Sunday, April 29, 2007

Africanos de Paris questionam nova diplomacia

Africanos de Paris questionam nova diplomacia

As novas gerações de africanos na França estimam que a ex-metrópole tem o dever de ajudar no desenvolvimento da África. Com a globalização, o crescimento da China e da Índia que fizeram crescer os interesses na África, a França não é mais a única tutora. Hoje, mais do que antes, a África sabe que não é pobre, ressaltam os africanos que vivem na França. Para eles, uma nova relação Françáfrica é possível, mas improvável.

- Desde De Gaule, a relação entre franceses e africanos é de chefe e empregados - compara Edouard Guershon, secretário-geral do Conselho Representativo das Associações de Negros (Cran). - Não é a nova geração que vai mudar essa relação, mas a vontade política. Demos o primeiro passo com os poucos votos do extremista Le Pen. Mas seus 11% mostram que ainda há racismo e discriminação neste país.

Nos campos de batalha, os africanos lutaram pela honra e glória francesa, lembram os jovens negros em Paris. Nos campos de futebol e nas pistas de atletismo, oferecemos campeões, orgulham-se.

- Acho que a França não fez muito pela Argélia. Temos história em comum, falamos francês, seguimos seus programas políticos, métodos de ensino - lamenta o argelino Nomandi Muhad, 22 anos, estudante de Literatura na Paris 8. - Mas a França não investe porque quer a Argélia como país de exportação.

Muhad está na França para também explorar o que o país tem de melhor: o ensino.

- É a reconquista - brinca o jovem, que não pode votar, mas gosta de Ségolène porque a candidata defende a legalização dos imigrantes.

E insiste:

- A Europa precisa investir na África para diminuir a imigração. O dinheiro gasto com o bem-estar social dos imigrantes devia ser aplicado no continente.

Para Thierno Iliassa Balde, secretário-geral dos Jovens Guineos na França, a colonização foi dura e mal terminada:

- Logo nas primeiras insurreições, a França nos abandonou. Ficamos sem funcionários, sem peças, as máquinas pararam e acabamos nos aliando à União Soviética, nos aproximando do comunismo.

Fonte: JB Online, 29.07.2007, www.jb.com.br

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