Friday, September 29, 2006

Pantera enjaulado



Revista > Edição 38 > especial


Nas décadas de 60 e 70, o americano Múmia Abu-Jamal lutou contra a discriminação racial ao lado dos Panteras Negras. Hoje, sua luta é outra: condenado por assassinato, ele tenta sair do corredor da morte



ADRIANA MAXIMILIANO



Na cela de segurança máxima do americano Múmia Abu-Jamal, de 52 anos, a luz nunca se apaga. Câmeras monitoram todos os seus passos. Preso na State Correctional Institution Greene, no estado da Pensilvânia, ele aguarda a execução desde 1982. Foi condenado à morte pelo assassinato do policial Daniel Faulkner na Filadélfia, em 9 de dezembro do ano anterior. Mesmo isolado, Múmia (ou Wesley Cook, seu nome antes de se converter ao islamismo) continua com a atitude militante que tinha no final dos anos 60, quando aderiu ao Partido dos Panteras Negras - movimento radical pelos direitos dos negros que, algumas vezes, entrou em conflitos sangrentos com policiais americanos.

Naquela época, começou a trabalhar como jornalista - por criticar a situação dos pobres e das minorias nos Estados Unidos, ficou conhecido como "a voz dos que não têm voz", ou "The Voice of the Voiceless", título de uma música que o Rage Against The Machine gravou para Múmia no álbum The Battle of Los Angeles, de 1999. Escute aqui um trecho:

Enquanto busca um novo julgamento, Múmia grava programas semanais de rádio e continua escrevendo. A autorização para que ele receba a injeção letal já foi dada duas vezes, mas a pressão internacional e o trabalho de seu advogado conseguiram adiar a execução indefinidamente - sua defesa alega inocência e diz que ele foi condenado por suas idéias políticas.

Em 2003, a luta de Múmia rendeu-lhe o título de cidadão honorário de Paris (antes dele, o último a receber a rara homenagem tinha sido o pintor espanhol Pablo Picasso, em 1971). A seguir, ele fala sobre os Panteras Negras, a condenação e a vida no corredor da morte. As respostas foram enviadas para História em duas cartas datilografadas, escritas dentro da cadeia.

História - Como você entrou no Partido dos Panteras Negras?
Múmia Abu-Jamal
- Eu estava com uns 14 anos e nunca tinha visto nada igual. Os caras mostravam uma atitude desafiadora com o mundo e protetora na comunidade negra. Eles tinham um apelo enorme com os jovens. Quando me dei conta, eu estava me vestindo como eles, falando como eles, trabalhando com eles. Aos 15 anos, enfrentava o governo e todo o sistema opressor com minhas palavras. Lia muitos livros e escrevia para toda a comunidade sobre a violência da polícia local, o capitalismo americano, o racismo etc. Logo virei o responsável pela comunicação do Partido dos Panteras Negras na Filadélfia. Produzia, escrevia, editava e cuidava da distribuição do jornal do partido ao lado de outros jovens. A gente vendia cerca de 150 mil cópias por semana nos guetos. Fizemos uma revolução. Viramos um grande incômodo para a polícia.

Os Panteras Negras foram chamados de revolucionários. Vocês tinham a sensação de estar participando mesmo de uma revolução mundial?
A gente se identificava com toda luta antiimperialista e tentava trocar apoio e impressões, dentro das limitações tecnológicas da época. O partido tinha uma ligação forte com Cuba. Alguns membros viajaram para o exterior e também recebemos visitantes. Todos os líderes comunistas do mundo eram grandes influências. Alguns livros, como o Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung, viraram referência. Não tenho dúvida de que o partido me deu uma educação internacional - Huey (Huey P. Newton, que fundou o partido ao lado de Bobby Seale na Califórnia em 1966) diria "intercomunitária". Não trocaria aquela experiência por nada.

Na sua opinião, quais foram os erros do partido?
Nossos erros foram muitas vezes provocados pelos egos, pelas paixões, pela falta de compaixão entre os membros do partido. Eu realmente acho que a separação de Huey e Eldridge poderia ter sido evitada se, em vez de falarem um do outro, eles falassem um com o outro (Eldridge Cleaver, fundador da sede internacional dos Panteras Negras, se desentendeu com Huey Newton em 1971. Cleaver queria continuar pregando a luta armada, enquanto os fundadores do grupo defendiam uma postura mais pacífica). Essa separação foi seguida de outras separações que acabaram com a organização - além das forças externas que nós, de várias maneiras, permitimos que entrassem no partido. Também errei ao deixar o partido prematuramente, depois de ficar enojado com as lutas internas. Se eu e alguns outros continuássemos unidos por mais alguns anos, a história do partido seria diferente. Os negros americanos teriam uma grande revolução alternativa para representar seus interesses. Mas é difícil saber o quanto resistiríamos. No caso Malcolm X, por exemplo, o Estado teve um papel importante na briga entre ele e a Nação do Islã e no próprio assassinato dele. Li arquivos do FBI que foram abertos ao público em que se pode concluir que o Estado jogou para isolá-lo e dar um fim à vida dele.

O que aconteceu em 9 de dezembro de 1981, data do assassinato do policial pelo qual você foi condenado?
Estava trabalhando de madrugada, no meu táxi, quando vi um policial agredindo meu irmão e decidi me aproximar (Danny Faulkner parou William Cook, que estava dirigindo um fusca na contramão com os faróis apagados às 3h50 da manhã, numa área de bares e boates). Não tinha outra opção. Não poderia seguir em frente depois de ver alguém batendo no meu irmão. E então aconteceu uma série de injustiças que culminaram com a minha condenação (segundo testemunhas, William foi agredido brutalmente e Múmia trocou tiros com Faulkner. Um outro homem estaria envolvido na briga, mas teria fugido do local antes da chegada dos policiais que prenderam Múmia e nunca foi achado. Múmia levou dois tiros e teve hemorragias no pulmão e no fígado).

Como foi o julgamento?
Não pude fazer minha própria defesa, fui expulso do tribunal e tive que aceitar um defensor público que sequer me perguntou o que aconteceu naquela madrugada - e também não falou com as testemunhas. O júri era racista e me condenou. Depois meus direitos constitucionais foram violados porque eu nunca pude recorrer.

Qual a situação atual do seu caso?
Conseguimos adiar minha morte duas vezes, mas não conseguimos um novo julgamento ainda. No começo deste ano, o meu advogado obteve uma vitória que pode levar a um novo julgamento e a minha liberdade. O caso agora parece estar andando mais rapidamente.

Como é a vida de um condenado à morte?
Há câmeras ligadas 24 horas por dia sobre a minha cabeça e não apenas porque eles temem que eu fuja. Elas estão ligadas para que os guardas monitorem tentativas de suicídio. Certamente todos os presos que um dia entraram no corredor da morte já pensaram em suicídio, por mais ridículo que isso possa parecer. Tenho duas horas por dia fora da cela. O corredor da morte, assim como a vida, é como você quer que seja. É um lugar de isolamento extremo e sua saúde mental depende muito de como você gasta seu tempo. Homens diferentes têm maneiras diferentes de lidar com a vida - ou, francamente, de falhar em lidar com a vida. Eu tento me manter sempre muito ocupado. Fiz faculdade de Psicologia e mestrado em História aqui dentro. Leio livros de história, ciência política, atualidades... Escrevo, estudo, pinto. Alguns caras gastam dias travando argumentos amargos com outros caras no corredor da morte. Alguns se perdem praticando esporte ou fazendo cultos religiosos. A alienação é um mal terrível. Quando fico sabendo que um político quer acabar com pequenos luxos, como TV e aparelhos de musculação na prisão, acho bom. Se os presos vivessem sem TV, livros, jornais, cultos, exercícios, eles passariam mais tempo na companhia de si mesmos e teriam mais consciência da realidade.

Você acha que os Estados Unidos são um país melhor ou pior do que aquele que você conhecia há 25 anos?
O jeito americano de aplicar a pena de morte nada mais é hoje do que uma forma moderna do linchamento nas árvores (tipo muito comum de assassinato cometido no sul dos Estados Unidos contra os negros - antes das reformas que lhes garantiram direitos civis, nos anos 60). Mudou a tecnologia, mas ainda temos o mesmo espírito de mentiras sangrentas por baixo da máscara. É por isso que o corredor da morte é tão negro e, cada vez mais, pardo.

Na sua opinião, os americanos ainda são racistas?
Se eu disser que sim, é apenas a opinião de um cara. Mas estudiosos que têm olhado para a questão também têm chegado à mesma conclusão. A toxina da escravidão deixou marcas profundas na alma americana. Até o presidente Bush disse há pouco tempo (no dia 20 de julho, na Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor, nos Estados Unidos) que racismo e discriminação são uma mancha na América. É impossível achar uma figura histórica que não tenha explorado o trabalho de negros, a vida, a saúde e a esperança de nossa gente para fazer um altar próprio de lucros. George Washington, Thomas Jefferson, James Madison, Patrick Henry, que talvez os brasileiros não conheçam, mas está em todos os livros escolares daqui (Henry foi um importante líder da independência americana). Ele fez um agitado discurso revolucionário: "Me dê liberdade ou me dê a morte!". Claro que isso não se aplicava aos escravos dele.

Em todo o mundo, milhares de pessoas torcem para vê-lo livre da prisão. Até no Brasil, no fim dos anos 90, manifestantes fizeram cartazes a favor da sua liberdade. Onde você gostaria de viver ao deixar a prisão?
Penso muito sobre isso. Definitivamente não vou ficar nos Estados Unidos. A França tem me dado muito apoio e é claro que eu também penso nos países da África. Adoraria conhecer Gana, Nigéria, Quênia... Só para mencionar alguns. Quanto ao Brasil, quando eu penso no seu país, as primeiras imagens que me vêm à cabeça são óbvias: as lindas mulheres, o Rio de Janeiro, o Carnaval etc. Mas o Brasil também me faz pensar em outras coisas. É o país que tem a maior comunidade negra fora da África, que tinha Palmares e que tinha Zumbi. Eu penso nos orixás, no candomblé, nas criações dos povos africanos. Deve ser um país bonito.

Como o seu relacionamento com Wadiya, sua esposa, resiste ao corredor da morte?
Eu a amo como a amava 25 anos atrás. Nós não estamos juntos porque temos que estar juntos, estamos juntos porque queremos. Um relacionamento sem nenhum contato físico é difícil de entender e de explicar. Mas eu poderia dizer que continuamos totalmente conectados. É assim que eu sinto.

Depois de quase um quarto de século no corredor da morte, você ainda acredita que vai sair daí vivo?
Nunca deixei de acreditar na liberdade. Nem por um segundo.

EXCLUSIVO NO SITE
Outros trechos das cartas de Múmia

Quais são suas lembranças mais fortes daquela época?
No Partido dos Panteras Negras, o sentimento mais forte era o de esperança. Eu me lembro mais da camaradagem, do companheirismo dentro do grupo do que os eventos. Todos trabalhavam duro para fazer algo positivo pela comunidade. Cada pessoa dava o máximo de si pelo partido e pelas outras pessoas em volta. Aqueles foram longos e duros dias de trabalho. Eu aprendi a escrever da perspectiva das pessoas e não da do sistema, como fazem muitos jornalistas. Eu aprendi a trabalhar em conjunto, com gente que tinha visões e perspectivas diferentes das minhas. Aprendi a falar, a relatar, a enfatizar e a ouvir os outros, o que me ajudou muito no jornalismo e na vida.

Você ainda tem amigos que pertenceram aos Panteras Negras?
Sim, eu ainda tenho grandes amigos que fiz no partido. Depois de passar por tantas situações juntos, sob um estresse incrível, seria difícil não virarmos amigos para a vida toda. Muitas irmãs - e irmãos - do partido me ajudaram a escrever We want Freedom: A life in the Black Panther Party (publicado em 2004, este foi o quinto livro de Múmia). Eu já conheci muitas, muitas pessoas mesmo que se apresentaram como companheiros do partido. Como eu cuidava dos arquivos de membros da Filadélfia e prestava muita atenção neles, sei que não era verdade. Ou pelo menos que não era totalmente verdade. Acho que muitos negros sentiam orgulho do partido, mas medo de participar. E, se eles fossem sinceros, diriam apenas "eu gostaria de ter participado, eu realmente queria" ou "eu fui um fã de vocês" ou "eu usei um bottom do Partido dos Panteras Negras" etc. Tudo bem, eu entendo.

Você se converteu ao islamismo nos primeiros anos na prisão, como fez a maioria dos presos que eram do movimento negro. Continua praticando a religião?
Eu me dediquei nos primeiros anos. Mas, por causa do isolamento, a religião deixou de ter importância. Quando eu penso nas pessoas lutando na Venezuela contra a repressão imperialista, estou praticando minha religião. Quando escrevo alguma coisa em apoio ao esforço popular contra a opressão em qualquer lugar do mundo, estou praticando minha religião. Quando escrevo uma carta que serve de inspiração para um jovem, e esse jovem fala para outros o que se passa em sua cabeça sobre os atos sem pé nem cabeça do sistema, estou praticando minha religião. John Africa (fundador da organização negra MOVE, que surgiu em 1972 com uma filosofia naturalista, da qual Múmia faz parte) costumava dizer que muitas pessoas só pensam em suas religiões quando vão para a igreja aos domingos, fazem suas preces e tomam um copo de vinho. Quando elas voltam para o mundo lá fora, de segunda a sexta-feira, trabalham em favor do sistema. Não é o que você faz aos sábados ou domingos que define sua religião. É o que você faz de segunda a sexta-feira que conta. Infelizmente as pessoas realmente acreditam no sistema. Esta é a religião delas. O que você pensa no dia-a-dia, que drogas você toma, que trabalho você aceita, o dinheiro que você ganha, o sexo que você faz... Essas são suas verdadeiras religiões.

Como é a sua relação com seus filhos e netos? com que freqüência vocês se vêem?
Meus filhos e netos não me visitam tantas vezes quanto nós gostaríamos, por causa da imensa distância, mais de 300 milhas (cerca de 480 quilômetros). Então, nós falamos por telefone duas ou três vezes por mês. Eu gosto de mandar livros de presente para meus netos. Sei que eles não lêem a maioria, mas quando eu pergunto se leram, sempre dizem: "Claro, vovô!".

SAIBA MAIS

LIVRO
Ao Vivo do Corredor da Morte,
Múmia Abu-Jamal, Conrad, 2001
No mais famoso dos cinco livros que Múmia escreveu, ele conta como é sua vida de condenado à morte.

SITE
Prison Radio
Aqui estão todos os áudios que Múmia grava na prisão. Tem também fotos, textos e links.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA
Múmia Abu-Jamal
AM 8335,
SCI Greene
175 Progress Dr.
Waynesburg, PA
15370

Wednesday, September 27, 2006

Entre o racismo, a intolerancia religiosa e a "liberdade de expressao"



Encerrado o julgamento do livro de Edir Macedo

Publicado em 25 de Setembro de 2006, às 20:35

A 6ª Turma do TRF da 1ª Região decidiu, por maioria, pela continuidade de circulação da obra de autoria do Bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, intitulada "Orixás, Caboclos e Guias, deuses ou demônios?", até julgamento da ação principal no juízo de 1ª instância.

Decisão liminar de 1ª instância havia determinado a retirada de circulação, a suspensão de tiragem, venda, revenda e entrega gratuita do livro, o que foi confirmado, também liminarmente, pelo Desembargador Federal do TRF, Souza Prudente.

De acordo com os argumentos do Ministério Público, o livro apresenta de forma categórica uma disseminação de idéias discriminatórias de cunho religioso, ultrapassando os lindes da liberdade de expressão. A obra, alegou o Ministério Público, estaria a lesar, dado o conteúdo do escrito, direito dos adeptos das religiões afro-brasileiras e da sociedade como um todo, transmitindo mensagens preconceituosas, além de estimular a intolerância religiosa dos seguidores da congregação dirigida pelo autor do livro em relação aos que se dedicam às mencionadas crenças. O livro, ainda de acordo com a acusação, incita à discriminação, transmitindo a idéia de que as práticas religiosas de matriz africana seriam condenadas pelo texto bíblico e de que seus adeptos somente teriam salvação se mudassem de credo.

No julgamento de hoje, a Turma entendeu que a obra, de fato, contem expressões e mensagens preconceituosas, mas que deve prevalecer a liberdade de pensamento aventada pelo artigo 5º da Constituição. O magistrado Leão Aparecido, relator para acórdão, lembrou que a questão suscita um descompasso entre artigos da constituição - enquanto se defende a liberdade de expressão e se proíbem apologias de cunho racial ou religioso - contudo, o autor tem o direito garantido pela Constituição de expressar seu pensamento e, ademais, a obra está restrita a um grupo de interessados, ligados àquela profecia de fé. A decisão também se reportou ao fato de a obra já circular desde a década de 80, o que afastaria, na hipótese, o perigo na demora de se decidir, podendo aguardar a sentença de 1º grau.

Agravo de Instrumento 2005.01.00.069605-8

Marília Maciel Costa

Assessoria de Comunicação Social

Tribunal Regional Federal da 1ª Região


http://www.trf1.gov.br/sitetrf1/conteudo/detalharConteudo.do;jsessionid=
6B857317172FFD4A16A2EDDA7AA6095B?conteudo=904&canal=2
......................

No site da Igreja Universal do Reino de Deus está escrito sobre o livro:

"Primeiro Livro:

O primeiro livro lançado, ¨Orixás, Caboclos & Guias: Deuses ou Demônios?¨, do Bispo Macedo, já está alcançado a marca de três milhões de exemplares. É, sem dúvida, o campeão de tiragem de todos os livros evangélicos já publicados no Brasil. Envolvente e arrebatador, denuncia as manobras satânicas através das práticas de macumbaria e feitiçaria. Em suas páginas são reveladas as verdadeiras intenções dos demônios.

O livro ensina que a solução para se libertar da opressão dos encostos é aceitar ao Senhor Jesus como Salvador e viver uma fé prática e constante na presença de Deus. ¨O livro nada mais é do que a pregação impressa, cujo crédito deve ser dado à ação do Espírito Santo na vida daquele que se coloca por instrumento nas mãos de Deus¨, declara o bispo Macedo.


http://www.igrejauniversal.org.br/ler.asp?page=&sub=62&mat=454

Racismo comprovado em números

25/ 09/ 2006 - sociedade

Racismo comprovado em números

Pesquisa do Ipea derruba, com dados, o mito da democracia racial e mostra que mulheres negras sofrem duplo preconceito

ANDRÉ AUGUSTO CASTRO
Editor da UnB Agência

CRISTIANE BONFANTI
Estagiária da UnB Agência

Construído ao longo dos séculos, o conceito de democracia racial no Brasil se mostra, na verdade, uma grande mentira. Os dados da segunda edição da pesquisa Retratos da Desigualdade, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), mostram isso de forma clara. O estudo foi divulgado na tarde de segunda-feira, 25 de setembro, na Universidade de Brasília.

Cláudio Reis/UnB Agência
Luana verificou que 44% das negras nunca fizeram exame clínico de mama

As pesquisadoras Luana Pinheiro, do Ipea e Vera Soares, do Unifem, constataram que o preconceito está presente em vários aspectos do cotidiano, inclusive na saúde. Ele faz com que 44,5% das mulheres negras nunca tenham feito o exame clínico de mama, capaz de identificar o câncer em estágios iniciais. A porcentagem de mulheres brancas que nunca tiveram acesso a essa medida profilática é bem menor: 27,3%.

O estudo foi feito com base no banco de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que já mostra desigualdades entre a população brasileira. O foco dos trabalhos foi concentrado nas questões de raça e gênero e a metodologia utilizada permitiu identificar uma hierarquia social que coloca os homens brancos no topo, seguidos por mulheres brancas, homens negros e mulheres negras, que sofrem dupla discriminação: de raça e gênero.

SALÁRIO BAIXO - A pesquisa mostra que, se não houver ações voltadas à reversão do atual quadro de exclusão social na educação, as diferenças raciais tendem a se perpetuar. A média de estudo entre os brasileiros brancos é de 7,7 anos, contra 5,8 anos para os negros. Mas as diferenças não param por aí. Apesar de ter registrado redução de 1993 a 2004, ainda há um abismo entre negros e brancos no índice de analfabetismo: 16% dos negros maiores de 15 anos são analfabetos, enquanto o problema atinge apenas 7% dos brancos na mesma faixa etária.

No mercado de trabalho, por exemplo, a situação de negros e mulheres em praticamente todos os indicadores analisados piorou, embora elas tenham, em média, um ano a mais de estudo do que os homens. Os dados evidenciam ainda a dupla discriminação que atinge as mulheres negras. Vítimas do racismo e do sexismo, elas ocupam os piores postos de trabalho, recebem os menores rendimentos e sofrem com as relações informais (como a falta de carteira assinada). Enquanto o salário médio mensal das mulheres brancas foi de R$ 561,70, o das negras ficou na casa de R$ 290,50, pouco menos que a metade. Entre os homens a diferença também é gritante: média de R$ 931,50 para homens brancos e de R$ 450,70 para negros.
Cláudio Reis/UnB Agência
Luana afirma que desigualdade começa na escola e segue até aposentadoria

METODOLOGIA - Esses dois fatores afetam diretamente a distribuição de renda. Entre os 10% mais pobres da população, 71% são negros. Enquanto isso, no topo da pirâmide (na fatia 1% mais rica), apenas 11,3% são negros. As desigualdades que se acumulam no acesso à educação e no mercado de trabalho são refletidas, por exemplo, no sistema previdenciário. A população negra que chega à idade de se aposentar não consegue fazer isso porque teve trabalho mais precário ou informal e acaba obrigada a continuar trabalhando. “É uma trajetória que começa desigual na escola e segue assim até a aposentadoria”, lamenta a coordenadora da pesquisa, Luana Pinheiro.

Ela explica que, para chegar à discriminação, as abordagens foram feitas com controle: a análise avaliou populações nas mesmas condições de escolaridade, região e renda, por exemplo. “Uma parcela das desigualdades existentes eram devidas à discriminação e não poderia ser explicada por nenhum outro fator observável”, aponta Luana. Os dados foram trabalhados no período entre 1993 e 2004 em diversas áreas (veja quadro) e a esperança das pesquisadoras é que possam ser utilizados para orientar a formulação de políticas públicas, além de servirem como instrumento de luta para movimentos sociais.

REALIDADE - Luana aponta que as desigualdades observadas são persistentes em todas as áreas ao longo dos anos e que, apesar do esforço do atual governo em promover a inclusão – com a criação de secretarias com status de ministério, por exemplo -, as mudanças ainda são muito lentas. “O Brasil é racista e o preconceito é velado. As ações de governo para acabar com isso, em forma de políticas públicas, são tímidas perto do que deve ser feito”, lamenta a pesquisadora. Segundo ela, o estudo mostra que a política, como vem sendo feita no país, não se mostra eficiente para incorporar diferentes grupos.

O acesso universal ao ensino, por exemplo, não se traduz em permanência universal. “Para chegarmos à igualdade temos de considerar as diferenças existentes entre os grupos sociais. Tratar os desiguais de maneira igual não traz resultados equilibrados”, avalia Luana. Uma possível solução para o problema são as cotas adotadas por universidades públicas. A pesquisadora acredita que elas reparam erros em processos históricos, porque os negros não conseguem permanecer no sistema educacional como os brancos e, por isso, sua média de anos de estudo é inferior. “É importante lembrar, no entanto, que essas medidas devem ser temporárias. Se assumirmos que precisaremos de cotas para sempre, não faremos nada para mudar essa situação”, afirma.
ÁREAS ESTUDADAS NA PESQUISA

1. Educação
2. Saúde
3. População
4. Renda
5. Pobreza
6. Mercado de trabalho
7. Previdência
8. Trabalho doméstico

EXCLUSÃO DIGITAL

Os dados do estudo apontam que 77% dos domicílios chefiados por brancos não têm acesso a microcomputador, 82% à internet e 44% a telefone celular. No caso das residências de negros, esses números são, respectivamente, de 92%, 95% e 62%.

POBREZA, DISTRIBUIÇÃO E DESIGUALDADE
DE RENDA

A pesquisa mostra que 19,5% da população branca situa-se abaixo da linha de pobreza (meio salário mínimo per capita), enquanto 41,7% dos negros encontrava-se na mesma situação. No caso de indigência (menos de um quarto do salário mínimo per capita), a situação é parecida: 6,4% dos brancos estão nessa situação, percentual que sobe para 16,8% na população negra, quase três vezes mais.

Na foto: a Pesquisadora Luana Pinheiro do Ipea
Foto: Cláudio Reis/UnB Agencia

Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada.
Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.


Os Erês do 27

Vieram os dois-dois
Que são dois negruinhos
Comerem do caruru de 1000 quiabos que ofereci
Os dois-dois viraram 7 (sete)
Logo após eram 21
Mais tarde dois-dois
Eram tantos e faziam uma
Grande algazarra pela casa toda

Depois eu vi dois-dois
Na beira d´água
Comendo arroz
Bebendo água

E quando passei por ali
Dois-dois me perguntaram:
Tio, cadê as balas e as cocadas?
Tem um dinherinho aí, Tio?

Antonia - O filme



O filme "Antonia" da cineasta Tata Amaral teve sua primeira exibição na semana passada no Festival Internacional de Cinema, em Toronto (Canadá), o longa da cineasta fala sobre o universo feminino dentro do Hip Hop a partir de quatro meninas negras da periferia de São Paulo, que são interpretadas por Negra Li (Preta), Cindy (Lena), Leilah Moreno (Barbarah) e Quelynah (Mayah)...
Segundo saiu ontem na Folha de S.Paulo (13/09), o publico aplaudiu de pé após a apresentação.
ANTONIA será lançado aqui no Brasil no começo do ano que vem, mas antes disso estreia na TV Globo como seriado, as gravações estão acontecendo e além das 4 garotas protagonistas, o filme conta também com o rapper Thaide.
É aguardar para conferir o filme e o seriado, sucesso a todos envolvidos.

http://www.suburbanoconvicto.blogger.com.br/

Antonia
(Antonia, Brasil, 2007)

Gênero: Drama
Duração: 90 min
Tipo: Longa-metragem / Colorido
Distribuidora: Downtown Filmes
Produtora(s): Coração da Selva

Diretor(es): Tata Amaral
Roteirista(s): Tata Amaral, Roberto Moreira

Elenco: Chico Andrade, Barão, Cindy, Nathalye Cris, Valney Damasceno, Ezequiel da Silva, Thobias da Vai-Vai, Sandra de Sá

Sinopse
''Antonia'' é um grupo de rap formado por Preta, Bárbarah, Mayah e Lena, que moram na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. Elas se conhecem desde pequenas e têm o sonho de viver de música. O filme conta a batalha dessas mulheres negras e pobres da periferia para sobreviver num ambiente musical dominado pelos homens.

Estréia em 09.02.2007
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audiovisual
FILMAGENS

A rima feminina na tela
Por Alan de Faria


MC Cindy, Leilah Moreno e Negra Li durante filmagem de "Antônia", de Tata Amaral
Marcelo Vigneron/Divulgação

“Antônia”, novo filme de Tata Amaral, conta a trajetória de um grupo de rap formado apenas por mulheres

Pouco tempo atrás o movimento hip hop rompeu as barreiras da periferia e chegou aos centros e aos bairros mais ricos das grandes cidades brasileiras através de suas músicas, como “Diário de um Detento”, dos Racionais MC’s, e “Qual é”, de Marcelo D2. Agora será a vez de o cinema dar exibir essa cultura. No lugar, porém, de vozes masculinas em primeiro plano, serão as mulheres que ditarão o ritmo das rimas a cada cena de “Antônia”, o mais novo filme da diretora Tata Amaral.

“Antônia” vai contar a história de um grupo de quatro garotas da periferia de São Paulo que tentam sobreviver cantando rap. Para fazerem isso, elas lutam contra o preconceito e o machismo que existem dentro da cultura hip hop.

Tata conta que a idéia de um longa-metragem que abordasse a juventude da periferia surgiu em 1998, quando o jornalista Altair Moreira a convidou para realizar uma filme sobre a cena do hip hop no ABC. Em 2001, persistindo no mesmo tema, ela e Francisco César Filho dirigiram o videodocumentário “Vinte Dez”. Enquanto fazia o filme, Tata escreveu o primeiro tratamento de “Antônia”.

Não será a primeira vez que o hip hop estará nas telas do cinema brasileiro. No documentário “Fala Tu”, de Guilherme Coelho, e no longa “Como uma Onda no Ar”, de Helvécio Ratton, a realidade de quem vive da música rap foi mostrada direta ou indiretamente. Para Tata, o fato de os filmes terem em comum a periferia não quer dizer que sejam iguais. “Não me preocupo em diferenciar ‘Antônia’ de ‘Como uma onda no ar’ ou de ‘Fala Tu’, mas em fazer o filme que eu quero fazer, contar a história que eu quero contar, sem necessidade de ser definitiva”, diz.


As palavras certas do rap

Para “Antônia”, Tata Amaral, diferentemente dos outros filmes que realizou (os premiados “Um Céu de Estrelas” e “Através da Janela”), escolheu trabalhar basicamente com atores não-profissionais. “A escolha se deu, em primeiro lugar, por um desejo meu de trabalhar com improvisações. Depois que escrevi o primeiro tratamento e decidi que o filme iria tratar do universo musical, determinei que iria filmar com jovens músicos”, diz. Ela ainda conta que foi influenciada pelo trabalho feito no filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, com atores iniciantes, que viviam em ambientes parecidos aos dos personagens.

Com esse objetivo, Tata foi atrás das palavras que poderiam resultar em uma boa rima para seu filme e escolheu Negra Li, Leilah Moreno, Cindy e Quelynah -meninas da cena hip hop brasileira- para serem as protagonistas de “Antônia”.

Negra Li, que vive a personagem Preta, diz que vai carregar para o resto da vida a experiência de atuar em um longa. “Participar de um filme era algo que eu sempre quis, mas que não pensava que ia acontecer tão cedo”, diz.

Quelynah (que faz a personagem Mayah, em homenagem à sua filha, no filme) nunca tinha pensado em fazer cinema. Já Leilah Moreno conta que ficou surpresa ao saber que havia sido selecionada para o papel de Bárbara. “Fui chamada para fazer o teste. Nem sabia o que era direito. Fiz testes para o papel durante três meses e fui passando, passando, até a Tata dizer que eu seria umas das quatro protagonistas.” Ela ainda diz que a família e os amigos só acreditaram que iria fazer um filme quando sua mãe também foi convidada para um teste e passou. “Minha mãe faz parte do coral da personagem da Sandra de Sá”, diz.

Tata revela que o seu modo de dirigir muda bastante pelo fato de trabalhar com atores não-profissionais. “Não dá para marcá-los como se fossem atores profissionais. No entanto, o trabalho de compressão, de construção, de apropriação, de vivência que todo ator deve fazer em relação aos personagens que encarnam é o mesmo.” As meninas estão juntas desde outubro de 2004, e Tata garante que já considera todas elas atrizes.


O rap canta a verdade

Pelo fato de elas pertencerem à cena hip hop e o filme narrar a história de meninas que buscam a realização profissional e pessoal no rap, Negra Li e companhia contam que, durante algumas cenas de “Antônia”, parecem estar representando as suas próprias vidas. “É quase uma autobiografia”, diz Negra Li. Para ela, a única diferença é que desde que entrou no movimento hip hop, há nove anos, não tinha convivido com mulheres.

Cindy, que interpreta Lena, pensa que sua personagem apresenta algumas características parecidas. “A Lena é aquela que sempre está levando a bandeira do canto falado e isso é algo que eu sempre faço.” Aliás, essa mistura realidade-ficção era uma das intenções da diretora: “A idéia foi trazer para o filme o frescor da realidade dos atores, encarnando personagens que têm muito a ver com sua trajetória”. Mas Tata pondera: “Não se pode esquecer que o filme é uma representação, não é um documentário, nem uma reportagem”.

Essa semelhança da vida real com a ficção, pelo menos no início, confundiu a cabeça de algumas atrizes do filme. Quelynah diz que realizou várias cenas em que ela parecia mais consigo mesma do que com a sua personagem, Mayah. “Até cheguei a pensar que estava desvirtuando as idéias, que estava interpretando errado, que estava misturando. Me perguntava: ‘estou sendo eu? Será que é para eu não ser eu?’.”

Outra dificuldade para Quelynah, que é cantora e bailarina, foi a câmera. Ela diz que “é difícil você estar com uma pessoa ao seu lado e ter que imaginar que essa pessoa não está lá. Tive dificuldade de não olhar para a câmera”.

Já para Negra Li uma cena em especial foi muito complicada: a de um beijo. “Foi um desafio bacana, mas foi uma experiência que fiz, olhei, não pretendo fazer mais”, diz. Por conta dessa cena, seu namorado terminou o relacionamento. Mas Negra Li já o reconquistou e os dois estão juntos novamente.

A personagem de Cindy também tem que beijar um cara, mas para ela isso não é problema algum. “É lógico que é difícil beijar uma pessoa que você não gosta, que você não ama, mas para dar vida à sua personagem você tem que fazer! Na hora, como um ‘plin’’, eu esqueço a Cindy e dou uma vida para a Lena.”

De acordo com Cindy, sua maior dificuldade é tornar verdadeiras situações pelas quais nunca passou na vida, como uma gravidez precoce (sua personagem fica grávida e tem que contar ao namorado). “Foi muito difícil, pois nunca passei por isso, mas foi muito prazeroso. Quando você termina de fazer a cena e vê a felicidade da Tata, é gratificante. É como se ganhasse o Oscar”, diz.


Paciência para compor

No último dia 4 de março, estive na Vila Brasilândia, zona norte da cidade de São Paulo, para acompanhar as filmagens de “Antônia”. Eram um pouco mais das dez da manhã, quando cheguei ao Centro Educacional Esportivo da Vila Brasilândia, um conjunto formado por um pequeno ginásio e uma quadra descoberta, onde as cenas do dia seriam gravadas.

Reunidos desde as primeiras horas da manhã, Tata, os atores e a equipe se preparavam para filmar a cena de um jogo de futebol entre jovens da comunidade. Além dos atores Ezequiel (Robinho) e Chico Andrade (Duda), alguns garotos da própria Brasilândia participaram da cena como figurantes.

Júlia Campos, produtora de figurantes do filme e moradora da Vila Brasilândia, conta que “o pessoal do bairro tem tratado a equipe de filmagem com enorme respeito”. Tata confirma: “A receptividade tem sido maravilhosa. A Brasilândia é muito acolhedora”.

À uma hora da tarde, a equipe e os atores decidiram almoçar. Era apenas uma pausa, pois uma outra cena ainda precisava ser gravada. Em duas vans, foram todos para a base operacional do filme, localizada a uns dez minutos do Centro Esportivo da Brasilândia. Lá, foi servido o almoço.

Nesse momento, todos se misturavam. Atores, a diretora Tata Amaral, a produção do filme, assistentes e estagiários sentavam juntos em uma garagem e se alimentavam de carne, macarrão, salada, arroz e feijão. Alguns moradores da Brasilândia passavam e cumprimentavam a equipe.

Entre essas pessoas, estava a mãe de Negra Li, moradora da Brasilândia, que nessas semanas de gravação tinha ganhado três hóspedes: Leilah, Quelynah e Cindy passaram a morar em sua casa. “A produção tinha pensado em deixar as meninas em um hotel, mas aqui na Brasilândia não tem. Então, meu irmão e eu demos a idéia de as meninas ficarem em um cômodo que estou montando em casa, mas que está sem móveis ainda. A produção arranjou beliches e elas estão ficando por lá”, conta Negra Li, que está curtindo a companhia das companheiras de filme.

Duas e meia da tarde, todos voltaram para o Centro Esportivo da Brasilândia. Era a hora de filmar a última cena do dia: o ensaio das meninas do grupo dentro do ginásio. Enquanto a equipe arrumava o cenário e ajustava a câmera e o som direto, Negra Li e Cindy se maquiavam, Leilah se concentrava e Quelynah brincava com a menina Nathalie Lourenço, de quatro anos, que interpreta a filha de Negra Li em “Antônia”.

Cenário arrumado, equipe em seus lugares, três horas da tarde. Tata começa a dizer às meninas onde devem se posicionar e para onde devem ir no decorrer da cena. O primeiro “som, câmera, ação” da tarde é dito. Mas Tata quer repetir a cena e pede atenção para as meninas não falarem ao mesmo tempo.

Alguns outros problemas fazem com que a gravação seja interrompida. O filme da câmera é trocado, nuvens tampam a luz do sol, necessária para a cena, e o barulho externo, provocado por um jogo de futebol na quadra, atrapalha a captação de som dentro do ginásio.

Tudo é feito com muito cuidado e nada passa despercebido: desde um objeto que não faz parte da cena até a ação de uma das atrizes que não seria captada, mas que foi percebida pela diretora e passa a ser focalizada pela câmera. Definitivamente, o cinema é a arte da espera e da observação.

PS: Além de Negra Li, Quelynah, Leilah Moreno e Cindy, “Antônia” tem no elenco Sandra de Sá, Thaíde, Thobias da Vai- Vai, Kamau, Chico Andrade, Ezequiel, Macário, entres outros. O diretor de fotografia é Jacob Samento Solitrenick. A montagem está a cargo de Idê Lacreta. O filme conta ainda com Rafael Ronconi (direção de arte) e Sérgio Penna (preparação de elenco), entre outros. A data de estréia do filme ainda não está definida.

link-se

Tata Amaral entrevista Fernando Meirelles - http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/1605,1.shl

Namoro zen: Antônia e Negão, um conto de Tata Amaral - http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/1676,1.shl

.

Alan de Faria
É jornalista.
http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2554,1.shl

Índios repudiam postura da Aracruz em negar sua identidade


Índios na mesa do Plenário da AL do ES

Por Indio do Mundo 15/09/2006 às 17:18

Em coletiva concedida hoje pela manhã, os caciques e lideranças indígenas Tupinikins e Guaranis se defenderam das ações da Aracruz Celulose de agredir a identidade das comunidades numa campanha difamatória que inclui publicação de notas em jornais

A Comissão de Caciques e Lideranças Tupinikim e Guarani rebateu hoje, durante uma coletiva concedida à imprensa capixaba, as acusações da Aracruz Celulose de que as comunidades ?não são formadas por legítimos índios? e ?estariam cometendo atos violentos contra os trabalhadores da empresa?.

A coletiva foi concedida no plenário da Assembléia Legislativa, em Vitória, com presença também de cerca de 200 índios, entre idosos e crianças e foi precedida pela manifestação do pastor da Igreja Metodista Adhayr Cruz, que leu uma carta de repúdio à Aracruz Celulose, que está jogando a opinião pública do Estado contra as comunidades indígenas.

A carta, que segue em anexo, aponta a postura da empresa como racista, ao negar aos Tupinikins sua identidade indígena e também negar que no município de Aracruz existiam aldeias e comunidades indígenas.

O discurso da empresa contradiz, inclusive, a história e os historiadores capixabas que atestam em seus livros não só a presença de índios no litoral do Espírito Santo como a secular presença dos Tupinikins na região.

A Comissão de Caciques anunciou que pedirá apoio ao Departamento Jurídico do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) para estudar medidas legais contra as afirmações da empresa de negar a identidade dos Tupinikins.

?A empresa não tem prerrogativa de apontar o dedo e dizer se somos índios ou não ou se os quilombolas são quilombolas ou não. Ela nos acusa de cometer atos violentos, mas o que é violento? É a Polícia Federal tirar nosso sangue como fez em 20 de janeiro quando nos expulsou da aldeia que reconstruímos e que a empresa destruiu para plantar eucalipto ou é nossa ação de cortar os eucaliptos? Nós estamos agindo porque o governo não se posiciona e não agiliza o andamento do processo de demarcação?, disse o cacique Jaguareté, de Caieiras Velha.

As comunidades iniciaram no dia 6 passado e continuaram até ontem o corte de eucaliptos como forma de pressionar a Funai e o Ministério da Justiça (MJ) a serem mais ágeis na análise e tramitação do processo de demarcação de 11.009 hectares de terra, hoje ocupados com a monocultura do eucalipto.

O processo estava na Funai e deveria ter sido encaminhado ao MJ no dia 20 de agosto, mas só seguiu na noite da última segunda (11), com três semanas de atraso. O parecer da Funai comprova, mais uma vez, que as áreas do município de Aracruz são território dos povos Tupinikim e Guarani e devem ser demarcadas. Os documentos se referem às áreas de Comboios, Caeiras Velha e Pau Brasil.

O Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos tem agora 30 dias, a contar do dia 11, para assinar a portaria que declara os 11.009 ha como área indígena ou então retornar o processo à Funai pedindo mais informações, o que certamente interessa à Aracruz Celulose.


PRESSÃO

A Comissão de Caciques também repudiou a postura da empresa de articular com seus prestadores de serviço e entidades empresariais do Espírito Santo a publicação de várias notas, nos jornais de maior circulação no Estado, criticando as últimas ações dos índios e dizendo que os mesmos estão coagindo funcionários e desrespeitando a ordem pública.

Desde ontem carros de som estão circulando no centro de Aracruz informando que trabalhadores que prestam serviço para a empresa vão fazer uma manifestação na tarde de hoje, no centro de Aracruz, contra a ação dos índios, ?que há muito tempo estão radicalizando contra a empresa com apoio de entidades estranhas e prejudicando os trabalhadores?.

Além disso, a empresa está agendando visitas nas escolas da rede municipal para dar sua versão no processo de demarcação e dizer que os povos Tupinikim não são originários do município, discurso este que nega a história e a milenar ocupação do continente pelos índios.

Ministério da Justiça Recebe da FUNAI Parecer Favorável aos Índios de Aracruz/ES

O Ministério da Justiça recebeu da FUNAI (Fundação Nacional do Indio), no final da tarde de ontem (13), um parecer favorável à demarcação como terra indígena de uma área de 11 mil hectares, invadida e ocupada pela empresa Aracruz Celulose desde a década de 60, no Norte do Espírito Santo. Com a emissão do parecer para a fundação, cabe ao Minitério da Justiça analisar o processo e decretar ou não a demarcação em favor dos/as indígenas.

Nesta manhã de quarta-feira, cerca de 200 indígenas estiveram reunidos na área demarcada, a fim de decidir se vão ou não continuar com as manifestações e a demarcação das terras. As ações começaram há uma semana. Foram derrubados e queimados eucaliptos da empresa com objetivo de cobrar da FUNAI e do Ministério da Justiça o máximo de rapidez na edição da portaria de demarcação da área, encerrando a disputa pela terra com a Aracruz Celulose, que já dura mais de 35 anos.

A Aracruz Celulose reagiu publicamente às ações, afirmando ter certeza de que as terras são sua propriedade. O porta-voz da empresa, Gessé Marques, chegou a afirmar em canal de televisão que "os índios não são índios", ou seja, que não têm direitos a ocupar e reivindicar uma terra indígena. A empresa, na contestação apresentada no dia 20 de julho à FUNAI, sugere que a área em questão nunca foi habitada pelos Tupiniquim. A empresa afirma que os "supostos" Tupiniquim seriam já "aculturados", por possuírem título eleitoral e não falarem sua língua original. Em relação aos Guaranis, a Aracruz Celulose afirma que eles simplesmente não seriam da região, jogando fora toda a situação histórica que levaram-os a caminhar até a região do município de Aracruz, ainda antes da invasão da empresa em 1967.

[LEIA MAIS:] Funai entrega parecer, mas MJ não tem previsão para assinar portaria | TUPINIKIM/GUARANI CONTINUAM AÇÕES PELA TERRA EM ARACRUZ/ES


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É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

Manifesto por Justiça



22/9/2006 14:27:40
O seguinte manifesto está sendo divulgado pela Internet, e diz respeito ao bárbaro assassinato de um jovem integrante da cultura Hip-Hop do Rio de Janeiro:

"Nós organizações defensoras dos direitos humanos vimos por meio desta manifestar indignação contra o assassinato de mais um jovem morador da cidade de Mesquita, região metropolitana do Rio de Janeiro, e exigir que os autores deste crime sejam punidos.

No dia 14, por volta das 22h 30min., na cidade de Mesquita, ao saírem de uma festa, Ítalo Lopes dos Passos e Rafael Borges Andrade foram baleados por policiais sem farda. Ítalo foi morto no local após levar nove tiros e Rafael, que levou um tiro, foi hospitalizado sem risco de morte e está sob proteção policial.

Logo após o crime, os dois policiais, Paulo Rogério Barbosa Soares, lotado no 16º Batalhão da Policial Militar de Olaria, e André Marcelo Pereira Soares, lotado no Batalhão de Operações Policiais (BOPE), foram detidos por policiais militares do 20º Batalhão da Policia Militar da cidade de Mesquita. O auto de prisão em flagrante é de nº199/53ª/06/set-06 e o RO nº3812/53ª/2006. Após a prisão, os dois policiais foram levados ao Batalhão Especial Prisional. O inquérito policial está sob a responsabilidade o delegado Jorge F. Zahra da 53ª Delegacia Policial de Mesquita.

Ítalo Lopes dos Passos, 29 anos, era produtor cultural, participava ativamente do grupo de Hip-Hop Setor BF; era aluno do curso de audiovisual na Central Única das Favelas; trabalhava em um programa de uma rádio livre da cidade de Mesquita; atuava na rede de grupos artísticos culturais da Baixada Fluminense; e participava da comissão responsável pela elaboração do Plano Diretor da cidade de Mesquita – lei urbanística - representando a juventude da cidade. Era mais um agente cultural que, através da arte, lutava contra as desigualdades socioeconômicas e contra todo tipo de discriminação.

A violência e a injustiça contra as classes populares acentuam o quadro de segregação, discriminação e desigualdade que atinge de forma mais direta, através de execuções sumárias, os jovens da periferia. Para garantirmos que o cruel assassinato de de nosso companheiro Ítalo Lopes dos Passos não caia na banalização e possamos barrar os mecanismos das chacinas e do genocídio social em curso em nosso país e particularmente na Baixada Fluminense pedimos que todas as entidades e movimentos sociais enviem mensagens a todas as instâncias judiciais e poderes exigindo a completa apuração dos fatos contra este bárbaro assassinato do Ítalo Lopes dos Passos e a punição dos responsáveis."

» Para maiores informações e orientações, entre em contato pelo E-mail.
Fonte: Necronomiconsocial.blogspot.com.

4 th International Capoeira October Meeting Berlin 06



CAPOEIRA SENZALA BERLIN e.V. Verein für Capoeira und Afro Brasilianische Kultur

Contra-Mestre Caracu and Capoeira Senzala Berlin e.V. are pleased to be able to invite you, Capoeiristas and friends of the afro-brazilian culture and popular arts to the 4th revised edition of the

4 th International Capoeira October Meeting Berlin 06

MAX SCHMELING HALLE BERLIN 27.28.29 oct 2006

Masters, teachers, students and Friends from all over Europe and Brazil already confirmed their participation!

The Object of the Event is to promote multicultural integration as well as to broaden the knowledge of Capoeira, Samba and Maculêlê - essential elements of the popular afro-brazilian culture which developed and survived throughout brazilian history. Starting out from your experiences and knowledge, the acquaintance with afro-brazilian popular culture should contribute to attain a new perception of black forms of expression, values and traditions.

Robson Ramos (Caracu)
Berlin OstZonePrenzberg 10439
Production and Search Director

Capoeira Senzala Berlin e.V. Association
M.A.CU.M.B.A BERLIN PARTY °O
www.capoeira-senzala.de macumba.berlin@web.de
+49(0) 1722192581 Afro-Brazilian Culture

Max Schmeling Halle Berlin http://www.max-schmeling-halle.de/


Monday, September 25, 2006

"Mulheres Negras Enfrentando a Violência"


Evento é uma realização de MARIA MULHER - Organização de Mulheres Negras, de Porto Alegre/RS. Está marcado para os dias 4 e 5 de outubro próximo na Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Inscrições gratuitas e limitadas Mais informações pelo fone/produção do seminário: (51) 33.35.19.33 ou (51) 33.33.87.37. No anexo, o cartaz de divulgação do evento

MARIA MULHER - Organização de Mulheres Negras vai realizar a segunda edição do Seminário "Mulheres Negras Enfrentando a Violência". O evento ocorrerá nos dias 4 e 5 de outubro próximo, na sala Farion, da Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Avenida Paulo Gama nº 110, Porto Alegre/RS. As inscrições estão abertas e podem ser feitas via on-line .
O Seminário tem por finalidade desenvolver espaço de reunião e articulação sobre a saúde das mulheres com DST/HIV/AIDS, em especial as mulheres negras, frente às dificuldades na adesão ao tratamento.Refletir sobre as vulnerabilidades e diferentes violências - racial, de gênero e social - a que estão sujeitas as mulheres e como refletem nas condições de saúde das mesmas. Além disso, vai enfatizar que o preconceito racial e a discriminação racial dificultam o acesso da população negra aos atendimentos e políticas universalistas na área da saúde que não dão conta de atender as peculiaridades desta população.

"Mulheres Negras Enfrentando a Violência" tem o patrocínio do Ministério da Saúde/Saúde da Mulher e tem o apoio da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Fórum de Ongs/Aids do Rio Grande do Sul e Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Ufrgs.

Programação

Quarta-feira - 4 de outubro de 2006
14 horas – Momento Cultural – Projeto Ori Inu Erè – Africanamente
14h30min – Mesa de Abertura
15 horas - Mesa de Diálogos - Subjetividade de Mulheres em Situação de Violência Doméstica Infectada pelo Vírus hiv Frente a Adesão ao Tratamento - Apresentação da Pesquisa sobre o tema realizada por MARIA MULHER

* Geovana Ferreira Teixeira - Psicóloga – MARIA MULHER
* Rosiane Maiato – Socióloga - Africanamente
* Sílvia Ramão – Psicóloga – MARIA MULHER

16 horas - Mesa de Diálogos - Saúde Mental

* Assuncion Caputti Filha - Psiquiatra - Conselheira Consultiva de MARIA MULHER
* Maria Lúcia da Silva - Psicóloga - AMA -São Paulo
* Simone Cruz -Psicóloga - ACMUN - Rio Grande do Sul

Coordenação das mesas - Maria Luisa Pereira de Oliveira - Psicóloga – MARIA MULHER
17h30min – Intervalo
18 horas – Espaço para perguntas
18h30min - Mesa de Diálogos - Vulnerabilidades

· Mortalidade Materna - Enfermeira Alaerte Leandro Martins - Paraná

* Missão Dhesca - Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais – Farmacêutica Bioquímica Clair Castilhos

Coordenação de mesa: Caroline Fernanda Santos Silva - Assistente Social – MARIA MULHER
19h30 min – Espaço para Perguntas
20 horas - Lançamento da publicação da pesquisa Subjetividade de Mulheres em Situação de Violência Infectadas pelo Vírus hiv Frente a Adesão ao Tratamento

* Exposição das experiências das instituições convidadas
* Momento Cultural
21 horas - Encerramento das atividades do dia

Quinta-feira - 5 de outubro de 2006
9 horas - Momento Cultural – Eta Taburomi Cantos Afro Ioruba
9h30min - Mesa de Diálogos – Saúde

* Saúde Coletiva – Stella Nazareth Meneghel - Médica - Professora-Adunta Unisinos/RS
* Saúde da População Negra - Beatriz Ramires – Diretora das Organizações Mundo Afro - Uruguai
* Saúde da População Negra -Jacira da Silva – Cepir/Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre

Coordenação de Mesa: Gilciane Beatriz Aguiar das Neves – Educadora Popular – MARIA MULHER
11 horas - Intervalo
11h30min - Espaço para Perguntas
12 horas - Intervalo para Almoço
14 horas - Mesa de Diálogos - Violências

* Sistema Prisional - Aparecida Luz Fernandes - Psicóloga – Coletivo Feminino Plural
* Violência Doméstica – Patrícia Kriger Grossi – Assistente Social, Professora do Programa de Graduação em Serviço Social PUC/RS
* A Mulher Negra e a Saúde - Fernanda Lopes – Bióloga – Especialista em Projetos do Ministério Britânico para o Desenvolvimento Internacional – São Paulo –SP

Coordenação de Mesa: Silvana Conti - Professora – Conselho Municipal dos Direitos da Mulher – COMDIM -Porto Alegre
15h30min – Espaço para Perguntas
16h30min - Mesa de Diálogos - DST/HIV/AIDS Perspectivas e Estratégias para adesão ao Tratamento: Ministério da Saúde/Saúde da Mulher

* Programa Nacional de DST/HIV/AIDS
* Secretaria Estadual de Saúde- Seção Controle DST/HIV/AIDS
* Secretaria Municipal da Saúde - Programa Municipal de DST/HIV/AIDS

Coordenação de Mesa: Sílvia Ramão - Psicóloga - MARIA MULHER
19 Horas -Espaço para Perguntas
19h30min – Momento Cultural

* Coral da Associação Nacional dos Servidores da Previdência Social – ANASPS
* Grupo de Dança Afro Ioruba
20h30min - Confratenização - Coquetel Afro
21 horas - Encerramento



Vera Daisy Barcellos - Jorn.Reg.Prof.3.804

Assessoria de Imprensa de MARIA MULHER - Organização de Mulheres Negras

Jangada Dance Intensive Workshop



We would like to invite you to our Workshop at the academia JANGADA:



mehr Info:
Love Greets
Ricardo, Carlos, Chaim und Nordien

Jangada - Team

---------------------

Academia Jangada
Torstrasse 109
10119 Berlin
am Rosenthaler Platz ( U8 )
Links neben der Post, 2 Hinterhof, 1 . Stock


Saturday, September 23, 2006

Comunidade Negra de Hamburg

Protesto contra a entronização de uma Estátua para um Racista Sequestrador, Escravizador e Assassino de Pessoas Negras

Queridas irmãs e irmãos


A subprefeitura do bairro de Wandsbek em Hamburgo, acaba de erigir um memorial em honra de um homem que se transformou em uma das pessoas mais ricas da Europa através de sequestros em massa, contrabando humano, estupros, deportaçoes em massa, tráfico de humanos, genocídio, e escravização de humanos negros

Este criminoso racista chamava-se Conde Heinrich Carl von Schimmelmann (1724-1782). Com sua maneira de agir criminosa e seu imenso tesouro amealhado à base de sangue, Schimmelmann contribuiu para o bem-estar de Wandsbek, de Hamburgo, da Alemanha e da Europa. Com este dinheiro sujo de sangue construi inúmeras casas de caridades e projetos para atender aos seus conterrâneos brancos e pobres-.

A Comunidade Negra da Alemanha condena de maneira peremptoriamente este memorial racista e exige a sua destruição imediata. A Alemanha poderia aproveitar a oportunidade que a lembrança desta imagem monstruosa nos traz, para confrontar-se com seu passado criminoso, e pagar indenizaçoes e reparaçoes à África e à Afrodiáspora. Pagar pelo seu passado colonial, nazista e neocolonial, pelos seus crimes contra os seres humanos negros.

Honrar um Traficante de Humanos, um escravizador, um genocida não é nada mais que um reducionismo, revisionismimo e negacionismo da imensidão dos crimes perpetrados. Lembrar Schimmelmann é uma repetição do racismo, da discriminação, das ofensas, do desprezo e desatençao da dignidade dos seres humanos negros e negras em Hamburgo, na Alemanha e em todo o mundo

Portanto exigimos a destruição imediata deste Memorial racista

Exigimos uma desculpa oficial do „Bezirksamts Wandsbek e o Hansestadt“de Hamburgo” junto a Comunidade Negra de Hamburgo

Além do mais exigimos que os empresários alemães, a igreja, os estados e o governo federal alemão se desculpem oficialmente junto a Comunidade negra na Alemanha, por seus crimes coloniais, nazistas e neocoloniais contra as pessoas negras e sejam pagas reparaçoes e indenizaçoes à África e sua Diáspora.

Manifestação e Protesto em Hamburg-Wandsbek:

Segunda-feira, 25 de setembro 2006 um 16:00 Uhr

Ponto de encontro: Wandsbek-Markt (parada de ônibus)

Organizadores: AG-REPARATIONEN u. AG-PANAFRIKANISMUS/AFRIKAS BEFREIUNG der Black Community in Deutschland, SOS-Struggles Of Students, ARA-African Refugees Association, BSO-Black Students Organisation, Quilombo Brasil-Radio Mamaterra, Colour Music, AYACSA e.V.-African-German Youth Arts, Culture & Science Association, Refugees Emancipation-RE, Women in Exile, The Voice Refugee Forum, Brandenburger Flüchtlingsinitiative-BFI, ADEFRA e.V.-Schwarze Frauen in Deutschland, ISD-Initiative Schwarze Menschen in Deutschland, Pan African Women Liberation Organization (PAWLO–Germany), mit der Unterstützung von: Afrikanische Studentenunion-ASU, SFC-Schwarze Frauen Community in Österreich, PAMOJA-Movement of Young African Diaspora in Österreich

V.i.S.d.P & Kontakt: Bruder Senfo : 0163-4245449, senfotonkam@yahoo.com
Schwester Selamawit: 0176-70079687, selamawit_g@hotmail.com
Romao:0402209621

Quando?


Quando o meu povo
Não passar mais nenhuma necessidade
Nem suas crianças não chorarem
Mais de barriga vazia
E seus pais desesperados
Sem saberem o que fazer
Quando os meus jovens
Não forem mais assassinados
Num beco qualquer de uma favela
Ou num tiroteio intenso
Em plena avenida central
Ou não forem mais humilhados
por essa Polícia brasileira bandida
Quando a cor de minha pele
Não incomodar ninguém nas ruas
Ou na entrada de qualquer
Prédio ou edifício da cidade
Quando eu entrar em um banco
Ou em um supermercado
Como qualquer cidadão comum
E os seguranças não me olharem
Com aqueles olhos desconfiados
E prestes a atirar em mim
Quando todo o meu povo
Poder dormir em paz
E terem todos os seus sentidos
Satisfeitos e em boa saúde
Aí sim ficarei calmo
E poderei ir jogar biriba
Com meus vizinhos
tranqüilamente
E se eles forem brancos ou não
Isso não terá para mim
Mais nenhuma importância

Ras Adauto Berlin
23.09.2006

Personalidades Negras: Aida dos Santos

Aida dos Santos

Revista - Movimento Olimpico

Jogos Olímpicos de 1964. A carioca Aída dos Santos chega a cidade de Tóquio como a única integrante da delegação brasileira de atletismo, vaga garantida com o índice de 1.65 m conquistado no salto em altura. Sem técnico ou material adequado, a atleta observando suas concorrentes cercadas de cuidados, com psicólogos, treinadores e fisioterapeutas, torce o pé, mas mesmo assim, alcança a marca de 1.70 m. Garantida em as melhores do mundo, Aída supera a dor e a emoção, passa o sarrafo a 1.74 m e termina a competição em quarto lugar. Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, uma brasileira fica a milímetros do pódium.

Nos momentos da sua participação na prova do salto em altura, Aída dos Santos usava sapatilhas de velocista e bota de gesso preparada por um médico cubano. Tinha almoçado chuchu com camarão e estava sozinha no estádio olímpico. A dor no pé era grande mas estava muito motivada e foi ultrapassando o sarrafo sem problemas até a marca de 1.74 m. Aída estava vivendo um sonho e não teve condições emocionais para passar para 1.76 m, marca que lhe daria a medalha de bronze.

A carreira de Aída dos Santos começou acidentalmente, em 1958. Aos 19 anos de idade, a jovem esguia participava empolgada de competições de volei e basquete em Niterói, e nunca tinha dado muita atenção ao atletismo. Naquela época costumava encontrar algumas amigas para jogar voleibol no Estádio Caio Martins. Um dia, uma amiga que a levava de bicicleta e treinava atletismo, disse que a levaria de volta se ela participasse do treinamento. Para não perder a carona, Aída resolveu tentar o salto em altura. Saltou 1.45 m. igualando o recorde brasileiro.

Mesmo contra vontade do pai, ela começou a treinar e, depois de algumas confusões, muitas broncas até uma surra, Aída acabou integrando na equipe do Vasco da Gama. Apesar de estudar educação física e trabalhar em um Banco estadual, ainda encontrava tempo para se aprimorar e se destacar como uma das melhores atletas do país. Por várias vezes foi campeã estadual, brasileira e sul-americana. Aída também disputou as Olimpíadas no México, onde sofreu uma distensão, mas conquistou suas medalhas mais importantes com um terceiro lugar na prova do pentatlo nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, Canadá em 1967 e, de Calí na Colômbia, em 1971.

Consciente das dificuldades pelas quais passavam os atletas brasileiros na preparação e disputa de competições internacionais, Aída sempre fez questão de expor suas idéias e lutar por melhores condições de treinamento. Sua franqueza, porém, acabou fazendo com que alguns dirigentes a prejudicassem em momentos importantes. Professora titular da cadeira de Educação Física na Universidade Federação Fluminense desde de 1975 e diretoria de atletismo do Botafogo, Aída dos Santos foi homenageada com a inauguração, em 1995, da pista de atletismo da UFF, batizada com seu nome.

http://www.museudosesportes.com.br/noticia.php?id=1926

Friday, September 22, 2006

Julgamento de livro polêmico de Edir Macedo vai ser transmitido pela Internet

Julgamento de livro polêmico de Edir Macedo vai ser transmitido on line pela Internet

Publicado em 22 de Setembro de 2006, às 18:48

A 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região julgará nesta segunda-feira, dia 25, processo que trata da permissão ou não para circulação da obra "Orixás, Caboclos e Guias, deuses ou demônios?", de autoria do bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus.

O julgamento ocorrerá às 14 horas na sala do plenário do TRF, no setor de Autarquia Sul, quadra 2, Praça dos Tribunais em Brasília, e também será transmitido, ao vivo, via internet, pelo site www.trf1.gov.br.

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22/9/2006 18:54:00

Julgamento de livro polêmico de Edir Macedo vai ser transmitido pela Internet

Rio - A 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região julgará nesta segunda-feira processo que trata da permissão ou não para circulação da obra "Orixás, Caboclos e Guias, deuses ou demônios?", de autoria do bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus. O julgamento será transmitido, ao vivo, via internet, pelo site www.trf1.gov.br.

O relator do processo, Desembargador Federal Souza Prudente, indeferiu liminar solicitada pela Igreja Universal do Reino de Deus e manteve a decisão da juíza federal de 1ª instância. Esta determinava "a imediata retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda, revenda e entrega gratuita da obra "Orixás, Caboclos e Guias, deuses ou demônios?", de autoria de Edir Macedo, bem como o recolhimento de todos os exemplares existentes em estoque, no prazo de 30 dias, sob pena de incursão em multa diária fixada no valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais), em caso de descumprimento, além das sanções cíveis e criminais cabíveis na espécie.

A decisão foi respaldada na defesa do direito à liberdade de consciência e de crença dos adeptos das religiões de matriz africana (Candomblé, Umbanda, Quinbamda e outros cultos afro-brasileiros), do direito à coexistência social pacífica da diversidade de credos e do patrimônio cultural nacional, pugnando pela preservação da cláusula constitucional que garante o direito fundamental à adoção de qualquer religião ou de nenhuma, à livre manifestação da consciência e ao exercício público ou privado de crença, sem o desrespeito por parte das demais religiões disseminadas no Brasil.

http://odia.terra.com.br/brasil/htm/geral_58164.asp

Thursday, September 21, 2006

Presidenciáveis agora defendem ações afirmativas


Por: Redação - Fonte: Afropress - 18/9/2006

Brasília - A apenas 11 dias das eleições, os quatro principais candidatos a Presidência da República - Luis Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristovam Buarque -, chegaram a um raro consenso, em relação a um tema que divide a sociedade brasileira: todos dizem ser favoráveis às ações afirmativas e às cotas para negros e indígenas.
Na resposta que deram por escrito a pergunta encaminhada pelo leitor André Ricardo (o senhor, ou a senhora, é a favor ou contra as cotas para negros nas universidades?), os presidenciáveis não tiveram muito espaço para as ginásticas verbais que, normalmente, sucedem às “perguntas difíceis”. O Presidente Lula, candidato à reeleição pelo PT, ainda tentou, falando de “ações afirmativas, inclusive cotas, para a escola pública” e que “as cotas devem beneficiar os estudantes mais pobres “tenham eles a cor da pele branca, negra, amarela ou vermelha”.
A senadora Heloísa Helena, do PSOL, igualmente tentou tangenciar dizendo-se favorável a uma política de cotas que tenha por base uma reserva de vagas para alunos oriundos das escolas públicas. “depois dessa primeira reserva, pode ser feita uma segunda cotização baseada numa política afirmativa que garanta acesso a negros e índios”.
Já o ex-governador de S. Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, se disse simplesmente favorável às ações afirmativas, lembrando que cotas é um tipo de ação afirmativa e de ter criado a pontuação acrescida na escola pública para alunos afro-brasileiros.
Dos quatro, o mais incisivo na resposta foi o ex-ministro da Educação e candidato do PDT, Cristovam Buarque: “Faz 120 anos que acabamos com a escravidão e continuamos com uma elite branca num país onde maior a parte da população é negra”, afirmou em defesa das cotas.

Veja a resposta completa dos candidatos:
Lula - Não se trata simplesmente de defender cotas para negros ou índios. Trata-se de defender e aplicar ações afirmativas, inclusive cotas, sim, para a escola pública, objetivando acelerar a reparação de injustiças sociais que perduram há séculos. Essas cotas devem beneficiar os estudantes mais pobres, tenham eles a cor da pele branca, negra, amarela ou vermelha, de acordo com o peso de cada grupo social na composição da população. É o que estamos fazendo com o ProUni, que já concedeu 204 mil bolsas de estudo para que alunos de baixa renda pudessem entrar na universidade, e tem cotas para afro-descendentes e índios. Uma crítica que surgiu em relação às cotas - quem sabe, preconceituosa - supõe que sua aplicação poderia trazer algum prejuízo acadêmico. Em 14 instituições federais de ensino superior, onde aplicamos esse conceito de cotas para a escola pública, são justamente esses alunos mais pobres que mais têm se destacado em sala de aula.
Alckmin - Sou favorável a ações afirmativas. Cota é um tipo de ação afirmativa. No governo de São Paulo, eu criei a pontuação acrescida para alunos da escola pública e afro-brasileiros. Assim, sem eliminar o mérito, esse sistema tem ajudado muito a ampliação do acesso à universidade.
Heloísa Helena - Nosso programa contempla a expansão da oferta de vagas no ensino superior, preferencialmente público, como manda o Plano Nacional de Educação. Sou favorável ao estabelecimento de uma política de cotas que tenha por base uma reserva de vagas para alunos oriundos das escolas públicas, na sua grande maioria pobres e negros. Depois dessa primeira reserva, pode ser feita uma segunda cotização baseada numa política afirmativa que garanta acesso a negros e índios. Enquanto não conseguirmos acabar com o preconceito e com a grande desigualdade social existente no país, políticas afirmativas serão necessárias. Agora, essas políticas serão parte de um conjunto de medidas de distribuição de renda, e não programas paliativos.
Cristovam - O Brasil tem uma dívida com os negros. Faz 120 anos que acabamos com a escravidão e continuamos com uma elite branca num país onde maior a parte da população é negra. Vamos corrigir essa distorção por meio de uma revolução na educação de base, garantindo que todos os brasileiros terminem o ensino médio com qualidade e disputem em condições de igualdade uma vaga na universidade. Se fizermos isso a partir de agora, levará 15 a 20 anos para surtir efeito. Até lá, temos de ser favoráveis às cotas para aumentar o número de jovens negros na universidade. Quero lembrar que para se beneficiar da cota o negro tem de passar no vestibular. Por isso, não vai beneficiar os pobres. Mas vai mudar a cor da cara da elite brasileira. Além disso, quem entra pelas cotas é porque passou no vestibular, mas não ficou dentro do número de classificados. Por isso, minha proposta é que o aluno negro que se beneficie das cotas não tire o lugar de nenhum branco. Se 50 passaram no vestibular, havendo só 30 vagas, e entre os 20 excedentes ficaram dois ou três negros, a universidade aumenta o número de vagas para absorver esses jovens negros. Isso é o jeito, não é a solução. É o jeitinho que o Brasil está devendo aos negros. Um país justo não precisa de cotas. Mas um país que nega cotas é mais do que injusto. É um país que quer esconder a própria injustiça.

http://www.afropress.com/noticias_2.asp?id=780

Saturday, September 16, 2006

MV Bill na Rap - Leiam!


Friday, September 15, 2006

Questão racial é tema de encontro na Uneb

Cilene Brito

A implantação da política de cotas em universidades públicas foi uma das principais ações afirmativas voltadas para os afrodescendentes, nos últimos anos. Embora a reserva de vagas para segmentos específicos da população tenha representado maior oportunidade de ingresso nas instituições de nível superior, apenas 30 unidades, em todo o país, já adotaram o sistema. A luta de entidades ligadas à questão racial para ampliação das políticas de cotas foi um dos alvos das discussões do IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (IV Copene), que acontece no campus I da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Cabula.

O evento foi aberto na noite de anteontem e prossegue até amanhã, reunindo cerca de 1.500 pessoas entre palestrantes estrangeiros, intelectuais e estudantes de várias regiões do Brasil. O encontro, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (Abpn), tem o apoio dos ministérios da Educação e Cultura e visa ampliar as discussões sobre as atividades de pesquisa e intercâmbio em torno das temáticas étnico-raciais. O tema deste ano é O Brasil negro e suas africanidades: produção e transmissão de conhecimentos.

De acordo com o presidente do congresso e vice-presidente da Abpn, o pró-reitor de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação da Uneb, Wilson Roberto de Mattos, o evento tem o propósito de reunir pesquisadores de várias áreas de conhecimento para possibilitar a troca de experiências e a articulação das pesquisas de questões raciais. “O encontro é uma possibilidade de poder sistematizar as pesquisas e aumentar a sua eficácia junto às agências de fomento à pesquisa”, afirmou.

O pró-reitor salienta que uma das principais discussões é em favor da aprovação do Projeto de Lei 3.198/00, que cria o Estatuto da Igualdade Racial e prevê que pelo menos 20% das vagas de universidades públicas sejam destinadas à população negra. Ele afirma que estudos realizados nas universidades que adotam o sistema de cotas, sobre o desempenho dos estudantes, apontaram que os cotistas demonstraram, em algumas instituições, rendimento igual ou superior aos não-cotistas. “Isso demonstra que o nível das instituições não caiu como muitos diziam”, afirmou.

Segundo o professor Nilo Rosa, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), além da reserva de vagas para afrodescendentes em universidades públicas, as discussões serão ampliadas para a políticas de cotas em serviços públicos. “Não há nenhuma estatística que comprove a desvantagem dos negros nos serviços públicos, mas a situação é evidente. Assim como os estudantes negros encontram barreiras para ingressar nas instituições de nível superior, há também grande desvantagem na concorrência de uma vaga de emprego, principalmente nos maiores cargos”, afirmou.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 15.09.2006 - www.correiodabahia.com.br

Tuesday, September 12, 2006

XI Encontro de Jongueiros

Frente Negra Brasileira

Sunday, September 10, 2006

Ato em São Paulo vai pedir aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e política de cotas


Rio - Entidades sindicais e do movimento social fazem uma manifestação nesta segunda-feira, na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo, para coletar assinaturas pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

O ato também pretende chamar a atenção para a aprovação do Projeto de Lei 73/99, que trata sobre a instituição do sistema especial de reserva de vagas para estudantes indígenas e negros de escolas públicas nas instituições públicas de ensino superior, as chamadas cotas.

“Vamos começar a detonar no Brasil todo a coleta de assinaturas. Nosso objetivo é colher um milhão de assinaturas para poder pressionar o Congresso a votar favorável ao Estatuto e ao PL”, disse Neide Aparecida Fonseca, diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e presidente do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (Inspir).

“Acho que o impacto do debate do sistema de cotas é muito bom para despertar a sociedade dessa falsa democracia racial. Penso que a sociedade brasileira tem que tomar uma providência em relação à discriminação, que sobrevive desde o início do nosso país. Não é possível que metade da população fique discriminada, alijada de todo o processo social e evolução da sociedade”, afirma Fonseca

Para a presidente do Inspir, a aprovação do sistema de cotas na educação é apenas uma parte do movimento nacional por políticas de ações afirmativas para as populações negra e indígena, que também prevê metas para a inclusão no mercado de trabalho e projetos diferenciados e específicos, como o atendimento a pacientes de anemia falciforme, doença que atinge principalmente os negros.

As assinaturas vão ser coletadas durante a manifestação na Praça Ramos, que será realizada das 10h às 16h, e também nos sites da Contraf e do Inspir e em diferentes locais como igrejas, favelas e sindicatos. A intenção é que no dia 20 de novembro, data tradicional de manifestações promovidas pelo movimento negro, todas as assinaturas coletadas devem ser entregues ao presidente da República e ao Congresso Nacional.

Agência Brasil
http://odia.terra.com.br/brasil/htm/geral_55968.asp
9/9/2006 15:53:00

AFROPRESS SOFRE ATAQUE E JORNALISTAS SÃO AMEAÇADOS

S. Paulo - A Afropress – Agência Afroétnica de Notícias -
(www.afropress.com) está mais uma vez provisoriamente fora do ar, por
causa de ataques de bandos racistas. O retirada do ar foi comunicada
pelo gerente da Rede de Informações do Terceiro Setor (Rede Rits),
Rodrigo Afonso, no início da tarde de ontem, 07/setembro. Ele
justificou que a intensidade de ataques de rackers racistas tornavam
impossível a continuidade das operações.
Na manhã de hoje, 08/09, em contato com o editor de Afropress,
jornalista Dojival Vieira, o provedor disse que as providências estão
sendo tomadas para que a Afropress volte a operar nas próximas horas.
Desde o ano passado, a Agência vem sendo alvo de ataques de racistas e
neonazistas que usam a Internet para a pregação do ódio racial e da
intolerância. Nas páginas e mensagens, esses grupos pregam a
destruição e a morte, principalmente, de negros e judeus.
A Afropress – a única Agência de Notícias, que tem como foco a
temática racial e étnica no país – passou a ser alvo sistemático dos
ataques desde que revelou o nome do primeiro acusado da prática de
crime de racismo na Rede – o estudante Marcelo Valle Silveira Mello,
do Curso de Letras da UnB.
O estudante foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal
com base na Lei 7.7716/89 e responde a processo que tramita na 6ª Vara
Criminal de Brasília. Ele pode pegar de 2 a 5 anos de cadeia por cada
um dos delitos. No interrogatório em que foi ouvido, no mês passado,
admitiu que a Afropress vem sendo atacada por seus amigos "para
agradá-lo".
No mesmo interrogatório a ONG ABC SEM RACISMO, que detém os direitos
sobre o Projeto Afropress, foi admitida como Assistente de Acusação do
Ministério Público no caso, decisão inédita na Justiça brasileira.
Posteriormente os advogados de defesa do estudante recorreram da
decisão, porém, a juíza Vanessa Duarte Seixas, em decisão do último
dia 1º de setembro, manteve a entidade.
O advogado processualista Renato Borges Rezende, de Brasília, que
atuou como assistente de acusação, em nome da ONG, disse que a
situação do estudante se complica ainda mais no processo com esses
ataques.
Segundo o editor de Afropress, os constantes ataques de bandos
racistas contra o veículo configuram a violação de pelo menos três
direitos fundamentais garantidos pela Constituição da República: o
Direito à Liberdade de Expressão, o Direito à Comunicação e o Direito
ao Trabalho.
Ele comunicou o ataque ao procurador da República, Sérgio Suiama,
Coordenador do Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério
Público Federal, e ao promotor Antonio Ozório Leme Barros, do Grupo
Especial de Inclusão Social, do Ministério Público do Estado de S.
Paulo.
Além dos ataques, os jornalistas de Afropress vem sendo alvo de
ameaças à sua integridade física e pessoal, que já foram denunciadas a
Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República,
a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e a
ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (Seppir). O caso também já foi denunciado
a Secretaria de Segurança Pública de S. Paulo e a Delegacia de Crimes
Raciais.
Segundo os jornalistas de Afropress, a omissão das autoridades, e a
falta de resultados nos inquéritos abertos – tanto na Polícia Federal
quanto na Delegacia de Crimes Raciais, vinculada à Secretaria de
Segurança Pública - está encorajando os criminosos que atuam na Rede a
agirem cada vez com maior ousadia.
A Afropress é uma Agência de Notícias que atua sem qualquer apoio
público ou privado, apenas como resultado do trabalho voluntário dos
jornalistas que a mantém e de colaboradores esporádicos.

Fonte: Afropress – Agência Afroétnica de Notícias (www.afropress.com)
Fones para contato: (011) 9647-7322 e (011) 3368-1574
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