Saturday, May 26, 2007

Festa afro

Extensa programação em diversos pontos da cidade marcou ontem a passagem do Dia da África

Jony Torres

Considerada uma das cidades com a maior população negra do mundo, Salvador comemorou ontem com muita alegria mais um Dia da África. A extensa programação se espalhou por vários espaços da cidade, desde praças públicas, estações de ônibus e bibliotecas, apesar da chuva intensa no final da tarde. A que contou com a maior participação popular foi realizada na Estação de Transbordo do Iguatemi, onde a Fundação Gregório de Mattos apostou nas tradições religiosas de origem africana.

Enquanto o grupo Ilê Fun Fun apresentava a música que embala os ritos no Terreiro Ilê Axé Yá Nassô Oká (Casa Branca), os passageiros que aguardavam o transporte dividiam os olhares entre o ônibus que chegava e o forte impacto visual e musical dos atabaques e agogôs. “É emocionante ver nossa raiz ganhar todos os cantos da cidade”, observou o vendedor Afrânio Gonçalves.

Entre uma música e outra, os transeuntes ainda recebiam cópias da receita para se fazer o bolinho branco chamado de acaçá, típico da culinária afro-brasileira. Feito de milho branco, é o predileto de Oxalá, mas nas cerimônias religiosas é oferecido a todos os orixás em sinal de paz e harmonia. O público, a princípio intrigado com o doce servido em folhas de bananeira, aprovou a iguaria.

“É dos deuses mesmo, muito bom e com o gostinho da minha cor”, revelou o estudante negro Laércio de Jesus Souza. Em poucos minutos as dezenas de bolinhos foram devoradas e a boa receptividade foi comemorada pelo mestre Edvaldo Araújo, alabê da Casa Branca. “Se hoje eu estou feliz de estar neste local com nossos toques e nossa cultura, imagine nossos ancestrais que chegaram a esta terra e uma dia foram humilhados”, revelou Edvaldo.

Além da música e da culinária, muitos livros que contam a trajetória dos negros e sua relação com a construção do Brasil estavam à disposição dos interessados para leitura, uma forma de incentivar o interesse pelo tema. As ilustrações com obras do Mestre Didi e fotografias de personagens conhecidos e anônimos complementaram o ambiente, que transformou a arquitetura concreta da estação de transbordo num local vivo e colorido.

“O nosso objetivo é este mesmo. Neste ponto onde quase todos da cidade se encontram, onde as pessoas passam para ir ou voltar para casa, oferecemos história, arte e cultura”, justificou Paulo Costa Lima, diretor da Gregório de Mattos. A programação ainda teve uma encenação de alguns trechos do espetáculo A ópera da cidadania, do Grupo de Teatro da Polícia Militar, e performances de dança de alunos da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

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Chuva cancela ato público

O temporal que atingiu a cidade no fim da tarde de ontem acabou atrapalhando os planos do bloco afro Os Negões, que pretendia reunir centenas de pessoas num ato público na Praça Municipal, para depois seguirem em caminhada pelas ruas do Pelourinho. O tempo ruim calou os tambores, mas não tirou o bom humor do músico Fernando de Lima. “É uma pena, mas na Bahia todos os dias são da África”, brincou, enquanto procurava abrigo nas escadarias do Palácio Rio Branco.

A contribuição do continente africano na formação da população brasileira também foi tema de discussões realizadas durante II Semana da África, que este ano teve como tema o Renascimento Africano, que será encerrada hoje com uma confraternização às 22h, no Teatro Gregório de Mattos. O Dia da África foi criado em 25 de maio 1963, mesma data de fundação da Organização da Unidade Africana, hoje denominada União Africana (UA).

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Receita de Acaçá de Leite

Ingredientes:
1kg de milho branco
leite de dois cocos
4 xícaras de açúcar
1 colher de sopa de sal
3 colheres de sopa de água de laranjeira
ÜColoque o milho de molho por cinco dias, trocando sempre a água, e depois bata no processador. Adicione água à massa e leve ao fogo, mexendo sem parar, até engrossar. Após a fervura, acrescente o leite de coco, sal, açúcar e água de laranjeira. Ferva por mais cinco minutos, depois deixe esfriar e enrole em folhas de bananeira como se fossem abarás.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 26.05.2007
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/
noticia_impressao.asp?codigo=128975

1 comment:

Unknown said...

esta istória eu acho que é verdade por que conta sobre o que eu estou estudando