Saturday, February 03, 2007

Força Nacional se prepara para agir também nas favelas

Força Nacional se prepara para agir também nas favelas

Renato Grandelle

Cinqüenta homens da Força Nacional de Segurança (FSN) saíram ontem do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cefap), na Zona Oeste, para render os soldados que ocupam as divisas. A medida, muito mais do que um procedimento de rotina, deu início à contagem regressiva para que a tropa de elite do governo federal atue nas favelas.

Os 170 homens terão uma dura missão pela frente. Antes de chegarem à porta das zonas mais críticas da capital, vão treinar 10 dias no Cefap. Os exercícios serão os mesmos aplicados para unidades do Exército brasileiro que ocuparam o Haiti logo depois da guerra civil naquele país. Tudo sob o comando do Batalhão Policial de Operações Especiais (Bope).

- Um policial, mesmo que tenha vindo da unidade especial da polícia de seu Estado, precisa se ambientar com uma favela carioca - explica um ex-oficial do Bope. - Os soldados precisam aprender a dividir responsabilidades em situações de risco: quem vigia, quem revista, como se comunicar.

Quando aterrissaram no Rio, os soldados da FSN aprenderam como trabalhar em diversas situações de crise: como tropa de choque, nas vigilâncias de estradas e dentro de presídios. Em nenhuma, porém, vão ter gasto tanto tempo quanto nas incursões por corredores e contêineres improvisados dos campos da Cefap. Na favela criada dentro do quartel, os homens usarão armas sem munição, vão se deslocar em grupos de até 30 pessoas e se preparar para uma surpresa a cada esquina.

- Todos os exército do mundo têm aulas de combate em locais que simulam um campo de guerra - ressalta o ex-integrante do Bope. - A favela tem muitas quebras de ângulo, que podem ajudar na formação de emboscadas. Não podemos descartar situação alguma.

Os pelotões vão se revezar em aulas de progressão dentro das comunidades, conduta de patrulha e gestos e sinais, entre outras disciplinas. Organização e silêncio serão as palavras-chave para o sucesso da operação.

O curso da PM inclui pelo menos um treinamento noturno. No último dia, eventualmente há incursões por favelas de verdade. A mais popular é a comunidade de Tavares Bastos, no Catete, vizinha à sede do Bope e pacificada desde a chegada da tropa na Zona Sul, em 2000.

Nem tantos exercícios, aliados à formação dos soldados em outros Estados, inspiram confiança em Ronaldo Leão, professor do Núcleo de Estudos Estratégicos da UFF.

- O Bope tem uma missão quase impossível, que é transferir a vigência do combate de rua, que controla há 20 anos, para soldados com apenas 10 dias de treinos - lamenta. - A FSN tem potencial, mas não experiência. Em lugar algum do país há confrontos do nível do Rio.

Fonte: JB On Line, 03.02.2007
http://anonymouse.org/cgi-bin/anon-www.cgi/http:
//jbonline.terra.com.br/editorias/rio/papel/
2007/03/02/rio20070302000.html

No comments: