Saturday, April 07, 2007

Entidades repudiam atentado e apóiam UnB


05/ 04/ 2007 - casa do estudante
Assessoria de Comunicacao - Universidade de Brasília


Entidades repudiam atentado e apóiam UnB

OAB, CNBB, Unesco, parlamentares e governo se solidarizam com universidade e condenam incêndio criminoso contra estrangeiros

DA REDAÇÃO
Da UnB Agência

O fogo criminoso ateado nas portas dos quartos de estudantes africanos da Universidade de Brasília (UnB), no último dia 28, despertou perplexidade na sociedade brasileira. Instituições, entidades e pessoas historicamente ligadas às questões de direitos humanos repudiam o crime, esperam o resultado das investigações policiais e elogiam as ações tomadas pela UnB, como a proteção aos alunos estrangeiros, a abertura de sindicância interna, a criação de um programa para discutir o racismo e a xenofobia e o acionamento imediato das polícias Civil e Federal.

Confira abaixo opiniões de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); o Itamaraty, além de deputados e senadores.
Divulgação

“O atentado, por sua barbárie que é um crime de preconceito, tem de ser repelido. O Brasil não pode aceitar passivamente a violência racial ou a perpetuação do sistema de discriminação que afasta os negros dos bens sociais. O atentado é a prova cabal de que o Brasil ainda tem preconceito, racismo, e, portanto, merece ações positivas de combate e ações afirmativas no que se refere à inclusão racial. A UnB agiu corretamente quando entendeu o caráter racista do episódio, com medidas punitivas, procurando descobrir os agentes, mas não desprezando a questão daqueles cidadãos vítimas da barbárie. Esse é um episódio que não deve se repetir na história do país”.
Cezar Britto
Presidente Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Daiane Souza/UnB Agência

“A Unesco lamenta o episódio ocorrido na UnB, no dia 28 de março de 2007, no qual estudantes negros africanos tiveram incendiadas as portas de suas moradias. O fato é profundamente preocupante e indica a urgência de uma educação voltada para o respeito à diversidade e à compreensão mútua das diferentes culturas. Sob esse aspecto, a universidade não pode abrir mão de uma de suas mais elevadas missões, que é a de formar mentes verdadeiramente democráticas e éticas, consolidando-se como um espaço privilegiado de não-violência e de construção de uma cultura de paz. Nessa linha de pensamento, a Unesco tem procurado convergir, em escala mundial, o melhor de seus esforços no sentido de construir sociedades onde atos dessa natureza não mais se repitam”
Vincent Defourny
Representante Interino da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil
Cláudio Reis/UnB Agência

“Não tenho dúvida de que os acontecimentos na UnB, no dia 28 de março, que vitimaram estudantes africanos, constituem um ato de racismo e de xenofobia. Se pudéssemos, utilizaríamos a expressão ‘dupla rejeição da pessoa humana’, pois foi uma prática contra a etnia negra e contra estrangeiros. Louvo a atitude do reitor da UnB, que adotou de imediato as medidas cabíveis junto a Polícia Federal, Polícia Civil, Ministério Público da União, Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Ressalto que do episódio podemos extrair várias lições, como a necessidade e precisão da política de cotas para negros não só na UnB, mas em todas as universidades federais do país. Também destaco as medidas já adotadas pelo Decanato de Extensão (DEX) da UnB, por intermédio da decana Leila Chalub, que são no sentido de valorizar e difundir ainda mais a cultura afro-brasileira e aumentar os espaços de pesquisa e ensino sobre o estudo da realidade africana e cultura afro-brasileira”.
Carlos Moura
Secretário Executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Cláudio Reis/UnB Agência

“O que foi cometido por esses jovens tem o repúdio de todo o povo brasileiro. Queria que as vítimas aceitassem as desculpas do Senado Federal. Se um dia eu tiver que morrer por uma causa, que seja a causa do racismo. Vamos acompanhar o caso e esperamos punição exemplar para quem cometeu esse ato de racismo. O que aconteceu e as tentativas de tratarem o caso como um crime comum e não de racismo e xenofobia nos envergonha e nos mostra que, a cada dia, devemos ter mais e mais forças para lutar pela igualdade e o fim dos preconceitos”.
Paulo Paim
Senador pelo PT (RS)
Cláudio Reis/UnB Agência

“Esse país ainda não conseguiu superar 400 anos de escravidão. Não é de hoje que as cotas tomam tanto tempo na mídia, que age para desqualificar a tentativa de eliminar o racismo e integrar o negro de maneira plena. Sei o significado de ser diferente na elite. A presença dos africanos na UnB é uma forma de mostrar a gratidão depois da ‘importação’ de quase cinco milhões de pessoas daquele continente para serem tratadas como animais por quase 400 anos. Eu me solidarizo com os estudantes africanos, mas também com a UnB. É na UnB onde temos o melhor programa de cotas do Brasil e por isso ela foi muito criticada”
Zulu Araújo
Presidente da Fundação Cultural Palmares
Divulgação

“O que aconteceu foi um crime que precisa ser apurado. Não há como deixar de reconhecer que há racismo e xenofobia por trás desse crime inaceitável. Deve doer para uma pessoa se deparar com racismo em outro país. Quero pedir desculpas em nome do povo brasileiro. A humanidade deve desculpas à África por toda a discriminação. Temos uma reparação a fazer. Eu vejo no Brasil uma cadeia sinistra de falta de educação, desemprego por desqualificação e violência como resultado. Cabe parabenizar a UnB pela inclusão dos estudantes africanos a e expansão das disciplinas Pensamento Negro e História da África”.
César Borges
Senador pelo DEM-BA
Daiane Souza/UnB Agência

“Com a gravidade do fato, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República instaurou procedimento administrativo para acompanhar o caso e encaminhou ao Ministério Público da União as providências necessárias. Vemos com apreensão a possibilidade de problemas de xenofobia e racismo no ambiente universitário. Entendemos que até o presente momento a postura da UnB vai ao encontro de seu pioneirismo na adoção de projetos de igualdade racial, com a abertura de investigação acadêmica, criação do Dia da Igualdade Racial para marcar o fato e consolidação de uma comissão de combate ao racismo na instituição. O posicionamento firme da universidade e alerta da comunidade nos colocam tranqüilos ao papel que cabe a instituição nesse momento”.
Luiz Fernando Martins da Silva
Ouvidor da Seppir
Cláudio Reis/UnB Agência

“Em que pese estarmos tratando de um fato lamentável, de uma luta que por vezes parece não acabar mais, há um lado positivo. De uma forma ou de outra, o fato mobilizou a opinião pública brasileira. No Brasil, a renda dos pobres é de R$ 900,00. Dos negros, R$ 400,00. Não podemos deixar esse assunto de lado. Não podemos deixar que aconteça um apagão ético”.
Geraldo Mesquita Júnior
Senador pelo PMDB-AC

“O Governo brasileiro tomou conhecimento, com indignação, dos atos perpetrados contra alojamentos de estudantes da Guiné Bissau na Universidade de Brasília. O Governo brasileiro acompanha com atenção a apuração do incidente, já iniciada pela Universidade de Brasília e pelas Polícias Civil e Federal. O Governo brasileiro reitera seu repúdio a quaisquer atos de violência, que não se coadunam com o espírito aberto, tolerante e acolhedor do povo brasileiro”
Nota oficial do Ministério das Relações Exteriores
Cláudio Reis/UnB Agência

“O reitor da UnB veio ao Senado para mostrar a posição da universidade na apuração da questão. Quero dizer que estamos juntos para pedir desculpas. É inacreditável que ainda exista racismo no Brasil. Todos que já sofreram violências sabem que isso leva muito tempo para esquecer. É absurdo um fato como esse acontecer em uma universidade pioneira na implementação do sistema de cotas para negros. Lembro que foi instituído na UnB o dia de combate ao racismo e elogio a iniciativa”
Janete Rocha
Deputada pelo PT-SP
Cláudio Reis/UnB Agência

“Quero reiterar toda a solidariedade prestada aos estudantes. Fomos à UnB e estamos acompanhando o caso. A ação e a resposta da universidade foram rápidas e queremos que os responsáveis sejam punidos. Quanto mais penso no fato, mais fico chocado. O Timothy Mulholland (reitor da UnB) é nosso aliado na implantação de cotas e o país inteiro nos criticou. Tive a oportunidade de ir à Universidade Federal de São Carlos e os africanos de lá também estão preocupados com a situação”
Ivair dos Santos
Assessor da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República



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Coletâneas
Luta contra o racismo


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http://www.unb.br/acs/unbagencia/ag0407-14.htm

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