhava com cassetete? A multidão ainda tentou, mas foi impossível continuar, o corre corre, as bombas, as balas, o choro, o desespero, todos se solidarizavam rapidamente e erguiam aqueles que caíam no chão no meio da corrida. Mas não havia mais para onde correr.

O centro de São Paulo e todas as suas ruas históricas voltaram ao passado ao se tornar um campo de guerra, poucos tentavam ainda protestar contra o ocorrido, mas afinal o que são algumas palavras contra bombas e tiros? Não havia mais o que falar o mais seguro era correr até quando as pernas agüentassem

NO trajeto, paro com outras pessoas para descansar, um policial da guarda metropolitana pede para não descansarmos, pois os militares estão vindo logo atrás dando borrachada em qualquer coisa que esteja se movimentando por ali.

Tentamos ainda achar um lugar seguro para ir, porém nada mais era seguro, aquela não era mais a festa para a qual eu e também aqueles cantores tínhamos sido convidados.

A fuga persistia talvez entrar no metrô fosse à solução. Doce ilusão a minha, nesse momento o gás lacrimogêneo já ardia meus olhos e fazia com que eu não conseguisse falar e respirar direito. Dentro da estação mais movimentada da cidade o caos imperava, milhares de pessoas que não esperavam ir embora naquele momento tentavam desesperadamente conseguir retornar seguros para casa. Outros poucos vândalos, aproveitavam-se do tumulto para saquear lojas existentes ali, mesmo assim a polícia não deu trégua.

Utilizei a passagem subterrânea apenas para ir pro outro lado do confronto, já que seria impossível naquele momento subir em um vagão. Na saída encontro com o senador Eduardo Suplicy, um senhor de mais de 60 anos que como muitos outros senhores de idade estava ali apreciando o show da virada. Em meio à correria consegui trocar algumas palavras com ele e mostrar a minha indignação. Afinal talvez a voz dele seja mais sonora do que a minha.

Ao chegar em casa após pegar mais de três conduções todas com o objetivo único de sair da mira da polícia a revolta e a indignação me fizeram pensar em escrever este texto e tentar retransmiti-lo para que o que quer que seja dito pela mídia do país, ao menos eu possa dizer que falei a verdade.

Esse show do grupo Racionais Mc’s foi um dos mais tranqüilos que eu já fui em toda a minha vida. Não houve nenhum incidente no local, que não tivesse acontecendo em todos os outros palcos da virada cultural que justificasse uma ação agressiva por parte da polícia.

Em nenhum momento Mano Brown o rapper vocalista ou qualquer um dos integrantes do grupo que subiu ao palco incitou a população a se voltar contra a polícia e em nenhum momento essa revolta aconteceu.

Ao contrário, durante todo o tempo em que conseguiu se manter em cima do palco o vocalista da banda pediu para as pessoas se acalmarem, não revidarem as atitudes dos policiais e continuarem curtindo o show sem problemas.

Toda e qualquer atitude hostil ocorrida durante essa madrugada na praça da sé em São Paulo aconteceu por parte dos membros da polícia militar do estado que envergonharam as suas fardas, manchando-as com a lama do preconceito e da discriminação.

Pergunto-me porque só nesse show houve esse tipo de atitude? Afinal haviam dezenas espalhados nos palcos da cidade. Será que a população negra e periférica que se concentrava ali não tinha direito de participar daquela manifestação cultural? Eu não sei dizer, mas acredito que sim afinal todos os cerca de 11 milhões de paulistanos foram convidados a comparecer.

Qual a diferença daquele show especificamente? O que motivou a fúria dos policiais, já que não foi a ação do público e nem do grupo.

O que justificaria aquele retrocesso na polícia brasileira? Tanta arbitrariedade para quê? Onde está a liberdade de expressão, o direito de ir e vir e o fim da repressão?

Outra dúvida o que será noticiado por nós profissionais da imprensa e pela grande mídia hoje? Passado algumas horas do show quem será que irá relatar o que realmente aconteceu ali. Será que alguém dará voz a população ali presente ou serão apenas mais manchetes preconceituosas sobre tumulto generalizado em um show de rap.

Seja o que for eu como cidadã brasileira e como jornalista resolvi não me calar. Estou passando uma cópia desta carta para todos os meus amigos e outra bem parecida para a imprensa e peço gentilmente que se você por algum motivo discorda das atitudes da corporação militar durante esse evento me ajude a repassar em todas as comunidades pela internet e em todos os meios possíveis de comunicação. Utilizemos essa globalização propiciada pela rede.

Peço aos colegas jornalistas que nessa hora honrem o compromisso com a verdade e apurem as informações ao invés de simplesmente passar aquilo que lhes parece verdade.

Gostaria muito que esse manifesto não se fizesse calar, mas fosse uma voz contra toda a arbitrariedade e o cale-se imposto à população nessa madrugada de domingo.


Daniela Gomes

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06/05/2007 - 14h52 - Atualizado em 06/05/2007 - 17h27

Secretaria de Segurança diz que grupo em platéia iniciou confusão na Praça da Sé

Um carro foi incendiado e lojas foram arrombadas na Região Central de SP.
Secretaria de Segurança diz que foram 11 detidos por polícia após apresentação.
Ardilhes Moreira Do G1, em São Paulo

Foto: Keiny Andrade
Briga começa logo início do show dos Racionais MCs na Praça da Sé (Foto: Keiny Andrade/Ag. Estado)

A Secretaria de Segurança Pública divulgou uma nota na tarde deste domingo (6) na qual informa que um grupo de pessoas que assistia ao show dos Racionais MC´s começou o tumulto na Praça da Sé, no Centro de São Paulo. Onze pessoas foram detidas e encaminhadas ao 1º Distrito Policial (DP) para averiguações.

O G1 entrou em contato com o DJ KL Jay, integrante dos Racionais. O músico disse que "sobre a noite de ontem, não tinha nada para comentar".

Foto: Keiny Andrade
Polícia passa por pessoa ferida caída na rua (Foto: Keiny Andrade/Ag. Estado)

De acordo com a Secretaria de Segurança, parte da platéia atacou os policiais militares com pedras e garrafas e depredou uma banca de jornal. As mesmas pessoas teriam se separado e saqueado lojas nas ruas próximas ao local do show, entre elas as Lojas Americanas e o Rei do Mate. Oito veículos da PM e um da Guarda Civil Metropolitana foram depredados. Além disso, um carro particular foi incendiado e outro, danificado. No meio da confusão, um policial teve roubado um "carregador de munição".

Orelhões e banheiros químicos da praça também foram destruídos. O grupo entrou na Estação Sé do Metrô, destruiu seis bloqueios e depredou 12 lojas. Os onze detidos foram acusados de praticar furtos e depredações, além de desacato e dano ao patrimônio público e privado.


Foto: Keiny Andrade
Show dos Racionais durante Virada Cultural em SP. Mano Brown comanda som. (Foto: Keiny Andrade)

No incidente ocorrido por volta das 5h, pelo menos seis pessoas ficaram feridas. Um homem de 21 anos e uma mulher de 22 anos tiveram ferimentos na cabeça e foram levados para o pronto-socorro Vergueiro. Segundo a secretaria, quatro policiais militares também ficaram feridos.

A Virada Cultural contou com um efetivo de 3.223 homens da Polícia Militar, 1.089 veículos e 97 bases comunitárias móveis.

Veja imagens da destruição causada por tumulto durante show de Racionais MC's

Choque de quem chega

Na manhã deste domingo, paulistanos que se deslocavam para atividades da Virada Cultural se depararam com a depredação de lojas, de lixeiras, de banheiros químicos e até mesmo de dois carros nas ruas da região central de São Paulo.

Foto: Ardilhes Moreira
Banheiros químcos destruídos na Praça da Sé nesta manhã de domingo (Foto: Ardilhes Moreira)

Na Praça da Sé, onde o tumulto começou por volta das 5h, funcionários desmontavam o palco instalado na frente da catedral. Ao lado da entrada do Metrô, uma fila de banheiros químicos destruídos ainda aguardava remoção em meio às garrafas quebradas e o olhar espantado de turistas que fotografavam o resultado do vandalismo.

Mas o tumulto deixou maior prejuízo na esquina das Ruas Senador Feijó e

Foto: Ardilhes Moreira
Carros queimados e com os vidros quebrados (Foto: Ardilhes Moreira/G1)

Quintino Bocaiúva. Dois Celtas foram depredados. Um dos carros foi incendiado após a passagem dos vândalos. Uma franquia da loja Rei do Mate teve a porta arrombada. Objetos de valor, cigarros e bebidas foram roubados.

A proprietária do estabelecimento, que preferiu não se identificar, disse que só foi avisada da invasão às 9 horas. Segundo a proprietária, a demora foi culpa do sumiço do vigilante que presta serviço para

Foto: Keiny Andrade
Confusao no palco (Foto: Keiny Andrade/Ag. Estado)

comerciantes do local, que tinha o número de telefone da empresária mas não foi encontrado pela polícia no local após o tumulto.

Ela estima que o prejuízo no local tenha superado os R$ 20 mil. Além de roubar o dinheiro que estava no caixa, o grupo ainda arremessou o computador contra a parede. “Estou esperando o Kassab passar aqui amanhã para me dizer o que a Prefeitura vai fazer”, disse.

Enquanto a comerciante aguardava a perícia, do outro lado da esquina a professora de inglês Camila Ferraro tomava conta do Celta da amiga, que teve o vidro quebrado e lataria amassada durante o tumulto. “Estávamos na Vieira de Carvalho. Eram 6 horas quando voltamos e no caminho já sentimos o cheiro forte de gás”, contou a professora.

Foto: Keiny Andrade
Polícia atira bombas de gás lacrimogêneo durante tumulto no Centro. (Foto: Keiny Andrade)

Ao lado do carro das amigas que participavam da Virada Cultural, o que sobrou de um outro Celta permanece na esquina, vigiado por policiais. O carro foi totalmente queimado na madrugada.

Sono interrompido

Moradores da Rua Tabatinguera, a cerca de 200 metros da Praça da Sé, foram acordados por volta das 5h, quando jovens que acompanhavam o show dos Racionais fugiram do confronto com a polícia. Pelo menos dois condomínios tiveram vidraças quebradas com pedras. Pedaços de retrovisores na sarjeta agora servem como testemunho do susto vivido pelos moradores.

“Quando acordei, parecia uma guerra. Olhei pela janela e vi pouca polícia e a rua tomada por jovens, ate o transito foi interrompido. Quebraram lixeiras, vidraças e sobrou até para os carros estacionados”, disse o morador Airton Oliveira dos Santos, de 55 anos. Nesta manhã, ele percorreu a rua com a câmera em punho para fotografar os estragos, incluindo a vidraça quebrada do edifício onde mora.

No Largo de São Francisco, o tumulto foi concentrado em uma banca de revistas. Mesmo posicionada a cerca de 100 metros do prédio da Secretaria da Segurança Publica, a banca foi invadida. “O que eles não puderam roubar, destruíram”, contou o proprietário do local, Danilo Menezes, de 24 anos.

Baseado nos primeiros cálculos, ele estima um prejuízo superior a R$ 15 mil. “Simplesmente destruíram, está em um estado lastimável, nem sei por onde começar”, disse o comerciante.

Como foi a briga

A apresentação começou às 4h30, com uma hora e meia de atraso, e durou menos de meia hora. Um tumulto na platéia, logo no início do show, foi reprimido com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Na segunda música, parte da platéia começou a insultar policiais que reagiram com bombas de efeito moral. Durante o confronto, houve pânico entre as pessoas presentes no local, que se dirigiram à estação Sé do Metrô tentando fugir do confronto entre polícia e fãs do grupo.

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL32147-5605,00.html

Friday, May 04, 2007

A última viagem de Cruz e Sousa


A última viagem de Cruz e Sousa

Escritor traz à tona uma suspeita histórica, que todos têm e que ninguém comenta: o sumiço do cadáver do maior poeta catarinense

Raul Arruda Filho, poeta de Lages

Especial para o Anexo

Lages ­ O escritor lageano Márcio Camargo Costa escreveu um poema que ainda vai dar muito o que falar. Composto inicialmente como letra de música para o grupo de Kako Xavier, de Porto Alegre, que trabalha com músicas de raiz africana, o texto coloca em xeque um dos mais significativos episódios da literatura catarinense, apesar de pouco lembrado pelas instituições "culturais": o destino do cadáver do poeta Cruz e Sousa.
Oficialmente não há nenhum mistério. Para Raimundo Magalhães Júnior, que escreveu uma das mais famosas biografias do poeta, Cruz e Sousa estava com tuberculose pulmonar e, por recomendação médica, foi passar algum tempo em um lugar chamado Sítio, no interior de Minas Gerais. Negro, sem dinheiro e tísico, acabou sendo despejado do hotel onde estava hospedado por não poder pagar a diária. Morreu nos braços de sua esposa, Gavita, em 19 de março de 1898. O corpo, dentro de um caixão simplório, foi transladado para o Rio de Janeiro dentro de um vagão ferroviário destinado ao transporte de animais (um horse-box).
Na então capital federal foi improvisada uma câmara-ardente na secretaria de administração da estrada de ferro, onde Cruz e Sousa era funcionário menor. O velório contou com a presença de alguns dos mais importantes intelectuais da época. Maurício Jubim fez um retrato do poeta, a crayon, em seu caixão mortuário. O enterro, realizado no início da tarde do dia 21, foi quase tão simples quanto a vida do poeta. A exceção foi o discurso emocionado de Nestor Vítor, um de seus melhores amigos. Os principais jornais da época destacaram a morte e a importância da obra de Cruz e Sousa.
A novidade proposta pelo poema de Camargo Costa se refere ao período em que o cadáver ficou dentro do horse-box e aos fatos que se seguiram. Utilizando diversas referências literárias ("Broquéis", "Últimos Sonetos", "Faróis", "Livro Derradeiro", "Simbolismo"), o escritor lageano destaca a hipótese de o corpo de Cruz e Sousa ter desaparecido enquanto era transportado para o Rio de Janeiro. Camargo Costa se fundamenta em várias observações lógicas, sendo que a principal é a decomposição do cadáver, o que impediria que o caixão fosse aberto quando chegou ao Rio de Janeiro. "Depois de dois dias, sem ter sido embalsamado, ou seja, em condições precárias de conservação, a putrefação foi inevitável", garante. Durante a viagem é possível que alguém, se sentindo desconfortável com o mau cheiro, tenha jogado o cadáver em campo aberto. Em seguida, para tentar esconder o que havia feito, encheu o caixão com pedras.
Outro detalhe que chama atenção do escritor é a ausência de fotografias do corpo. Na época, a fotografia era a grande novidade. Existem excelentes documentos iconográficos da Guerra do Paraguai, do imperador dom Pedro 2º e de diversos acontecimentos no Rio de Janeiro, além de diversos retratos do próprio Cruz e Sousa. "É muito estranho que não tenham aproveitado a oportunidade para retratar o poeta em seu último momento", declara.
Camargo Costa também não entende porque, até o momento, não houve um movimento para trazer o corpo de Cruz e Sousa para Santa Catarina. Na sua ótica esse é mais um indício de que o cadáver desapareceu. "Essa tese não é minha. Há suspeitas desde a época, inclusive da própria família. A literatura oral é rica em variações do episódio. O problema é que as instituições culturais e os donos do assunto costumam adotar como discurso oficial a versão menos amarga", afirma. E complementa: "A dúvida é mais instigante que a certeza. Só saberemos a verdade quando o corpo for exumado, se é que existe corpo, e realizarem um teste de DNA".
O poema
Cruz e Lousa
Márcio Camargo Costa

Somente cruz e lousa
Broquéis de tumba vaga, simbolismo
Ali, sepultaram pedras
Ao invés do gênio Cruz e Sousa
Últimos Sonetos, foi s'imbora
Indigente, tísico, morre na praça
Ai, Mama África chora
Cruz e Sousa, poeta-mor da raça
O livro derradeiro foi a infâmia
Os restos, no vagão de gado
Faróis na noite escura
"Joguem este negro fora
Encham o caixão de pedras
Que, do segredo, cuidará a sepultura"
Ai, Mama África chora
Somente cruz e lousa
Ali, enterraram pedras
No lugar do gênio Cruz e Sousa
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Cruz e Souza

Cruz e Sousa (1861 - 1898) João da Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis. Filho de escravos alforriados pelo Marechal Guilherme Xavier de Sousa, seria acolhido pelo Marechal e sua esposa como o filho que não tinham. Foi educado na melhor escola secundária da região, mas com a morte dos protetores foi obrigado a largar os estudos e trabalhar. Sofre uma série de perseguições raciais, culminando com a proibição de assumir o cargo de promotor público em Laguna, por ser negro. Em 1890 vai para o Rio de Janeiro, onde entra em contato com a poesia simbolista francesa e seus admiradores cariocas. Colabora em alguns jornais e, mesmo já bastante conhecido após a publicação de Missal e Broquéis (1893), só consegue arrumar um emprego miserável na Estrada de Ferro Central. Casa-se com Gavita, também negra, com quem tem quatro filhos, dois dos quais vêm a falecer. Sua mulher enlouquece e passa vários períodos em hospitais psiquiátricos. O poeta contrai tuberculose e vai para a cidade mineira de Sítio se tratar. Morre aos 36 anos de idade, vítima da tuberculose, da pobreza e, principalmente, do racismo e da incompreensão.


http://www.cruzesousa.com.br/

Sunday, April 29, 2007

Personalidades Negras: A Artista de temperamento forte


Artista de temperamento forte

A trajetória de Yêdamaria inspira livro com lançamento hoje, no Instituto Feminino da Bahia


Ana Cristina Pereira

Atuante nas artes plásticas baianas há cinco décadas, a artista plástica e professora Yêdamaria tem uma presença discreta, mas marcada pela constância e coerência. Sua trajetória, desconhecida de muitos baianos, ganhou um belo registro no livro Yêdamaria, publicação luxuosa do Museu Afro Brasil e da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. O trabalho será lançado hoje, às 19h, no Instituto Feminino da Bahia (Politeama), com a presença da criadora e exposição de alguns de seus trabalhos. Na ocasião, também será lançado o livro Meninos Deus - Os meninos do Recolhimento dos Humildes e outros Meninos Deus, iniciativa das mesmas instituições.

O projeto do livro, uma espécie de biografia artística, era acalentado por Yêdamaria há cerca de 12 anos. Queria registrar um pouco de sua história, reunir seus principais trabalhos. “Já estava perdendo as esperanças. A Bahia me deu régua e compasso, mas as coisas aqui são difíceis”, afirma Yêda Maria Corrêa de Oliveira, 75 anos. O tom não é de lamúria. Ao contrário, diz a artista, sente-se privilegiada. “Fiz muita coisa, viajei bastante, fui à África representar meu país. Morrerei sem mágoas da vida”.

Terceira geração de uma família de educadores, ela lembra que seu avô, negro, lecionou ainda no tempo da escravidão. Yêdamaria integrava uma elite negra, tendo recebido uma educação esmerada de sua mãe, a professora Theonila. Mais, incentivo materno e familiar para furar o bloqueio masculino e branco e seguir carreira nas artes plásticas, formando-se na Escola de Belas Artes da Ufba nos anos 50, onde viria a ensinar anos depois.

Na apresentação do livro, Emanoel Araújo, diretor do Museu África Brasil, afirma que Yêda sempre o impressionou “pelo temperamento forte e por seu absoluto silêncio em relação à sua carreira profissional”. As primeiras telas de Yêdamaria datam de meados da década de 50, dando início à fase em que ela pintava barcos e que durou cerca de 12 anos. À esta seguiram-se sereias e de Iemanjás, e a absorção de técnicas como litografia, colagens e gravuras. Neste período, final dos anos 70, Yêda fez mestrado em Arte Estúdio na Illinois State University, apontado pelos críticos como fundamental em sua carreira.

Ainda nos Estados Unidos ela inicia sua longa, colorida e delicada fase de natureza morta, com destaque para a gastronomia e para as mesas postas, que perdura até hoje. Num belo texto incluído na publicação, o escritor Ildásio Tavares destaca que Yêdamaria “devolve-nos o prazer prazeiroso de olhar um quadro e se apaixonar por ele, pois sua arte explora o que o artista sempre teve de melhor, o poder da sedução, da sedução direta”, anota. O livro traz, ainda, uma seleta de artigos biográficos e analíticos, assinados por nomes como Wilson Rocha, Carlos Eduardo da Rocha, Rai Santana Trindade, Mário Cravo Júnior e Consuelo Pondé de Sena.

A seleção de imagens, com vários exemplos de pinturas (guaches, óleo sobre tela) e trabalhos com colagens, litografia, gravura e desenho, é primorosa. “Acho que meu trabalho fala da Bahia, do povo daqui, da minha raça, as flores, as frutas, o colorido, ainda acho que não há festa mais bonita do que a de Iemanjá. Até mesmo as mesas, já vi algumas maravilhosas nas casas baianas”, observa a artista.

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FICHA

Livro: Yêdamaria
Edição: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Museu Afro Brasil
Direção de arte: Paulo Otávio Gonçalves
Coordenação editorial: Cecília Scharlach
Preço: R$100 (240 páginas)

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Devoção ao Menino Jesus

O livro - Meninos Deus – Os meninos do recolhimento dos Humildes e outros Meninos Deus é um projeto conjunto de Emanuel Araújo e da museóloga e pesquisadora Lúcia Bittencourt Marques (1919-2000). O objetivo, explica Emanuel, foi resgatar uma tradição da criação artística tipicamente baiana. Em dois textos ilustrativos, ele e Lúcia explicam que o culto ao Deus Menino veio para o Brasil juntamente com as variadas ordens religiosas que aqui desembarcaram como as Beneditinas, Franciscana e Carmelita.

Cultivada em muitas instituições, a tradição ganhou destaque, por exemplo, junto às freiras do Convento do Recolhimento de Nossa Senhora dos Humildes, em Santo Amaro da Purificação, alimentada pela riqueza açucareira. Parte da rica seleção de imagens do livro vem justamente desse convento, e impressiona pelo delírio barroco de brocados, pedrarias, rendas, sedas e fios de ouro. Outras imagens são do Museu do Carmo, Convento do Desterro, Lar Fransciscano Santax Isabel e Instituto Feminino. As religiosas cuidavam, pessoalmente, de enfeitar as esculturas, inventando detalhes como sandálias de ouro e doando-lhes suas jóias.

No ensaio Natividade de Jesus Cristo e o Deus Menino da Bahia, Lúcia Bittencourt trata da adoração popular do Deus Menino. Diretamente ligados à comemoração natalina, o santo nenê tinha, e ainda tem, espaço de honra nos presépios caseiros, mesmo nas versões mais simplezinhas, nu e deitado na manjedoura. A estudiosa, que durante anos respondeu pela Comissão de Arte Sacra de Salvador, resume sua opinião sobre a tradição religiosa: “Uma das mais alegres do Brasil”.

O livro também traz algumas imagens de Recife e exemplares do Menino Deus em terracota criados pelos santeiros contemporâneos Dinorá Oliveira e Osmundo Teixeira, que mantêm viva a tradição na Bahia. Hoje, no lançamento, parte da coleção de Meninos Deus do Instituto Feminino poderá ser conferida pelo público.

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FICHA

Livro: Meninos Deus - Os meninos do recolhimento dos Humildes e outros Meninos Deus
Autora: Lúcia Marques
Organização: Emanuel Araújo
Fotografia: Sérgio Benuti e Claudionor Gonçalves
Edição: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Museu Afro Brasil
Preço: R$90 (160 páginas)

Fonte: Aqui Salvador, Correio da Bahia, 30.04.2007
http://www.correiodabahia.com.br/folhadabahia
/noticia_impressao.asp?codigo=127249