Sunday, September 10, 2006

AFROPRESS SOFRE ATAQUE E JORNALISTAS SÃO AMEAÇADOS

S. Paulo - A Afropress – Agência Afroétnica de Notícias -
(www.afropress.com) está mais uma vez provisoriamente fora do ar, por
causa de ataques de bandos racistas. O retirada do ar foi comunicada
pelo gerente da Rede de Informações do Terceiro Setor (Rede Rits),
Rodrigo Afonso, no início da tarde de ontem, 07/setembro. Ele
justificou que a intensidade de ataques de rackers racistas tornavam
impossível a continuidade das operações.
Na manhã de hoje, 08/09, em contato com o editor de Afropress,
jornalista Dojival Vieira, o provedor disse que as providências estão
sendo tomadas para que a Afropress volte a operar nas próximas horas.
Desde o ano passado, a Agência vem sendo alvo de ataques de racistas e
neonazistas que usam a Internet para a pregação do ódio racial e da
intolerância. Nas páginas e mensagens, esses grupos pregam a
destruição e a morte, principalmente, de negros e judeus.
A Afropress – a única Agência de Notícias, que tem como foco a
temática racial e étnica no país – passou a ser alvo sistemático dos
ataques desde que revelou o nome do primeiro acusado da prática de
crime de racismo na Rede – o estudante Marcelo Valle Silveira Mello,
do Curso de Letras da UnB.
O estudante foi denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal
com base na Lei 7.7716/89 e responde a processo que tramita na 6ª Vara
Criminal de Brasília. Ele pode pegar de 2 a 5 anos de cadeia por cada
um dos delitos. No interrogatório em que foi ouvido, no mês passado,
admitiu que a Afropress vem sendo atacada por seus amigos "para
agradá-lo".
No mesmo interrogatório a ONG ABC SEM RACISMO, que detém os direitos
sobre o Projeto Afropress, foi admitida como Assistente de Acusação do
Ministério Público no caso, decisão inédita na Justiça brasileira.
Posteriormente os advogados de defesa do estudante recorreram da
decisão, porém, a juíza Vanessa Duarte Seixas, em decisão do último
dia 1º de setembro, manteve a entidade.
O advogado processualista Renato Borges Rezende, de Brasília, que
atuou como assistente de acusação, em nome da ONG, disse que a
situação do estudante se complica ainda mais no processo com esses
ataques.
Segundo o editor de Afropress, os constantes ataques de bandos
racistas contra o veículo configuram a violação de pelo menos três
direitos fundamentais garantidos pela Constituição da República: o
Direito à Liberdade de Expressão, o Direito à Comunicação e o Direito
ao Trabalho.
Ele comunicou o ataque ao procurador da República, Sérgio Suiama,
Coordenador do Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos do Ministério
Público Federal, e ao promotor Antonio Ozório Leme Barros, do Grupo
Especial de Inclusão Social, do Ministério Público do Estado de S.
Paulo.
Além dos ataques, os jornalistas de Afropress vem sendo alvo de
ameaças à sua integridade física e pessoal, que já foram denunciadas a
Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República,
a Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e a
ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (Seppir). O caso também já foi denunciado
a Secretaria de Segurança Pública de S. Paulo e a Delegacia de Crimes
Raciais.
Segundo os jornalistas de Afropress, a omissão das autoridades, e a
falta de resultados nos inquéritos abertos – tanto na Polícia Federal
quanto na Delegacia de Crimes Raciais, vinculada à Secretaria de
Segurança Pública - está encorajando os criminosos que atuam na Rede a
agirem cada vez com maior ousadia.
A Afropress é uma Agência de Notícias que atua sem qualquer apoio
público ou privado, apenas como resultado do trabalho voluntário dos
jornalistas que a mantém e de colaboradores esporádicos.

Fonte: Afropress – Agência Afroétnica de Notícias (www.afropress.com)
Fones para contato: (011) 9647-7322 e (011) 3368-1574
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