Saturday, December 09, 2006

Vereadores são flagrados levando bebida a índios

05/12/2006

Local: São Paulo - SP
Fonte: O Estado de S.Paulo
Link: http://www.estado.com.br/

Alcoolismo estaria ligado a recente onda de suicídios em tribos indígenas
Dois mil litros de cachaça escondidos embaixo de frangos com destino a aldeias às margens do Rio Wautês, onde vivem indígenas da etnia tucano, foram apreendidos ontem pela delegacia de São Gabriel da Cachoeira, a 858 quilômetros de Manaus. A disseminação de bebidas alcoólicas em áreas indígenas é proibida pelo inciso 3 do artigo 58 do Estatuto do Índio.
De acordo com o delegado do município, Prudêncio Brisolla, nenhuma pessoa foi presa e ainda não foi identificada a origem do carregamento. “No município compra-se um litro por R$ 2, mas nas aldeias chega-se a pagar até R$ 50 por uma garrafa”, afirmou Brisolla.
Na sexta-feira passada, segundo o delegado, a Fundação Nacional do Índio (Funai) enviou um relatório à delegacia e ao Ministério Público Estadual pedindo a investigação de um carregamento feito no dia 29 de 240 litros de cerveja mais 15 litros e 24 frascos de 500 ml de cachaça.
Para comemorar a chegada de um gerador à aldeia Iauaretê, a bebida era levada em um barco de propriedade do vereador Edílson Ambrósio de Andrade (PFL). Andrade estava no barco com os vereadores Francisco Hernani de Abreu (PV), Francisco Garcia Diógenes (PMDB), José Maria de Lima (PT) e Francisco Orlando Diógenes Nogueira (PP).
Segundo o delegado, os vereadores seriam os responsáveis pelo transporte da bebida aos indígenas, mas não quiseram assinar o termo de apreensão, ficando sob responsabilidade da assessora parlamentar da Câmara Municipal, Regina Flávia Dias Coimbra.
“Os vereadores Francisco Diógenes e Francisco Nogueira são reincidentes, já haviam tentado levar bebidas a aldeias do Rio Xié, no ano passado”, contou o delegado. A reportagem tentou falar ontem com os parlamentares, mas eles não retornaram os telefonemas. Segundo Brisolla, a assessora parlamentar terá até a quinta-feira para pagar multa de R$ 5 mil.
Suicídios
Para o delegado, a entrada de bebidas alcoólicas nas aldeias pode ser uma das razões para o suicídio de adolescentes indígenas nos últimos dois anos. “No ano passado foram quatro e neste ano oito, todos de jovens de famílias com pais ou mães ou ambos alcoólatras”, disse o delegado.
Até o fim desta semana, relatório preparado por uma equipe da Polícia Civil, que passou a última semana em São Gabriel, deverá apontar possíveis causas dos suicídios. No dia 13, uma equipe formada por etnólogos e antropólogos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da secretaria indígena do governo do Amazonas visitará o local.

Liège Albuquerque

Justica Seletiva e Cruel, senao Racista


8/12/2006 01:14:00

Empregada é condenada por roubar manteiga de R$ 3,20 e deputado, absolvido do ‘mensalão’

Alfredo Junqueira

RIO - Angélica Aparecida Souza Teodoro e José Mohamed Janene protagonizam duas histórias que ilustram bem como é flexível o conceito de Justiça no Brasil. Ela é empregada doméstica e roubou um pote de manteiga, de R$ 3,20, porque não aguentava mais ver o filho de dois anos passar fome. Ele é deputado e conseguiu escapar da cassação na Câmara, mesmo depois de confessar ter recebido dinheiro do ‘mensalão’ — fonte de pagamentos fraudulentos a deputados. Janene escapou da degola em Brasília no mesmo dia em que se tornou pública a sentença de Angélica em São Paulo.

O Dia Online, 09.12.2006

Leia matéria completa em:

Friday, December 08, 2006

Manifestação contra o Caveirão


Domingo, dia 10/12, Dia Internacional dos Direitos Humanos é dia de Luta!
Manifestação contra o Caveirão

Os movimentos sociais, entidades, ONGs e associações de moradores que participam da Campanha Internacional contra o "Caveirão" realizarão no dia 10/12 as 15 horas, manifestação contra o "Caveirão", na esquina da Rua Dois de Dezembro, no Flamengo.

A campanha internacional contra o caveirão entende que infelizmente não há motivos para comemoração nessa data, diante dos inúmeros casos de violação de direitos humanos que ocorrem no Brasil.

Além de denunciar as operações realizadas pelo "caveirão", demonstrando seu caráter ameaçador e intimidador, a campanha tem como objetivo debater a atual política de segurança pública do Rio de Janeiro, baseada no policiamento discriminatório, violento e na criminalização da pobreza. O emblema do BOPE, "tropa de elite" da PM - uma caveira empalada numa espada sobre duas pistolas douradas - envia uma mensagem forte e inequívoca: o combate armado, a guerra e a morte. O próprio brasão da PM ainda traz os elementos de sua origem na época colonial e escravocrata - os ramos de cana, café e a coroa - quando sua função principal era "disciplinar" e controlar a população negra escravizada.

Exigimos que o futuro governador Sérgio Cabral cumpra suas promessas e acabe com o blindado assim que tomar posse e acima de tudo, é imprescindível que o governo eleito implemente uma mudança estrutural, priorizando a geração de emprego e o desenvolvimento de políticas sociais que apontem perspectivas reais para a juventude e para os trabalhadores. Essas mudanças devem estar associadas a uma outra concepção de política de segurança pública, que tenha como princípio a compatibilidade entre Direitos Humanos e eficiência policial, que esteja baseada em investimentos urgentes e contínuos em inteligência policial; em investigações sérias e coordenadas entre as polícias, o ministério público e o poder judiciário; em medidas concretas para por fim à corrupção que atinge os poderes públicos, em especial as forças policiais. Por essas razões, para nós o Dia 10 é um dia de luta!

Pela extinção imediata dos blindados como o "Caveirão" e o "Pacificador".

Por saúde, educação, emprego, terra e dignidade.

Informações com as organizações da campanha

Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis: Sheila Guimarães (24) 22423913

Grupo Legítima Defesa da Nova Holanda: Alberto Aleixo (21) 8277-8419

Justiça Global: Camilla Ribeiro - (21) 2544-2320

Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência: Maurício Campos fones: (21) 2210-2906 e 9977-4916

Observatório de Favelas: Raquel Willadino (21) 3104-4057

__________ Informação do NOD32 IMON 1911 (20061208

A violência e o caos social analisados por um policial militar

Renato Dutra Pereira*


A quantidade de detentos no Brasil dobrou nos últimos oito anos. Em 1995 era de 148.760, em 2006 eles já são 358.404. E segundo uma pesquisa do Ministério da Justiça sobre os presídios no Brasil, a quantidade de vagas necessárias para acabar com a superlotação dos presídios só aumenta. Em 1995 era de 80.163, em 2006 já é de 157.058. E ainda segundo o Ministério da Justiça, criar uma vaga num presídio custa ao Estado R$ 20 mil, o equivalente a cinco casas populares. E dos 25 Estados pesquisados, 18 admitem a existência de facções criminosas nas cadeias.

Com o método de manter os presos sem trabalho e sem atividade, os presídios geram despesas para o Estado e inviabilizam a recuperação dos condenados, transformando-se em universidades do crime. Hoje 23,9% dos que são condenados entram no presídio por roubo, 10,5% por tráfico, 9,1% por furto, 8,9% por homicídios e 47% por outros crimes. Desse total, 98% são negros, pobres e uma grande maioria, 80%, são analfabetos ou não completaram o ensino fundamental. Sem contar que 60% têm menos de 30 anos, 83% não estudam e 74% não trabalham.

Já diz o ditado popular que “mente vazia é oficina do diabo”. E por isso mesmo a principal chance de ganhar dinheiro na cadeia é com o tráfico e com extorsões praticadas por intermédio de celulares. Os mesmos celulares que comandam assassinatos, seqüestros, roubos, estelionatos e outras tantas ações criminosas organizadas ou não.

Querer que apenas a polícia dê conta de resolver a questão da violência é querer tapar o sol com uma peneira. Isso porque policiais recebendo salários achatados e incompatíveis com sua função de agentes públicos de segurança não têm condições de combater de forma eficiente essa avalanche de crimes e ações criminosas.

As polícias, civil, militar e federal não conseguem combater toda essa onda de violência porque na verdade suas origens não estão no crime organizado. Mas na desigualdade social, na urbanização desordenada, desestrutura familiar, na impunidade, na falta de políticas públicas, no acesso fácil às armas, na concentração de renda, no desemprego, no narcotráfico e em outras tantas mazelas do nosso sistema político e econômico.

A morosidade do Poder Judiciário leva o cidadão a deixar de lutar por seus direitos e freqüentemente pensar que é possível “fazer justiça” com as próprias mãos. Além disso, outro fator inibidor é o alto custo das taxas judiciais e custas processuais, que torna as pequenas demandas impraticáveis. Acrescente-se ainda o baixo salário dos delegados, muitas vezes desestimulados. Contraditoriamente, juízes ganham salários astronômicos, muitas vezes equivalentes a vários meses de trabalho de um delegado ou até em mais de um ano de um agente policial.

Cesare Beccaria, um pensador do século XVIII, já nos advertia: “As vantagens da sociedade devem ser distribuídas eqüitativamente entre todos os seus membros. Entretanto, numa reunião de homens, percebe-se a tendência contínua de concentrar no menor número os privilégios, o poder e a felicidade, e só deixar à maioria a miséria e debilidade”. Eis a raiz da violência e da barbárie que vivemos e que ainda nos levará para um caos social quase impensável hoje.

*Renato Dutra Pereira é 1º Sargento da Brigada Militar em Santa Cruz do Sul, RS

Título original: A violência e o caos social

Fonte: Gazeta do Sul, Santa Cruz do Sul, RS – 04 12 2006
Site: www.gazetadosul.com.br

Tribo indígena dos EUA compra rede Hard Rock Cafe

Hard Rock Cafe
Os bares e restaurantes Hard Rock estão presentes em 45 países
Uma tribo indígena americana acertou a compra da cadeia de bares e restaurantes Hard Rock Cafe por US$ 965 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).

A tribo Seminole já administra hotéis e cassinos com a marca Hard Rock em Tampa e em Hollywood.

A Hard Rock tem 132 bares e restaurantes em todo o mundo, que geraram em 2005 um lucro de cerca de R$ 150 milhões (em torno de R$ 320 milhões).

A tribo Seminole, com 12 mil integrantes, tem reservas territoriais em Oklahoma e na Flórida, e seus principais interesses empresariais estão nos ramos de tabaco, turismo e jogos de azar.

Tratado de paz

Os seminoles viviam da criação de gado, plantação de frutas cítricas e de empréstimos federais até o final dos anos 1970, quando abriram sua primeira casa de bingos e loja de cigarros livres de impostos.

A tribo indígena é a única a nunca ter assinado um tratado de paz com o governo americano.

O grupo Rank, que está vendendo a cadeia, pretende agora se concentrar no ramo de apostas online e por telefone, em cassinos e em clubes de bingo.

O grupo já havia vendido nos últimos anos outros de seus negócios no ramo de entretenimento.

Thursday, December 07, 2006

Marcha de Combate ao Racismo e todas as Formas de Opressao

Tuesday, December 05, 2006

Brasil resiste à integração racial, diz ministra

Terça, 5 de dezembro de 2006, 20h58 Atualizada às 22h00

A enorme população negra do Brasil está encurralada na pobreza por um apartheid não-escrito, e a sociedade resiste a medidas que promovam a igualdade racial, disse na terça-feira a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.

Para ela, o mito de que o Brasil é um "paraíso racial" na verdade prejudica a integração, porque muita gente acha que o racismo não é uma questão importante. "Nós fomos educados a crer que vivemos num paraíso racial, e que as desigualdades não são raciais, elas são sociais, são econômicas", afirmou Ribeiro à Reuters.

Na opinião dela, embora a discriminação não seja nem violenta nem institucionalizada, o resultado é simplesmente devastador para os negros. "Existe um apartheid não legitimado por lei", disse ela, citando casos de discriminação e baixa renda entre os negros, que formam quase metade dos 185 milhões de brasileiros.

Logo depois de tomar posse, em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o primeiro ministro negro do Supremo Tribunal Federal, ordenou a inclusão da história e da cultura africanas no currículo escolar e criou a pasta de Ribeiro. Além disso, seu governo começou a conceder direitos de posse às comunidades quilombolas.

Mas desde então, segundo críticos, muitas iniciativas do governo, inclusive de ação afirmativa, perderam fôlego. "Lula ampliou a consciência racial e é bem-intencionado, mas muitas medidas são simbólicas e continuam no papel", disse Edson Cardoso, editor da Irohin, revista voltada para questões dos negros.

Ribeiro acusa a elite econômica, a mídia, os políticos e os acadêmicos de bloquearem medidas como o sistema de cotas raciais. "Um dos condutos da reação contrária é não querer dividir o bolo, não querer dividir a riqueza do país. A verdade é que estamos indo contra a lógica da visão elitista da política brasileira."

A lei que prevê cotas raciais em universidades, na mídia e no mercado de trabalho está parada há quase dez anos no Congresso. Ribeiro disse que Lula tem várias outras prioridades no Congresso antes de tentar reverter a oposição de vários aliados do governo, entre os quais o presidente da Câmara, Aldo Rebelo.

Ela queixou-se do fato de a imprensa ter chamado as medidas de promoção racial de "demagógicas e inconstitucionais", e de as redes de TV não mostrarem negros, segundo ela, por razões econômicas.

"O meio de comunicação é um reflexo do que pensa a sociedade. Nós fomos educados a acreditar que o belo é o branco. A feiúra não é para ser mostrada. Na concepção tradicional dos meios de comunicação e do comércio, negro não vende, negro não dá ibope."

Na sede do seu ministério, cartazes de Bob Marley e citações de Martin Luther King enfeitam os corredores. Duas fotos em frente ao seu gabinete mostram imagens quase idênticas de mulheres negras carregando latas d''água na cabeça: uma em Moçambique, outra no Ceará.

Em resposta às críticas de que a ação afirmativa poderia provocar o ódio racial ao invés da integração, ela disse que "ninguém abre mão de direitos voluntariamente, precisamos de leis".

Se for mantida no cargo no segundo mandato de Lula, ela pretende se voltar para a criação de oportunidades de empregos para os negros que estão se formando graças a bolsas concedidas pelo governo Lula. "Precisamos de mais acesso à educação, precisamos permitir a mobilidade social."

Reuters
fonte: http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1285681-EI306,00.html

Senador diz que Estatuto da Igualdade Racial foi boicotado na Câmara

BOMBA: Senador diz que Estatuto da Igualdade Racial foi boicotado na Câmara

IGUALDADE

Texto de: LEANDRO FORTES


(Paim recebe prêmio de responsabilidade social)
Era para ser somente umas das atividades da Semana da Consciência Negra dentro do Congresso Nacional, onde iria se discutir a presença dos negros nas Forças Armadas. O evento, requerido pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), acontencia em um pequeno auditório da Câmara dos Deputados, na presença de militares, militantes do movimento negro e outros convidados. Na mesa, além de Jungmann, o senador Paulo Paim (PT-RS) aproveitou para subir o tom e fazer um surpreendente desabafo. Autor do projeto de lei do Estatuto da Igualdade Racial, ele acusou a Câmara de deliberadamente, boicotar o texto. "Já votaram todos os estatutos, menos o da Igualdade Racial': bradou Paim, diante da platéia. O senador desconfia de racismo.

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Fonte: http://www.mhariolincoln.jor.br

Quilombos na origem de confronto silencioso entre negros e brancos

Sent: Sunday, December 03, 2006 9:05 PM

HUMBERTO TREZZI*

País sem fama de confrontos étnicos, o Brasil vive um conflito silencioso entre brancos e negros, inclusive no Estado (RS). A tensão cresce sobretudo entre descendentes de escravos e agricultores de origem européia em torno de áreas consideradas remanescentes de quilombos.
Redutos negros ilhados por um Brasil globalizado, essas propriedades foram povoadas por descendentes dos 3 milhões de escravos africanos trazidos ao país entre os séculos 18 e 19. Por determinação da Constituinte de 1988, o governo federal, por meio da Fundação Palmares (Ministério da Cultura), identifica e determina a devolução a famílias negras de áreas que seriam remanescentes de quilombos.

De 127 áreas rastreadas no Estado, 25 tiveram processo de regularização aberto pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), encarregado de medir e, se for o caso, entregar as terras aos negros. Eles reúnem 3.055 famílias. A maior parte dos processos está na primeira etapa, de identificação, quando antropólogos e sociólogos pesquisam a presença de negros no passado. Aí começam os problemas.

Uma das questões é definir o que é um quilombo. Muitas áreas foram fundadas por ex-escravos, em terras compradas ou doadas pelos antigos fazendeiros. Seriam núcleos negros, não necessariamente rebelados. A Fundação Palmares aceita que famílias negras declarem "por autoreconhecimento" serem descendentes de quilombolas, embora as brancas afirmem ocupar as mesmas áreas há mais de um século. Em caso de desapropriação, os colonos brancos têm de ser removidos e indenizados pela União. E eles não querem sair.

Muitos tentam barrar na Justiça a entrega das áreas às famílias negras. Em Restinga Seca (Região Central), onde duas comunidades estão previamente reconhecidas como "redutos de pretos", brancos e negros trocam desaforos. Os brancos argumentam que os bisavós chegaram numa migração de 1850. Os negros, que antepassados compraram a área.

Em Sertão (Planalto Médio), as famílias negras reivindicam uma área de 1.323 hectares, onde moram 80 famílias brancas. Délcio Luis Cecconello, 37 anos, teme perder os 20 hectares onde planta soja, milho, trigo e cria vacas e porcos.

- Temos amor por essa terra e não fizemos nada de errado para ter que sair dela - desabafa.

Mãe de três filhos, Laides Oliveira da Rosa, 30 anos, diz integrar a quarta geração da família negra que mora na comunidade de Mormaça.

- Temos nossos direitos, que há anos estavam esquecidos. Vamos esperar para ver o que o Incra determina - diz Laides.

Em Maquiné, no Litoral Norte, brancos e negros garantem estar na região de Morro Alto desde o Império. O vereador José Cláudio Goldani (PMDB), descendente de italianos, reclama da desvalorização das terras da família, enquanto exibe a marca de três tiros, que relaciona à disputa. A contestação vem de uma vizinha:

- Os estrangeiros receberam terra. Só os negros foram libertados sem nada - pondera a auxiliar de enfermagem aposentada Irenita Francisca Nunes, 57 anos, neta de escravos.

Incra promete indenizar os brancos desalojados

A tensão não cresce apenas entre agricultores. Em Bagé, famílias negras reivindicam áreas da empresa de reflorestamento Votorantim. Em Gravataí, algumas famílias querem parte da área da General Motors.

- Eram esperadas divergências. O branco que tiver legitimidade será indenizado, e as terras com origem em quilombos, devolvidas aos negros - afirma José Ruy Tagliapietra, responsável no Incra pela demarcação no Estado.

Filha de escravos, Aurora Silveira (na foto) resume o discurso dos negros.

- Espero ver meus filhos com terra para trabalhar. E não vou ficar triste se meus vizinhos brancos tiverem de ir embora - revela a mulher de 97 anos.

* Colaboraram Cleber Bertoncello e Rodrigo Cavalheiro

( humberto.trezzi@zerohora.com.br )


Fonte: Zero Hora – Porto Alegre, RS - 03 12 2006
Site: www.zerohora.com.br

Jovens 'vulneráveis' sonham com mundo sem guerras


Tainá e crianças do programa de incentivo à leitura
Tainá participa de programa de incentivo à leitura nas escolas
O que esperam do futuro adolescentes que tiveram um passado de sofrimento e que, não fossem ações de ONGs ou do governo brasileiro, talvez nem estivessem vivos hoje?

A BBC Brasil entrevistou jovens que enfrentaram situações que o Unicef, em seu relatório "Situação da Infância no Mundo", de 2005, classifica como as que mais ameaçam essa faixa etária no país: a pobreza, a violência urbana e o HIV.

A paulista Daniela*, de 15 anos, nasceu com o vírus da Aids, perdeu o pai para a doença e chegou a passar quatro meses internada com suspeita de câncer cerebral. Em Salvador, Jonathas, 16, abandonou a escola e vivia de pedir dinheiro pelas ruas de Salvador. No semi-árido baiano, Tainá, 16, trabalhava na colheita de sisal desde os 4 anos e só começou a estudar aos 8.

Hoje, eles não só superaram as dificuldades como também estão empenhados em ajudar outras crianças e adolescentes na mesma situação. E sonham com um mundo sem guerras nem violência.


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Fonte: BBC Brasil

Erro ao ilustrar a História





Pesquisador denuncia que fotos de João Cândido usadas em dois livros são de marinheiro

Helvio Lessa

Rio - Fotografias erradas do Almirante Negro João Cândido, líder da Revolta da Chibata, no início do século passado, publicadas em dois livros, e divulgadas em vários sites, estão causando polêmica. Fundamentado no depoimento de Adalberto Cândido, o Candinho, filho do marujo que conseguiu pôr fim ao castigo imposto pelos comandantes, o cientista político e juiz João Batista Damasceno está denunciando o erro histórico em exposição de fotos no saguão do Fórum de Nova Iguaçu.

Damasceno afirma que o livro ‘João Cândido, o Almirante Negro’, publicado pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) em 1999, colocou a foto errada na capa. Com isso, segundo o juiz, desencadeou equívocos, e cita como exemplo o livro didático ‘A Revolta da Chibata’, de Maria Inês Roland, publicado pela Editora Saraiva, em 2000. "Foi um erro muito grave. Você não troca a foto de Getúlio Vargas ou do Marechal Floriano. Mas dos excluídos, filhos de ex-escravos, qualquer foto serve", critica.

RISCO HISTÓRICO

Segundo Damasceno, João Cândido, apesar de homem simples, sabia da importância de sua atitude, ao assumir o comando do ‘Minas Gerais’, maior navio da época. "Nós corremos o risco de deixar para o futuro uma história falseada, como acontece aos montes por aí com outros fatos. João Cândido é um herói popular da história. Um feito inigualável que foi reconhecido pelos marinheiros da época que passaram a ter mais direitos. Merece o respeito que um personagem histórico tem direito", justificou.

Uma das preocupações em começar a corrigir o erro, segundo o juiz, é o fato de que a foto errada sofreu tratamento e, por isso, acabou se popularizando. O marujo que se passa por Cândido é o imediato do comandante Manoel Gregório, que tomou o encouraçado ‘São Paulo’ durante a Revolta das Chibatas. Além do erro gráfico, Damasceno alerta para outras injustiças em relação aos personagens de 1910. "A República é recheada de intervenções militares. Todos foram anistiados, menos os de dois movimentos: a Revolta da Chibata e o Levante Comunista, de 1935.

Candinho confirma a denúncia do juiz e afirma que ficou sabendo do erro, logo após a publicação do livro. Ele conta que chegou a comentar com profissionais do MIS, que teriam ficado de corrigir as fotos. "Mas até hoje não foi reparado o erro. Eles tinham diversas fotos verdadeiras dele, que também usaram no livro", lamenta ele, acrescentando que, com o auxílio de uma lupa, conseguiu ver o nome do homem da foto errada. "Se não me engano, se chamava Avelino", disse.

A pesquisadora Marília Trindade Barbosa da Silva, que presidia o MIS na época, rebate as acusações, dizendo que não houve falta de empenho nas pesquisas e, muito menos, discriminação por ser uma figura popular. Ela disse que acha estranho isso surgir agora, já que Candinho e a irmã teriam acompanhado o trabalho e em momento algum disseram que a foto estava errada. "Já fiz a biografia de Pixinguinha, Cartola e Carlos Cachaça. Nossa equipe teve empenho total", disse.

A assessoria de imprensa da Saraiva informou que a editora não tinha conhecimento de que a foto estava errada e que vai entrar em contato com Candinho. A empresa se comprometeu a corrigir o erro na próxima edição do livro, que ainda estaria na primeira edição.

Revolta contra os castigos, como chibatadas

A Revolta da Chibata foi um levante ocorrido em 1910, em que dois mil marinheiros, liderados pelo gaúcho João Cândido, reivindicavam do presidente recém-empossado Hermes da Fonseca o fim dos castigos corporais, como a chibatada.

Uma semana após assistirem à punição de um companheiro, a tripulação do encouraçado ‘Minas Gerais’ rebelou-se, matou o comandante e obteve o apoio de outras embarcações ancoradas na Baía da Guanabara.

Encerrada a revolta sob a promessa de anistia, João Cândido foi preso e expulso da Marinha. Internado e tratado como louco e indigente, o Almirante Negro só foi absolvido em 1912. Discriminado e perseguido, morreu de câncer aos 89 anos. Sua memória foi resgatada pelos compositores João Bosco e Aldir Blanc, no samba "O mestre-sala dos mares".

O Dia Online, 05.12.2006 - www.odia.com.br

Sunday, December 03, 2006

Sincretismo marca cultos a Santa Bárbara e Iansã


Homenagens mobilizam hoje católicos e adeptos do candomblé com missas, procissão e o tradicional caruru



Alexandre Lyrio

Dezembro do ano passado, missa campal no Pelourinho. O padre responsável pela celebração litúrgica em louvor a Santa Bárbara improvisa com uma surpreendente homenagem a Iansã. A multidão se manifesta. “No meio da missa as pessoas começaram a entoar cânticos de candomblé. Os que glorificavam Santa Bárbara, passaram a enaltecer Iansã”, narra a ialorixá Estelita de Iansã, do terreiro Ilê Oya. Era o movimento sincrético que costuma reger todos os festejos da santa. O mesmo que promete se manifestar durante as comemorações de hoje, quando se inicia o calendário de festas populares.

“Epa hey!”. A saudação a Iansã é comumente dirigida também à imagem da santa católica. Na maioria dos terreiros de candomblé, o culto às duas divindades se mantém indissociável, e deve ser a síntese dos festejos dessa segunda-feira. “Santa Bárbara é a minha mãe. Hoje é dia de homenagear a deusa dos ventos, rainha das tempestades”, profere a ialorixá Estelita de Iansã, em oratória claramente heterogênea. A mãe-de-santo poderia separar os preceitos religiosos, mas prefere exaltar a ambos, resumindo o amálgama em que se fundem as religiões na Bahia.

As duas doutrinas deixam claro de que se trata de divindades diferentes. “Iansã é Iansã, Santa Bárbara é Santa Bárbara”, esclarece o prior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Eurico Alcântara. “Uma é católica. A outra do candomblé. Devem ser cultuadas em separado”, confirma o ogâ do terreiro Ilê Axé Oxumarê, Marcos Rezende Correia. Ambos admitem, porém, que a dupla devoção se conserva arraigada às tradições. Tanto que trabalham juntos na organização da festa.

Um se preocupa com os preparativos da procissão na Igreja. O outro com o lugar para onde tradicionalmente se dirige o cortejo. A mesma imagem que sai do Rosário dos Pretos é levada para a porta do Mercado de Santa Bárbara, que concentra as manifestações africanas em favor de Iansã. “De fato, é difícil lutar contra essa mistura de princípios”, convense-se o prior da igreja, que também é sacerdote do candomblé. “Rendemos saudações a Iansã, mas não rejeitamos a fé católica”, pondera o filho de Xangô, que mantém as imagens da santa e da orixá numa única gruta, edificada dentro do mercado.

O sincretismo é antigo. Santa Bárbara e Iansã se mantém indissociáveis desde a época dos escravos, quando era necessário submeter o culto africano às crenças brancas. Em sinal de progresso, a Igreja atual demonstra tolerância com os cultos afros, ainda que eles já consigam caminhar com as próprias pernas. “Hoje, o candomblé mantém sua autonomia, não precisa se esconder por detrás dos santos católicos”, sustenta Eurico Alcântara. Em palavras moderadas, Estelita de Iansã encontra o meio termo na discussão, essencial para que se conserve a paz entre as duas religiões. “Antes fazíamos às vezes, dos brancos. Hoje rendemos homenegens à Santa Bárbara para manter a tradição”, explica.

Fato é que quando a imagem de Santa Bárbara deixar a Igreja do Rosário, as diferenças cairão por terra. Prevalecerá a fé, em meio à multidão em estado de graça. Homenagens virão de católicos e integrantes de religiões africanas. Sinceras e poderosas orações, de ambos os lados, serão direcionadas à santa, em busca de favores benévolos e causas impossíveis. Santa Bárbara e Iansã estarão juntas, em contígua harmonia, elevadas pela autêntica crença do povo baiano, quase sempre em intrigante miscigenação. “Epa Hey Santa Bárbara”.

***
Caruru de 77 mil quiabos bate recorde

Um dos filhos nasceu no dia da festa, 4 de dezembro. Desde então, a ialorixá Risalva Silva Soares, 58 anos, passou a reverenciar Iansã com imensa fartura de caruru. Este ano, não houve graça especial alcançada. “Recebi somente o amor de minha mãe”. Mesmo assim, dona Risalva deve bater todos os recordes de doação de iguarias em festas de Santa Bárbara. Promete preparar caruru com impressionante número de quiabos: exatos 77 mil. “Contados um a um”, revela.

Vai abastecer todos os que necessitarem de alimento, livrando os festejos de provável escassez de comida. Sem os tradicionais carurus do Mercado de Santa Bárbara e do Corpo de Bombeiros, as comemorações à santa chegaram a ser ameaçadas. Agora terá abundância nunca antes vista em décadas. O banquete deve suplantar a demanda. O excedente de caruru vai ser direcionado para outros centros, como o Mercado Modelo, onde também acontece alguma celebração. “Somente o Mercado Modelo vai levar cinco mil quentinhas”, calcula.

Um exército de ajudantes garantiu mão-de-obra para preparar o caruru. Quase 80 pessoas tiveram a missão de reduzir em pedacinhos a montanha de quiabos que se formou nos fundos da casa de Dona Risalva. Para garantir saboroso tempero, adicionou-se à receita 60kg de cebola, cinco caixas de tomate, 50kg de castanha, seis sacos de 50kg de camarão e 450kg de frango para o xinxim de galinha.

Dez imensos panelões de massa de vatapá estão prontos para receber litros e litros de leite de côco e azeite de dendê. No total, serão dez mil quentinhas distribuídas entre os devotos. “Iansã é muito rica. Merece fartura”, justifica a ialorixá, que está à frente do Terreiro Jurema, localizado em casa simples no bairro de Pitangueiras de Brotas.

***
Proibida entrada em prédio

O local onde se dá o auge da festa de Santa Bárbara será fechado durante as comemorações. Problemas estruturais no prédio do Primeiro Grupamento do Corpo de Bombeiros Militares(CBM) vai impedir a tradicional recepção à imagem. Um esquema de segurança especial será montado para garantir o cumprimento da recomendação do Ministério Público Estadual (MPE), que desaconselhou aglomeração de pessoas no edifícil. “Vamos disponibilizar um efetivo para não permitir a entrada de civis”, informa o comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Barbosa.

A estrutura do edifício passa por problemas na rede elétrica, grave comprometimento na alvenaria e profundas corrosões e infiltrações, o que impossibilita a entrada do cortejo. Pela primeira vez, em décadas, a padroeira dos bombeiros deve ser barrada na entrada do antigo prédio, construído em 1917. O coronel Sérgio Barbosa estuda a possibilidade de a santa ser transportada por única guarnição de militares, em desfile simbólico pela área interna, enquanto os fiéis ficam do lado de fora.

Motivo de preocupação para alguns dos organizadores. O representante da Igreja do Rosário teme o descontrole popular. “No momento da emoção, a multidão pode exigir que a tradição seja cumprida”, alerta. Os filhos de Iansã também podem reclamar à entrada no prédio, ante possível energia ancestral que paira sobre o lugar. “Antes do Corpo de Bombeiros naquele lugar se instalava uma casa de exu. É importante que o ritual seja realizado”, explica o ogã, Marcos Rezende.

Mesmo sem poder adentrar o quartel, os fiéis terão direiro ao tradicional banho de água benta, realizado através do esguicho de uma das viaturas utilizadas em operações de salvamento e combate a incêndio. A água é previamente abençoada pelo capelão católico da PM. “Uma inusitada mistura de devoção popular, religião oficial e instituição militar”, escreveu em artigo o historiador Joilson Amâncio, que também é sargento do Corpo de Bombeiros. Além de padroeira dos bombeiros na Bahia, Santa Bárbara também é cultuada por grupamentos anti-incêndio de outros países, como França e Espanha.

***
Tradição secular

O Mercado de Santa Bárbara ainda funcionava no pé da Ladeira da Montanha quando se iniciou o culto à divindade católica em Salvador. Por volta de 1641, a festa começou a ser organizada por comerciantes da cidade baixa, que dividiam as despesas dos preparativos. Nessa época, o sincretismo religioso se fazia ainda mais forte. “A festa não era organizada por nenhuma irmandade religiosa da igreja, mas pelos barraqueiros da cidade baixa e adeptos do candomblé, pessoas comuns do povo”, revela o historiador e sargento do Corpo de Bombeiros, Joílson Amâncio.

Talvez por isso não tivesse a mesma visibilidade de outros festejos, como o de Nossa Senhora da Conceição da Praia, Nosso Senhor dos Navegantes, Festa de Reis e Lavagem do Bonfim. Nessa época, a imprensa pouco noticiava a festa de Santa Bárbara, que esteve perto de chegar ao fim na década de 1930. “Em 4 de dezembro de 1937, o jornal O Estado da Bahia registra que aconteceu apenas a missa comemorativa, não havendo a procissão nem o tradicional caruru”, escreveu o historiador em artigo publicado no site da Polícia Militar.

Incêndios constantes no antigo mercado fizeram com que a festa fosse transferida, ainda na primeira metade do século XX, para o Mercado da Baixa dos Sapateiros, atual Mercado de Santa Bárbara. Somente na segunda metade da década de 1960, com a efetiva participação do Corpo de bombeiros, a os festejos ganham visibilidade. “Encontrei nos jornais A Tarde e Jornal da Bahia registros da presença mais ostensiva dos Bombeiros, como o emprego da banda de música na procissão e no mercado” descreve Amâncio. Nessa época, os folguedos duravam três dias
No pontificado do papa Paulo VI, em 1969, alguns santos foram retirados do calendário comemorativo dos católicos, inclusive Santa Bárbara. Como a santa é fruto da tradição popular, ainda na Fenícia do século IV, o vaticano alegou falta de provas materiais da sua existência, sem que fosse instituído o processo de canonização. A mesma fé popular que a santificou impediu que a festa se acabasse. Apesar da expurgação, a santa continuou a ser cultuada em Salvador. “Santa Bárbara tem sua festa mesmo cassada”, escreveu o Jornal da Bahia de 4 de dezembro de 1969. Somente em 2002, com João Paulo II, a Igreja voltou a reconhecer os festejos de Santa Bárbara.

***
PROGRAMAÇÃO

5h – Alvorada/Queima de fogos na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
7h – Missa Profissão dos Novos Irmãos à Devoção/ Iniciados na devoção a Santa Bárbara são consagrados.
10h – Missa campal no Largo do Pelourinho/ Celebrada pelo padre Ademar Dantas e demais sacerdotes.
11h – Procissão / Percorre as ruas do Centro Histórico em direção ao prédio do Corpo de Bombeiros, na Baixa dos Sapateiros. Depois segue para a entrada do Mercado de Santa Bárbara, retornando à igreja.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 04.12.2006
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Festival de Alaiandê Xirê

Festival reúne as diversas religiões de matriz africana

Flávio Costa

No encerramento do Festival de Alaiandê Xirê, que reúne sacerdortes músicos das três nações de candomblê – queto, angola e jeje – será realizada a mesa-redonda As diferentes origens dos povos bantos, com especialistas no assunto. Logo após, ocorrerá a cerimônia de “dobrar os couros (homenagear)” o Terreiro do Bate Folha, onde se realiza o evento. Ontem, no segundo dia do festival, houve uma outra mesa-redonda, na qual se debateu a importância histórica do terreiro da Nação de Angola, fundado há 90 anos por Manuel Bernardino da Paixão. Além disso, as delegações de alabês (queto), xicarangomas (angola) e runtós (jeje) apresentaram os toques característicos de cada orixá ou inquices para o público presente.

Além de visar a congregação das diversas religiões de matriz afro-brasileira e reunir festivamente os mestres tocadores dos ritmos africanos, o festival se propõe a debater sobre temas ligados à africanidade. Um exemplo é a temática de hoje: a origem dos povos bantos. Esse povo, habitante da África Meridional, é representado por pessoas que falam entre 700 e duas mil línguas aparentadas, estendendo-se para o sul, logo abaixo dos limites sudaneses, até o Cabo da Boa Esperança, compreendendo as terras que vão do Atlântico ao Índico.

Os bantos trazidos para o Brasil na época da escravidão eram falantes de várias dessas línguas, principalmente da língua quilongo, falada em Congo, Cabinda e em Angola; o quimbundo, falado em Angola acima do Rio Cuanza e ao redor de Luanda; e o umbundo, falado em Angola, abaixo do rio Cuanza e na região de Benguela. Para o coordenador da mesa-redonda de hoje, o médico Luis Austregésilo Barbosa, os bantos prestaram uma contribuição decisiva para a formação da cultura popular brasileira. “A influência pode se averiguar nas próprias práticas religiosas da cultura afro-brasileira”. A nação de candomblé congo/angola é descendente direto da cultura banto.

Na manhã de ontem, o debate ocorreu sobre os 90 anos de existência do terreiro do Bate Folha, que é um candomblé de angola. O coordenador da mesa-redonda, o advogado Florivaldo Cajé, foi taxativo ao falar sobre o local. “Trata-se, sem dúvida alguma, do mais importante candomblé de angola de Salvador, e da Bahia”. Já a comandante do terreiro, a nengua guanguacessy, dona Olga se diz honrada em sediar o Alaiandê Xirê. “Considero uma celebração da união e de paz entre os povos de candomblé”, disse Dona Olfa, que afirmou também estar contente com o aumento do respeito da sociedade em relações às pessoas ligadas às religiões afro-brasileiras.

Para o ogã Gilberto de Exu, membro do terreiro Ilê Ya Mi Oxum Muiywá localizado na cidade de São Paulo, o Alaiandê Xiré é uma forma de valorizar uma classe esquecida dentro do candomblé – os sacerdortes músicos. “Este festival vem dar visibilidade a um grupo no candomblé, que recebeu pouca atenção graças aos brilhos dos babalorixas e ialorixás. Mas a música na religião afro-brasileira tem uma importância crucial, este evento vem lembrar este detalhe”.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 03.12.2006
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Dia do Samba é celebrado com missa e shows em Salvador

Dia do Samba é celebrado com missa e shows em Salvador

Mais de 20 atrações se apresentam no palco montado no Terreiro de Jesus

Ana Carolina Araújo e Jony Torres

“Osamba é um feitio de oração”, dizia Noel Rosa. Seguindo à risca os ensinamentos do mestres, o Clube do Samba da Bahia (CSB), a Unesamba, a Lira Imperial e a Associação do Samba de Roda promoveram a segunda edição da Missa do Samba, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. A celebração seguiu o rito romano, mas ganhou toques especiais da cultura negra, como os cantos em ritmo de samba e os instrumentos de percussão. A roda de samba que começou no Largo do Pelourinho seguiu animada para a Praça do Reggae, onde sambistas baianos fizeram a festa até o início da noite.

À noite, as orações foram trocadas pelo som das cuícas, tamborins e pandeiros, no show organizado no Terreiro de Jesus. A praça ficou lotada de gente boa da cabeça e de pés agéis, para comemorar mais um Dia do Samba. No palco, em homenagem ao genuíno ritmo brasileiro, passaram quase 20 atrações como os bambas baianos Edil Pacheco, Walmir Lima e Nelson Rufino, além dos convidados Jair Rodrigues, Nilze Carvalho e Antônio Carlos e Jocafi.

A festa já se consolidou como um marco na luta dos sambistas pelo reconhecimento do espaço que o ritmo merece na cultura musical brasileira e baiana. Criada há 35 anos, sempre que é realizada atrai um grande número de pessoas. Edil Pacheco participa da comemoração desde 1972 e é hoje um dos principais organizadores. “Não é só uma festa do samba, mas de toda a Bahia pois ela já caiu nas graças do povo e virou tradição”, comentou o sambista.

A celebração do Dia do Samba começou às 10h e os primeiros toques de percussão acabaram atraindo quem não tinha saído de casa para ir à missa. Apesar de poucos ativistas do ritmo que nasceu na Bahia terem comparecido, os visitantes se encarregaram de ocupar o resto dos banhos da igreja. Um grupo de turistas cariocas que veio a Salvador pela primeira vez se surpreendeu com a festa pitoresca. “Na Bahia é tudo com festa mesmo, até a missa”, disse um deles.

Nos bancos da Igreja do Rosário, a fé e contrição de alguns se misturavam à incontrolável vontade de dançar ao som do samba tradicional que costurou todos os momentos da liturgia. O celebrante, padre Ernest Joseph Mchota, que veio de Malaui há dois anos para trabalhar na Pastoral Afro, lembrou que no Brasil a liturgia ainda é muito romanizada, e momentos onde a fé cristã se une às tradições locais ajudam na criação de uma igreja mais próxima da realidade do povo. “Na África já temos celebrações bastante aculturadas, mas no Brasil isso ainda precisa crescer.”

Preservação - A Missa do Samba foi criada como expressão de fé, mas também homenagem aos negros que criaram o samba brasileiro e construíram a Igreja do Rosário dos Pretos. À frente das comemorações, o presidente do CSB, Wilson Santos, entende a presença dos movimentos pela preservação do samba dentro das igrejas, interagindo com elas, é uma prova importante da consolidação do ritmo como manifestação cultural unânime no país. Santos fez ainda questão de reforçar a importância do diálogo inter-religioso. “Cada um que está aqui tem a sua fé, e muitos são do culto afro, mas escolhemos esse espaço porque a Igreja Católica acolhe todas as pessoas, independentemente de religião”, explica ele.

Convidado mais ilustre da Missa do Samba, o historiador e conhecido amante do samba, Jaime Sodré fez questão der usar a palavra para elogiar a iniciativa da missa. “Geralmente as nossas comemorações acontecem no espaço externo das igrejas, mas aqui a alegria foi acolhida e pudemos fazer uma prece em ritmo de samba. O sambista não só batuca, mas também reza e batalha para que o samba não morra”, analisou.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 03.12.2006
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Saturday, December 02, 2006

Nota de repúdio às declarações do presidente Lula

Nota de repúdio recebe mais de 120 assinaturas e é protocolada no
Palácio do Planalto
30/11/2006

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Nota de repúdio é protocolada no Palácio do Planalto

Com a adesão de mais de 120 organizações da sociedade civil de
defesa do meio ambiente, movimentos sociais e movimentos indígenas,
foi protocolada na manhã desta terça-feira,28 de novembro, no
Palácio do Planalto, a nota de repúdio às declarações feitas pelo
Presidente da República, em 21 de novembro, em Barra do Bugres (MT).
Confira a nota divulgada em 24 de novembro

A declaração do Presidente da República de que as questões dos
índios, quilombolas, ambientalistas e Ministério Público travam o
desenvolvimento do País, causa-nos profunda indignação.

Informações do próprio governo atestam que a morosidade na
tramitação de alguns projetos de infra-estrutura se deve à sua má
qualidade ambiental, ao não-cumprimento de prazos por parte dos
empreendedores e à insuficiência de quadros e de recursos nos órgãos
públicos responsáveis pelo licenciamento. "Destravar" o
desenvolvimento não deveria significar a supressão de direitos ou de
garantias legais, e sim a superação de fragilidades técnicas dos
empreendedores e do governo.

Ao atacar minorias, o Presidente recorre a um pretexto obviamente
inconsistente e comete inominável injustiça.

O exercício da função de fiscal da lei pelo Ministério Público só
pode ocasionar eventual atraso na implementação de projetos de infra-
estrutura quando é acolhido por decisões do Poder Judiciário, que
aos governantes, em regime democrático, cabe cumprir. A todos
interessa o desenvolvimento do País, que não é apenas crescimento
econômico, lição aprendida desde os tempos da ditadura.

Estamos à disposição do Presidente para um diálogo franco e direto
sobre o interesse comum pelo desenvolvimento em sentido amplo.

DESENVOLVIMENTO, SIM. DE QUALQUER JEITO, NÃO.

Associação Brasileira de ONGs – ABONG
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
(Coiab)
Fórum Carajás
Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e Biodiversidade – FPMCB
Grupo de Trabalho Amazônico – GTA (600 filiadas)
Portal Ecodebate
Rede Biodireito – Medicina
Rede Cerrado (300 filiadas)
Rede Mata Atlântica (300 filiadas)
Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multialterais
Rede Pantanal
AMA Brasil Soberano – Cotia/SP
Ambiente Brasil
Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
Angico
AS-PTA
Associação do Verde e proteção do Meio Ambiente – Avepema
Associação Ambientalista do Alto São Francisco
Associação Ambientalista Pró Unidades de Conservação - PRÓ- VERDE
Associação Atmosphera
Associação Caeté Cultura e Natureza
Associação Camponesa – ACA
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária – AMAR
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Resplendor - ADERE
Associação em Defesa do rio Paraná, afluentes e mata ciliar – Apoena
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – Agapan
Associação dos Geógrafos Brasileiros – ES
Associação Livre para Gerenciamento Ambiental – ALGA
Associação Movimento Ecológico Carijós – AMECA
Associação dos Pescadores e Amigos do rio Paraíba do Sul (Projeto
Piabanha)
Associação Potiguar Amigos da Natureza – Aspoan
Associação de Preservação do Alto Vale do Itajaí – APREMAVI
Associação Sócioambientalista IGRE (RS)
Associação de Trabalhadores Rurais do Vale do Corda
Associação dos Professores De Direito Ambiental Do Brasil – APRODAB
Associação Mineira de Defesa do Ambiente – AMDA
Associação Pernambucana de Defesa da Natureza – ASPAN
Associação Protetora da Diversidade das Espécies – PROESP
Bio-Bras
Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais
Brigada Indígena de Apoio aos Índios Tupinikium e Guarani no ES
Cantos do Mundo
CCPY – Comissão Pró-Yanomami
Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica
Centro de Estudos Ambientais – CEA
Centro de Estudos e Exploração Sustentável do Cerrado – CENESC
Centro Experimental de Educação Ambiental – CEDEA
Centro de Orientação Ambiental Terra Integrada - Jundiaí – COATI
Centro Experimental de Educação Ambiental – CEDEA
CEPECS Brasil – Centro de Pesquisas Ecológicas Culturais
Centro de Referência do movimento a cidadania pelas águas, florestas
e montanhas Iguassu
Comissão Pró-Índio de São Paulo
Conlutas
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
EAACONE – Equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras
do Vale do Ribeira
Ecologia & Ação – ECOA
Esplar - Centro de Pesquisa e assessoria
FASE – Amazônia
FASE – BA
FASE - ES
Federação das Entidades Ambientalistas Potiguares, FEAP/PR
Federação de Entidades Ecologistas Catarinenses – FEEC
Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn)
Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São
Paulo
Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará
Forum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento - FORMAD
Fórum Nacional da Sociedade Civil nos CBHs
Fundação Centro Brasileiro de Referência Cultural – CEBRAC
Fundação Neotrópica do Brasil
Fundação Rio Parnaíba – FURPA
Fundação SOS Mata Atlântica
Fundação Vitória Amazônica – FVA
Grupo Ama – Amigos do Meio Ambiente Muriaé
Grupo Ambientalista da Bahia – GAMBA
Grupo de Educação Ambiental Mamangava (RS)
Grupo PAU-Campeche
Imazon
In-PACTO Instituto Proteção Ambiental Cotia/Tietê
Instituto Águas do Prata - IAP
Instituto Akatu
Instituto Ambiental Vidágua
Instituto Ambiental Viramundo
Instituto Autopoiesis Brasilis
Instituto Brasileiro de Advocacia Pública – IBAP
Instituto Brasileiro de Porteção Ambiental – Proam
Instituto Centro e Vida – ICV
Instituto de Defesa, Estudo e Integração Ambiental – IDEIA
Instituto O Direito por Planeta Verde
Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental - 5 Elementos
Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
Instituto Ecoar para Cidadania – ECOAR
Instituto Ethos
Instituto GTAE- Alagoas
Instituto Hou para a Cidadania
Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB
Instituto Maiwu de Estudos e Pesquisas Indígenas de MT
Instituto Memorial Jânio Quadros - Cotia/SP
Instituto Physis - Cultura & Ambiente
Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN
Instituto Socioambiental – ISA
Instituto Sócio-ambiental Campeche (Florianópolis)
Instituto SOS Vale do Paranapanema – ISVAPAR
ISABI - Instituto Socioambiental da Baía da Ilha Grande
ISVAPAR - Instituto SOS Vale do Paranapanema
ITEREI - Refúgio Particular de Animais nativos
Kanindé - Associação de Defesa Etnoambiental
Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais
Mongue Proteção ao Sistema Costeiro
Movimento Verde de Paracatu
Núcleo Amigos da Terra / Brasil
OCA Brasil
ONG Acácia Pingo de Ouro
Organização Ambientalista Amainan Brasil
Pesquisa e Conservação do Cerrado – Pequi
Projeto Brasil Sustentável e Democrático/FASE
Projeto MIRA-SERRA
Projeto Saúde e Alegria
Rede Brasileira para Conservação dos Recursos Naturais Amigos das
Águas
Reserva Particular do Patrimônio Natural - São Sebastião - RPPN
RIZZIERI
Saúde sem Limites
Sociedade Amigos do Brooklin Velho – SABROVE
Sociedade Amigos de Iracambi
Sociedade Amigos dos Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem – SPVS
Sodema
SOS Amazônia
Terra de Direitos
TERRÆ Organização Da Sociedade Civil
TNC
Urihi
Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz
WWF Brasil

ISA - Instituto Socioambiental - [28/11/2006 20:07]

in www.EcoDebate. com.br - 30/11/2006

Brasil participa de festival de cinema indígena em Nova York

Brasil participa de festival de cinema indígena em Nova York

A cultura, tradições e direitos dos povos indígenas do, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, México e Peru serão mostrados num festival de cinema e vídeo indígena, em Nova York, de 30 de novembro a 3 de dezembro.

Uma das estréia do festival será "Meu Primeiro Contato", do Brasil. O filme lembra a primeira vez que o povo Ikpeng viu o homem branco, em 1965, com um impacto irreversível.

Os produtores, Mari Correa e Kumaré Txicão, recorreram à memória da comunidade para contar a experiência.

Outro filme brasileiro entre as 125 produções da mostra é "Iauaretê, Cachoeira das Onças", de Vincent Carelli. O documentário mostra como os líderes da comunidade indígena Tariano, no noroeste do Amazonas, revivem suas práticas sagradas anos depois da evangelização das missões cristãs.

Organizado a cada dois anos pelo Centro de Cinema e Vídeo do Museu Nacional do Indígena Americano de Nova York, o evento também inclui produções das comunidades indígenas do Canadá, Estados Unidos, Havaí e Rapa Nui.

Um dos destaques será a estréia de "Vencendo o Medo", uma obra de ficção de María Morales, da comunidade Aimara, na Bolívia O filme conta a história de uma mulher cuja família abandona o altiplano na busca de uma vida melhor. (Efe/ Estadão Online)

Fonte: Ambiente Brasil, Brasília, DF – 30 11 2006
Site: www.ambientebrasil.com.br

Bate-Folha abriga Alaiandê Xirê pela primeira vez

Festival de sacerdotes músicos das três nações do candomblé agrega diversidade negra

Flávio Costa

Com a abertura da nona edição do Festival Alaiandê Xirê, o tradicional Terreiro do Bate-Folha, na Mata Escura, transformou-se, desde a noite de ontem, no ponto de encontro dos sacerdotes músicos das três nações de candomblé, queto, angola e jeje. O evento, que tem o objetivo de congregar as diversas religiões de matriz afro-brasileira, reúne, de maneira festiva, os mestres tocadores dos ritmos africanos – alabês (queto), xicarangomas (congo/angola) e runtós (jeje).

Além do caratér musical, o Alaiandê Xirê, que pela primeira vez acontece em um terreiro que não o Ilê Axé Opô Afonjá (em São Gonçalo do Retiro), também reunirá pesquisadores de temas ligados aos cultos afro-brasileiros. A entrada para o evento, que terminará amanhã, é gratuita. O festival foi aberto na noite de ontem com a exposição Fogo que fica, da artista plástica Suzana Duarte, que homenageia os inquices, as divindades da natureza cultuadas pelo povo de candomblé angola.

Logo depois, houve uma apresentação musical de vários grupos ligados a terreiros de Salvador e dos estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco, com a direção musical de Fred Dantas. Ao final, ocorreu o show da banda Canjerê de Sinhá. Antes, a atriz Chica Xavier deu um depoimento a respeito da história do evento. “Para mim, é sempre uma honra participar deste evento, que antes de tudo significa uma celebração entre os povos de candomblé. Acho que este ano ele ganha mais significado com a sua realização num terreiro histórico como o Bate-Folha”, afirmou a atriz.

Festa do mestre tocador – Alaiandê Xirê significa, em língua iorubá, “festa do mestre tocador”. Alaiandê serve também como epíteto do orixá Xangô, que rege o evento. De acordo com a mitologia da religião dos orixás, Xangô é o mestre tocador, o maior dentre todos os tocadores e dançarinos de batá, um toque ritual em sua homenagem. Cada orixá ou inquice tem cântico, dança e batida rítmica próprios. “Para Oxalá, que é considerado o maior de todos os orixás, a batida é mais lenta e reverente. Já para Iansã, que é rainha dos ventos e dos raios, a batida é mais acelerada, mais dançante”, explica o advogado e membro do terreiro Alaketu, Florivaldo Cajé.

Ele coordenará hoje, a partir das 10h, a mesa-redonda Bate-Folha, o Mansu Banduquenqué: 90 anos de resistência, que será coordenada e terá a participação de estudiosos de todo o país. “A intenção da mesa-redonda é discutir e redimensionar a importância histórica do terreiro do Bate-Folha, que é um dos mais tradicionais da Bahia”, afirma Cajé.

Logo após, haverá a exibição das delegações de alabês, xicarangomas e runtós. Além dos grupos dos terreiros de Salvador, como a Casa Branca, haverá a presença de outros vindos do Rio de Janeiro e de Recife. Durante a exibição, Xangô “dobrará os couros” para os 90 anos do Bate-Folha, ou seja, o terreiro será homenageado. Amanhã será a vez da realização de uma outra mesa-redonda a respeito da origem dos povos bantos e uma nova apresentação de delegações .

***

Músicos iniciaram evento há oito anos

O festival foi criado há oito anos por um grupo de membros do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, que sediou todas as edições do evento até este ano. Sua intenção é permitir o entrosamento de músicos especializados nas diversas nações culturais procedentes da África na diáspora brasileira, que vêm contribuindo na formação da música popular.

A decisão de mudar a sede do festival foi resultado da necessidade de ampliar sua abrangência. O Bate-Folha foi escolhido, sobretudo, por conta da amizade entre Manuel Bernardino da Paixão e mãe Iani, fundadora do Ilê Axé Opô Afonjá. “A escolha do terreiro Bate-Folha, além casar com os seus 90 anos de existência, tem este aspecto mais que simbólico como se fosse a celebração desta amizade entre os dois”, afirma a escritora e uma das fundadoras do Alaiandê Xirê, Cléo Martins.

“Desde a primeira edição, em 1998, o Alaiandê tem como escopo o apoio e o desenvolvimento de ações em prol da defesa, elevação e manuntenção da dignidade e da qualidade da vida – em especial das camadas mais pobres da população”, afirma Cléo Martins. Ela informa que uma das metas do grupo que organiza o festival é o estudo, a preservação e o resgaste dos mitos transmitidos oralmente.

***

Árvores centenárias do terreiro

Ao ser iniciado na nação angola pelo muxikongo (designação dos naturais do Congo), Manuel Nkosi, sacerdote iniciado na África, Manuel Bernardino da Paixão recebeu a dijina de Ampumandezu – espécie de nomenclatura específica da religião. Após a morte do sacerdote, ele ligou-se a Maria Genoveva do Bonfim – Mam’etu Tuhenda Nzambi – mais conhecida como Maria Neném, mãe do angola da Bahia. Maria Neném era filha--de-santo de Roberto Barros Reis, escravo angolano, de propriedade da família Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido.

A cerimônia de Maku-a-Mvumbi (Mão do Morto), à qual Bernardino se submeteu, coincidiu com a iniciação de Manoel Ciríaco de Jesus, nascido em 8 de agosto de 1892, também na Bahia, o que ocasionou a ligação estabelecida entre os dois. Com o falecimento de seu irmão-de-santo mais velho, Manuel Kambambi, que na época tinha casa aberta na Bahia, Ciriaco sucedeu Kambambi no terreiro que hoje é conhecido por Tumba Junçara.

Com o passar do tempo, Bernardino, já muito famoso, fundou o candomblé Bate-Folha, situado na Mata Escura no ano de 1916. O terreno onde está estabelecido o candomble é cercado de árvores centenárias e considerado o maior terreno do Brasil. As origens do Bate-Folha remetem a Congo e a Manuel Nkonsi e também de Angola por parte de Maria Neném.

***

Programação

Sábado
10h – Mesa-redonda Bate-Folha, o Mansu Banduquenqué: noventa anos de resistência que será coordenada por Florivaldo Cajé, com a participação de João Antônio, Ricardo Freitas, Ângelo Peçanha, Tauá e Roberval Marinho
1h30 às 18h – Exibição das delegações de alabês, xicarangomas e runtós: Xangô dobra os couros para os 90 anos do Bate-Folha

Domingo
10h – Mesa-redonda As diferentes origens dos povos bantos
11h30 às 18h – Apresentação das delegações de alabês, xicarangomas e runtós: Xangô dobra os couros para os 90 anos do Bate-Folha

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 02.12.2006
www.correiodabahia.com

Friday, December 01, 2006

ZONA CARIOCA DO PORTO



Click na imagem para ver ampliado

DOCUMENTÁRIO DIRIGIDO POR ZÓZIMO BULBUL, COM PARTICIPAÇÕES DE VÓ MARIA, CIA DOS COMUNS, RICARDO MACIEIRA, ZÉ LUIZ DO IMPÉRIO, JORGINHO DO IMPÉRIO, RUBENS CONFETI , entre outros.

NO CENTRO JOSÉ BONIFÁCIO

DIA 1º DE DEZEMBRO (SEXTA-FEIRA), ÀS 19:00 HS

ENTRADA GRATUITA

CONTAMOS COM SUA IMPORTANTE PRESENÇA

Programação:

* Exibição do documentário de Zózimo Bulbul: Zona Carioca do Porto.

* Bate papo com o diretor, convidados e público presente.

* Roda de Samba com integrantes do Império Serrano.

* Coquetel oferecido ao público, no autêntico estilo carioca ...


Zona Carioca do Porto um filme sobre a cidade do Rio de Janeiro, foca a Zona Portuária e toda a sua importância na História do Estado e acentua os importantes Projetos que realmente existem para a revitalização desta área.

Evoca também a nossa ancestralidade, através de sons e danças em parceria com Cia dos Comuns, por ter sido neste local a chegada de muitos de nossos antepassados e parte da resistência cultural de nosso povo.

O Centro José Bonifácio fica na Rua Pedro Ernesto, nº 80 - Gamboa


--
Família Estimativa
21 2567-0011 / ID: 24*43207 / 24*43208
www.estimativa.org.br
http://estimativa.multiply.com
http://fotolog.terra.com.br/campanhaestimativa

El problema con la diversidad

Corresponsal en Nueva York
La Vanguardia

El problema con la diversidad

| 01/12/2006 - 09:18 horas

"The Trouble with diversity" -el problema con la diversidad- (Metropolitan books, 2006), de Walter Benn Michaels, es una critica demoledora contra la política de identidades, la obsesión de las luchas políticas de los 40 últimos años por cuestiones de identidad sexual y étnica en lugar de clase económica.

Michaels, catedrático de la Universidad de Illinois, contrasta los numerosos avances en la lucha contra el racismo, el sexismo, la homofobia etc. en Estados Unidos con la desastrosa situación económica de gran parte de la clase media y obrera.

- Matéria completa em...

Thursday, November 30, 2006


O Dia (Inter)Nacional do Samba


Dia 2 de dezembro é dia do Samba.
Os terreiros estarão iluminados
e os tambores a postos
Passistas e pastorinhas
Mestres Salas e Portas-bandeira
Batuqueiros de plantão
Acudam!
O Samba virá todo redondo
saudar/festejar seu dia
No Rio de Janeiro
Na Bahia
Em Berlin
aonde estiver sambista
e amantes do Samba
dos velhos e das mais antigas
O Samba que antes de poder
dizer seu nome senão a polícia
metia o pau
chamava-se "Tango"
como disse um dia Donga
Enquanto pelo telefone
um delegado mandou avisar
que ia prender um batuque
ali na rua da Carioca
e lá no morro do Dendê
Aí Cartola encontra Noel Rosa
lá na Vila, antes de irem
encontrar com Paulo da Portela
em Oswaldo Cruz,
disse Cartola:
- Noel, Samba e Macumba
é tudo a mesma coisa...
A perola negra desceu o Morro
toda princesa na sua fantasia
para rodopiar na passarela
e outro dia escrevi esse poema para
Vilma Porta-bandeira:

Anotações para uma Porta-estandarte

Vilma
vento dança rosa beija-flor
com sua bandeira maravilha
que ela mesmo lava e passa
e não a cede a ninguém

Beija-flor rosa vento dança
Vilma
apresenta a sua bandeira
aos tambores e cuícas na avenida
e se inclina e rodopia
e saúda a geral
a passarela é toda sua
e de sua bandeira

O seu estandarte não cobre defunto!

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Dia 2 de dezembro é dia do SAMBA.
Batuques nas gerais
Eu quero a geral!!!!
E chega de demanda, minha nega!

Ras Adauto Berlin
30.11.2006