Tuesday, February 06, 2007

Lei garantirá preservação da cultura africana e afro-brasileira

ENQUANTO AS ETNIAS, A GENTE INDIGENA LUTA PERA VER DEMARCADA AS SUAS TERRAS, TER A POSSE DA TERRA, A COMUNIDADE NEGRA SE ADIANTA, JÁ ESTÁ GARANTINDO SUA CULTURA ATRAVÉS DE LEIS COMO SEU PATRIMÔNIO, TOMADO COMO UM TODO LÍQUIDIO E CERTO.

Juvenal Payayá

Lei garantirá preservação da cultura africana e afro-brasileira

Ação visa a preservação de patrimônio histórico e cultural de origem africana e afro-brasileira.

No ultimo dia 29 de janeiro, foi publicada no Diário Oficial do Município a Lei 7.216/2007 sancionada pelo Prefeito de Salvador, João Henrique e aprovada pela Câmara Municipal de Salvado.Criada pelo vereador João Carlos Bacelar (PTN), a lei visa a preservação do patrimônio histórico e cultural de origem africana e afro-brasileira no Município do Salvador.

De acordo com a nova lei, passa a ser considerado como patrimônio histórico e cultural de origem africana e afro-brasileira toda manifestação, produção ou obra de natureza material e imaterial que tenha referência com a identidade, a ação, o modo de vida e memória dos povos que possuem essa origem. Dentro desse contexto podem se considerar os seguintes aspectos: formas de expressão; modos de criar, fazer e viver; documentos, monumentos, obras, edificações e espaços referentes as manifestações artísticas e culturais, além dos sítios, locais de reminiscências históricas de antigos quilombos e terreiros de cultos afro-brasileiros.

Para o secretário municipal da reparação, Gilmar Santiago, a aprovação da Lei 7.216/2007 se efetivou a partir da comemoração do 20 de novembro durante o Fórum de Presidente das Câmaras Municipais. Nesta oportunidade a SEMUR apresentou a necessidade de Salvador ter uma legislação específica sobre a preservação do patrimônio cultural afro brasileiro como parte de um marco regulador maior que seria o Estatuto Municipal da Igualdade Racial. “Com esta nova Lei, a Câmara de Salvador, dá um passo importante nessa direção”, completou Santiago.

Já Raimundo Nonato Konmannanjy, presidente da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (Acbantu), entidade que reúne vários outros grupos que lutam pela preservação da africanidade em Salvador, falou que a matéria é fundamental para a preservação da herança cultural do povo negro. Para ele, esta nova lei é a garantia de que a cultura negra não seja distorcida por pessoas que não tem o real conhecimento a respeito.

“Nossos cânticos, nossa religião, nossa cultura, passarão a ser considerados e respeitados e não mais transformados em folclore, ou utilizados apenas para fins comerciais ou turísticos”, destacou Konmannanjy, enfocando também a questão do uso indevido da cultura africana por empresas de turismo para fins comerciais.

A Lei prevê tombamentos de bens móveis e imóveis, levantamento, catálogo, registro, inventário, recolhimento e a depender do caso, restauração de obras, monumentos e objetos de valor histórico, artístico e cultural. Além disso haverá todo um trabalho de conservação das áreas reconhecidamente de interesse histórico, cultural e cientifico, criação de mecanismos para impedir a evasão, destruição e descaracterização de obras de artes e outros bens de valor histórico e artístico originados da cultura africana.

Monday, February 05, 2007

Deusa do Ilê

A dançarina Fernanda Ramos do Nascimento, 20 anos, reina na Noite da Beleza Negra 2007

Ciro Brigham

O manto de Deusa do Ébano 2007 do Ilê Aiyê pertence à dançarina Fernanda Ramos do Nascimento, 20 anos. Ela, que encantou os jurados e deixou outras 14 postulantes finalistas para trás, vencendo a 28ª Noite da Beleza Negra. Ela, que juntou o gosto das lágrimas ao sorriso incontido, e que agora, é a mais nova rainha de uma estética fundamentada na valorização e no respeito à ancestralidade africana. Às 03h35 de ontem, no recém-inaugurado Museu du Ritmo de Carlinhos Brown, inquisses, orixás, voduns e caboclos salpicaram suas bênçãos sobre a mulher que será o destaque do “mais belo dos belos” na avenida, e a cara do Ilê durante um ano.

No antigo Mercado do Ouro, na cidade baixa (Comércio), deusas negras a peso de diamante se preparam para brilhar. São 15 mulheres que, dentre 57 inscritas, foram alçadas à passarela em função de um sonho: reinar para os súditos da Senzala do Barro Preto, sede do Ilê. É olhar para cima e ver que a Liberdade está logo ali, quase a se derramar por sobre as veneráveis. Elas vestem trajes e ostentam torços de amarração. Enfrentam o calor dos bastidores, a curiosidade, os flashes e os microfones. Estão mais do que prontas.

A festa que as aguarda tem palco e atrações musicais. Tem telão com depoimentos das Deusas de Ébano veteranas. Tem a banda Só Samba de Roda, que se soma ao mormaço da noite e inicia a transformação do Museu du Ritmo em caldeirão. Tem Vovô do Ilê, presidente do bloco, ansioso. “Está muito bonito, né? Cada vez que você vê um resultado desses, é emocionante. A gente percebe que a transformação está acontecendo”. Vovô fala da consciência racial, da assunção plena da identidade negra, da reparação histórica. Depois sorri, e segue a receber cumprimentos e convidados.

Identidade - Um deles é o governador Jaques Wagner, acompanhado da primeira-dama Fátima Mendonça. “Não é um simples concurso, é um desfile de afirmação da identidade negra, uma reverência à história e à cultura do povo negro. E neste espaço recuperado por Carlinhos Brown, conseguiram casar de forma muito bonita e harmoniosa a busca da identidade do Ilê com a de Carlinhos”, comenta Wagner. Outra é a atriz Regina Casé, amiga de longa data do Ilê e fã incondicional da filosofia que rege o bloco. “Milhares de coisas eu aprendi com a Bahia, com o Ilê. Fazer parte disso, ter me envolvido com isso, é uma das coisas mais importantes da minha vida”, se derrama a atriz, sorridente.

Rainha e princesas do Carnaval, escolhidas semana passada, também estão ali, bem próximas à passarela. Agora é a Band’Aiyê que se apresenta. Músicos e dançarinas interagem com o público – casa cheia. Os apresentadores anunciam os nove membros do júri. Está na mão dessa gente escolher a rainha negra. “A beleza tem que ter afinidade com essa questão que é tão bem representada pelos negros. Tem que ser bonita, ter a expressão generosa, ter o sorriso da Bahia, abençoado pelos orixás”, sugere a jurada Emília Salvador Silva, que é presidente da Bahiatursa. “A Deusa do Ébano tem que traduzir o sentimento do pioneirismo, da tradição e da cultura. Tem que unir a alegria e a força da luta negra”, coloca o também jurado Sérgio Guerra, fotógrafo responsável pela exposição Salvador Negroamor, que espalhou, por toda a cidade, banners e pôsteres retratando a gente negra da Bahia.

Desfile de candidatas encanta a platéia

As 15 concorrentes dividiram holofotes e olhares no Museu du Ritmo, até ser definida a Deusa do Ébano 2007

Ciro Brigham

Por ordem alfabética, as 15 candidatas à Deusa do Ébano entram em pés, mãos e pele de igualdade, ao som da Band’Aiyê. Dançam juntas, azeviches, mulheres do ventre d’África. São como orixás, voam sutis num bailado rente ao solo, apresentam sorrisos como oferenda, abanam as ancas sugerindo a fertilidade que os deuses lhe comunicam ser possuidoras. Dividem as luzes e os olhares no recém-inaugurado Museu du Ritmo.

Recebem os aplausos e vão se preparar para o retorno em busca do triunfo.
É hora do desfile individual. São poucos os minutos para que cada uma justifique sua presença. Lindas, livres, uma a uma, se apresentam. Uma a uma, emocionam. Criam atmosfera própria, absorvem seus personagens. São iorubás, jêjes, nagôs, bantos. Vêm da Costa do Ouro, da selva do Congo, da Baía de Luanda. Fazem a rota do passado, anunciam uma nova diáspora, encarnando tudo o que não se perdeu nos porões da grande travessia. Encantam. A beleza negra é não é menos que o esplendor de sua cultura, e a mais esplendorosa é Fernanda Ramos do Nascimento.

Vencedoras - Entre o fim do desfile e o resultado, show de Edson Gomes. Diversão para o público, espera angustiante de quase duas horas para as candidatas. Jedjane de Souza, 25 anos, arte-educadora, atriz e dançarina de Pernambués, fica com o terceiro lugar (Troféu Azeviche, R$1 mil e fantasia para o Carnaval). Geórgia dos Santos Cardoso, 24 anos, moradora da Estrada da Rainha, é a segunda na soma dos pontos (Troféu Azeviche, R$2 mil e fantasia). Campeã, a menina de 20 anos do bairro de São Caetano, dançarina formada pela Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado, é ovacionada.

Fernanda volta a dançar, para receber o manto de campeã das mãos de Kátia Alves de Jesus, que reinou em 2006. As duas choram e se abraçam. Dona Judite Maria dos Santos, pequenina e eufórica, baila e delira: é a avó orgulhosa, que se faz presente. “Dedico a Deus e à minha avó, que com certeza, foi a pessoa que mais torceu por mim. Pra ela também foi um sonho”, reconhece a neta, que completa: “Estou muito orgulhosa por representar a mulher negra e poder defender a sua valorização”.

Vovô do Ilê aproveita a entrega do Troféu Deusa do Ébano para mandar um recado, bem ao estilo Ilê Aiyê: “Tem uma minoria racista incomodada com a exposição de Sérgio Guerra (Salvador Negroamor), mas a Bahia tem a cara preta e é assim que ela tem que ser mostrada. Eu estou muito feliz”. A Salvador que se aceita de todas as cores, também.

Fonte: Aqui Salvador, Correio da Bahia, 05.02.2007
http://www.correiodabahia.com.br/
aquisalvador/noticia_impressao.asp?codigo=121891

Sunday, February 04, 2007

Projeto quer resgatar auto-estima de jovens negros

SÃO PAULO – AUTO-ESTIMA
Projeto quer resgatar auto-estima de jovens negros

O Cursinho 20 de Novembro, criado por alunos negros da Fatec/SP, pretende este ano valorizar no seu projeto pedagógico e de inclusão de jovens negros e pobres da zona leste, uma arma poderosa: o resgate da auto-estima.

Para isso, pretende desenvolver atividades para jovens negros e pobres da periferia paulistana, atingidos no seu cotidiano pelas desvantagens geradas pelo racismo, entre as quais, palestras sobre Consciência e Cidadania.

Também estão previstas palestras sobre a história do Brasil, os três séculos e meio de escravismo, e valorização da cultura negra.

“Eles chegam aqui com a auto-estima muito baixa. Temos então que fazer todo um trabalho para que tenham mais segurança. Com isso, se tornam mais confiantes e passam a freqüentar as aulas mais motivados, o que tem reflexo no aumento do índice de aprovação”, afirma Emerson Teodoro, coordenador do Cursinho.

O Cursinho existe há cinco anos com o apoio do Instituto FatecAfro e funciona em salas de aula cedidas pela direção da Fatec. Os índices de aprovação chegam a 50% nos vestibulares, alto para os padrões dos cursinhos pré-vestibulares desse tipo.

Os alunos são de faixas etárias bastante variadas. “Temos casos de pessoas com idade acima dos 40 anos, que não abandonaram o sonho de entrar numa Faculdade e voltam às aulas”, diz Emerson. (pulsar/afropress)

Agencia Pulsar
http://www.brasil.agenciapulsar.org/nota.php?id=1539

ab
31/01/2007


Senador chama presidenciável de "negro limpo"


O Senador Democrata Presidenciável Barack Obama

2/2/2007 10:00:00 - O Dia Online - http://odia.terra.com.br/mundo/htm/geral_80042.asp

Senador chama presidenciável de "negro limpo"

Um dia após anunciar sua candidatura à Casa Branca, o senador democrata Joseph Biden teve de se desculpar por ter feito um comentário supostamente racista contra outro presidenciável democrata, o senador Barack Obama.

Biden reconheceu ter empregado uma palavra inapropriada ao dizer que Obama é "a primeira figura pública afro-americana que é articulada, inteligente, limpa e é um cara boa pinta".

De acordo com o senador, em vez de usar a palavra "clean", que quer dizer literalmente "limpo", ele deveria ter empregado o termo "fresh", que pode ser tanto um sinônimo de limpo, como também usado para designar alguém ou algo que é novo ou recente.

Em entrevista ao programa humorístico americano Daily Show, Biden afirmou que o que ele quis dizer era que Obama "tem novas idéias, é uma novidade".

Saturday, February 03, 2007

Força Nacional se prepara para agir também nas favelas

Força Nacional se prepara para agir também nas favelas

Renato Grandelle

Cinqüenta homens da Força Nacional de Segurança (FSN) saíram ontem do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cefap), na Zona Oeste, para render os soldados que ocupam as divisas. A medida, muito mais do que um procedimento de rotina, deu início à contagem regressiva para que a tropa de elite do governo federal atue nas favelas.

Os 170 homens terão uma dura missão pela frente. Antes de chegarem à porta das zonas mais críticas da capital, vão treinar 10 dias no Cefap. Os exercícios serão os mesmos aplicados para unidades do Exército brasileiro que ocuparam o Haiti logo depois da guerra civil naquele país. Tudo sob o comando do Batalhão Policial de Operações Especiais (Bope).

- Um policial, mesmo que tenha vindo da unidade especial da polícia de seu Estado, precisa se ambientar com uma favela carioca - explica um ex-oficial do Bope. - Os soldados precisam aprender a dividir responsabilidades em situações de risco: quem vigia, quem revista, como se comunicar.

Quando aterrissaram no Rio, os soldados da FSN aprenderam como trabalhar em diversas situações de crise: como tropa de choque, nas vigilâncias de estradas e dentro de presídios. Em nenhuma, porém, vão ter gasto tanto tempo quanto nas incursões por corredores e contêineres improvisados dos campos da Cefap. Na favela criada dentro do quartel, os homens usarão armas sem munição, vão se deslocar em grupos de até 30 pessoas e se preparar para uma surpresa a cada esquina.

- Todos os exército do mundo têm aulas de combate em locais que simulam um campo de guerra - ressalta o ex-integrante do Bope. - A favela tem muitas quebras de ângulo, que podem ajudar na formação de emboscadas. Não podemos descartar situação alguma.

Os pelotões vão se revezar em aulas de progressão dentro das comunidades, conduta de patrulha e gestos e sinais, entre outras disciplinas. Organização e silêncio serão as palavras-chave para o sucesso da operação.

O curso da PM inclui pelo menos um treinamento noturno. No último dia, eventualmente há incursões por favelas de verdade. A mais popular é a comunidade de Tavares Bastos, no Catete, vizinha à sede do Bope e pacificada desde a chegada da tropa na Zona Sul, em 2000.

Nem tantos exercícios, aliados à formação dos soldados em outros Estados, inspiram confiança em Ronaldo Leão, professor do Núcleo de Estudos Estratégicos da UFF.

- O Bope tem uma missão quase impossível, que é transferir a vigência do combate de rua, que controla há 20 anos, para soldados com apenas 10 dias de treinos - lamenta. - A FSN tem potencial, mas não experiência. Em lugar algum do país há confrontos do nível do Rio.

Fonte: JB On Line, 03.02.2007
http://anonymouse.org/cgi-bin/anon-www.cgi/http:
//jbonline.terra.com.br/editorias/rio/papel/
2007/03/02/rio20070302000.html

Yemanjá: Adeptos do culto afro reforçam cuidados no preparo da oferenda

Adeptos do culto afro reforçam cuidados no preparo da oferenda

Ialorixás e iaôs zelam pelo bom andamento das homenagens à deusa das águas

Ciro Brigham

Em pé, no barracão, ela permanece o tempo todo ao lado da grande oferenda. Está inteira, aparenta tranqüilidade. Na mão esquerda, uma garrafa plástica de água mineral. No semblante, a expectativa disfarçada por sorrisos singelos e olhares atentos à movimentação dos que a ajudam. Aos 71 anos, mãe Aíce de Oxóssi exerce de forma silenciosa a autoridade de quem é responsável pelas homenagens a Iemanjá.

Para a ialorixá do terreiro Odé Mirim (Federação), filha de Oxóssi e Oxum, é assim há 14 anos, desde que foi escolhida para comandar as homenagens a Oxum e Iemanjá, por um conselho de pescadores. Ela é sucessora de Júlia Bogan, que foi ialorixá de um terreiro que ficava no bairro do Garcia, e que já não existe. O presente principal de 2007, um cavalo marinho, encobre as oferendas preparadas por Mãe Aíce (comidas rituais e “fundamentos” do povo-de-santo), que demoraram sete dias para ficar prontas. Um trabalho sagrado, envolto em segredos.

Por isso, com suas unhas vermelhas, anéis, pulseiras e colares de contas, a ialorixá que aguarda o momento da saída da oferenda tem motivos para trair a aparente serenidade. “Está tudo indo”, responde, nervosa, à pergunta sobre o estado das coisas naquela altura. Enquanto o atabaque é tocado e as caridosas baianas que cercam mãe Aíce derramam alfazema nas mãos de quem as projeta, a ialorixá atira milho, conserta o arranjo de flores e passa o tempo como pode. Assim que a oferenda ganha os braços dos pescadores, ela suspira. “Eu estava nervosa”, diz.

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Festas particulares às custas da tradição

A corte a Iemanjá faz do Rio Vermelho um turbilhão humano. Tem gente que vai deixar oferenda e por ali mesmo fica a fim de curtir o conseqüente rescaldo profano. Tem gente que aproveita a festa de largo com os amigos e a família, colocando umas cadeiras na varanda ou na calçada de casa. E tem gente que compra ingresso para estar no olho do furacão, mas longe o suficiente das motivações maiores da festa.

Há alguns anos que hotéis, restaurantes, bares e casas de shows aproveitam a data para organizar eventos fechados que nada ou pouco têm a ver com a manutenção da tradição em nome de Iemanjá. A onda é lucrar, aproveitando o perfil de quem prefere olhar tudo de maneira absolutamente higiênica, de preferência, se empanturrando com iguarias que abarrotam bufês cheios de esplendor.

Enquanto a fila das oferendas segue lenta, e os grupos de samba, blocos afros e rodas de capoeira se espalham em seus percursos pelo bairro boêmio, feijoadas completas e almoços reforçados são o carro-chefe de instalações adaptadas exclusivamente para o dia 2 de fevereiro. Parecem camarotes de Carnaval. “Vale a pena não ter o pé pisoteado e apreciar essa vista”, discursa a comerciante Alice Maria Oliveira, 35 anos, que se debruça na sacada do Restaurante Santa Maria Pinta e Nina, no Largo de Santana, ao som de músicas de boate.

Na creperia Sacre 227, a feijoada – que como várias outras tem direito a camiseta estilizada – ganha status de “sagrada”, devidamente atribuído em nome do marketing que transforma Iemanjá em fórmula de multiplicar cédulas. No Pestana Hotel, teve a Feijoadinha (com direito a bandas de pagode e axé). Não faltou comilança também na Companhia da Pizza e no Restaurante Extudo, precursor da moda que se estabeleceu como uma das principais providências caça-níqueis pré-carnavalescas de Salvador. Oportunistas ou não, na opinião dos que participam, as festas particulares emprestam charme à confraterização que já foi exclusiva das ruas. “Tem gente que não viria se não fosse assim”, argumenta o estudante Diógenes Almeida, prestes a garfar o calórico pedaço de baicon que nada no pré-textual e suculento feijão preto.

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Diálogo entre as religiões

Adriana Jacob

Um encontro inter-religioso com representantes das três nações da cultura de matriz africana que coexistem em Salvador chamou a atenção de baianos e turistas que chegaram cedo aos festejos em homenagem a Iemanjá. O grupo Ilê Fun Fun, da Casa Branca – nação ketu, Esmeraldo Emetério, xicarangoma do Terreiro Tumba Junçara – nação angola –, Gilberto Leal, gano do Terreiro Bogum – nação jeje –, e dona Conceição, do Centro de Caboclos Sultão das Matas, participaram do ato, com direito a entoação de cânticos sagrados em homenagem à rainha das águas salgadas. O encontro, promovido pela Fundação Gregório de Matos, foi realizado em um pequeno palco montado ao lado da escultura Cetro da Ancestralidade, do artista plástico Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi.

“Esta festa é um momento muito particular de concentração e de homenagem a essa deusa da maternidade, divindade maior desse universo aquático que representa o mundo onde habitam seres materiais e imateriais”, afirmou o gano do Terreiro Bogum. Ele destacou a importância da água como elemento divino, independente da nação africana de origem religiosa.

Esmeraldo Emetério, o Chuchuca, destacou o local escolhido pelos antepassados para a realização da festa em homenagem a Iemanjá, o Rio Vermelho. É que, de acordo com as lendas africanas, a divindade transformou-se num rio para correr mais depressa tentando fugir do marido, que a maltratava. Barrada pelo antigo companheiro, que se transformou em uma montanha, ela pediu ajuda a Xangô. Com um raio, o senhor do fogo dividiu a montanha ao meio, e Iemanjá pôde correr para o mar. “Não foi por acaso que nossos antepassados escolheram este local para a realização da festa, afinal aqui também há um rio que deságua no oceano”, afirmou o xicarangoma do Terreiro Tumba Junçara. “É uma pena que, devido ao descaso dos poderes públicos, ele esteja poluído”, acrescentou.

Na segunda edição do encontro inter-religioso, o presidente da Fundação Gregório de Matos, Paulo Costa Lima, explicou que o objetivo da iniciativa era responder ao questionamento de como um órgão de cultura poderia se relacionar com uma festa popular que já possui sua organicidade, sem criar algo artificial. “Pensamos em promover um encontro de todas as Áfricas que existem na Bahia através da música e do pensamento”, afirmou Lima. Na noite do dia 1º de fevereiro, a fundação lançou o CD Cantigas de Iemanjá, com cânticos gravados pelos participantes do encontro. O álbum é o segundo lançamento da Série Trilhas Urbanas.

Para a enfermeira carioca Maria Padilha, que veio a Salvador especialmente para participar da festa, o ato pode ajudar a fortalecer o respeito à religiosidade de matriz africana. “É uma maneira de mostrar o culto afro para que todas as pessoas possam ouvir e ver uma parte dessas tradições. Apesar do encontro não refletir toda a essência da religião, ele ajuda a combater a intolerância religiosa, principalmente diante das religiões evangélicas”, afirmou Padilha, que participa, todos os anos, do 2 de fevereiro. “Venho oferecer o que tenho de melhor e pedir que o ano seja afortunado”.

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Samba-de-roda embala a devoção

Flávio Costa

Do alto de seus 57 anos, Maria Rita C.M. dos Santos, ou melhor, Rita da Barquinha rebola seu franzino corpo para lá para cá, ao som da chulada. Ela equilibra na cabeça uma barca de 70cm de comprimento e que pesa pelo menos 4kg enquanto anda pelas ruas do Rio Vermelho, apertadas e apinhadas de gente. O horário marca meio-dia e sol é inclemente. O sacrifício dela vale a pena: dentro da barquinha que Rita carrega no alto do cocuruto estão oferendas para a rainha do mar. São rosas brancas, sabonetes, espelhos de pequeno porte e pentes. E música também. Rita é movida ao som do samba-de-roda, que junto com a axé music e as marchinhas dos antigos carnavais dão o tom das homenagens a Iemanjá. No início da tarde de ontem, vários blocos levaram suas oferendas à bela e vaidosa orixá, sem esquecer o lado profano da festa.

“É uma emoção muito grande estar dançando aqui na festa de Iemanjá, é um sonho que se realiza e que eu espero repetir a partir de agora”, diz Rita da Barquinha. Ela mantém uma tradição secular de Saubara (96km de Salvador), mais precisamente no distrito de Bom Jesus dos Pobres, onde as mulheres costumam carregar pequenos barcos na cabeça pelas ruas da cidade para recolher donativos para os pescadores da região.

A saída de Rita e sua banda de dez músicos se deu a partir da Rua Fonte do Boi, em frente ao espaço cultural e loja de cds e dvds musicais Midialouca. Ela percorreu dançando as ruas do bairro até chegar à Praia da Paciência, onde depositou, em uma das embarcações, sua barquinha com oferendas a Iemanjá. O proprietário da Midialouca, Paulo Brandão, considera que a presença da barquinha de Rita contribui para manter a tradição da festividade, como evento essencialmente da cultura popular. “A idéia é poder mostrar música popular no espaço que é seu por excelência”.

No caminho, o grupo de Rita encontrou-se com o Cortejo 2 de Fé, formado por estudantes da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia. Todos devidamente fantasiados: os rapazes pescadores, as meninas de marinheiras, sem contar as representações de Iemanjá e Oxumaré, seguidos por uma música de uma orquestra do candeal. Logo atrás, os outros integrantes do cortejo, vestidos de camiseta branca. “É uma forma de homenagear de maneira artística Iemanjá e ao mesmo tempo que se brinca a festa de maneira leve e alegre”, declarou o professor de teatro e organizador do cortejo Paulo Cunha, vestido de babalorixá.

Diante das dezenas de integrantes do 2 de Fé, o cortejo Sambão do China Pau, formado por não mais de dez pessoas parecia sumir no meio da multidão. Porém, reduzido grupo arregimentava “fiéis” por causa de sua disposição para tocar pagode o dia inteiro, apesar da concorrência do som alto que vinha das barracas.

Rainha homenageada

Devotos mantêm viva a lendária vaidade de Iemanjá, depositando
dezenas de balaios com presentes no mar

Ciro Brigham

Iemanjá deve ter dormido contente. A julgar pelo fato de que baianos e turistas conservaram viva sua lendária vaidade, entupindo o mar de presentes numa festa que durou o dia inteiro, deve sim ter dormido feliz da vida. Fila a perder de vista para a entrega das prendas, sol a esturricar testas desprevenidas, ruas e travessas abarrotadas de gente, hotéis e festas paralelas lucrando à vontade: o que não vale a pena nisso e que Salvador tem de mais característico? No fundo, o desejo é o mesmo: que os presentes não voltem trazidos pela maré. Que Iemanjá os devolva apenas em forma de prosperidade.

À 1h da madrugada foi Oxum, deusa das águas doces, quem primeiro recebeu homenagens – no Dique do Tororó. Três horas depois, os fogos no Rio Vermelho anunciavam que o grande presente para Iemanjá estava a caminho do barracão, montado ao lado da Colônia de Pesca Z1. Ali, a imagem de um cavalo marinho, encobrindo a comida especial preparada pela ialorixá mãe Aíce, receberia a companhia de dezenas de balaios com os aditivos da fé popular, feitos para agradar a deusa dos oceanos.

Assim como a comitiva capitaneada pela mãe-de-santo responsável pela oferenda, muitos foram ver os primeiros raios de sol esculpirem o amanhecer do movimentado 2 de fevereiro. Branco e azul no corpo (cores de Iemanjá), flores na mão e pedidos lançados ao mar _ esse mensageiro de uma devoção tão híbrida quanto democrática. O dia prossegue, a fila dos que querem deixar objetos para a deusa no barracão se dilata a perder de vista, e os rituais do candomblé na areia da praia convidam os orixás ao baile.

Pedem proteção os que acendem velas e derramam alfazema no corpo, os que atiram champanhe ao mar, e também aqueles todos que levam fitas, colares, anéis e pentes para os balaios de Iemanjá. Quantos foram os que alugaram barcos e privatizaram a entrega em domicílio? Muitos, centenas pagam R$40, para singrar a rota da encomenda expressa em mar aberto.

À tarde, o calor aumenta, juntamente com a fila e a quantidade de gente que se dirige ao Rio Vemelho. Não há nuvens, tudo é muito claro, inclusive a confusão para quem deseja se aproximar do barracão ou das areias da praia. Falta pouco para as 16h. A oferenda principal tem hora marcada de sair do barracão, enquanto o batuque sobre a pele do atabaque sugere o clima místico para o momento sagrado.

Embarque - Às 15h50 já não há o que esperar: é hora do cavalo-marinho tomar o rumo das águas. Um pesadíssimo balaio vai à frente carregado por quatro pessoas. O cavalinho marinho vem atrás, empurrado pela ovação de centenas. É a fé de quem enfrentou sol e cansaço. Com a oferenda, vão as esperanças de usufruto do poder e bênção da rainha. No trajeto para a praia, o balaio ganhou ainda mais flores e alfazema dos que estavam na fila. Cinco minutos de percurso no meio do povo e a prenda está na areia, pronta para zarpar no local repleto de gente.

“O momento é esse”, deve pensar a vendedora, ao anunciar de forma estridente que tem “água mineral para alegrar”. A dois metros dali, um turista enterra os joelhos à milanesa para captar o ângulo perfeito da baiana paramentada. São muitos os que tomam banho dentre os tantos barcos que aguardam o início da procissão. São muitos os que batem palmas, para garantir que as preces ganhem o reforço do entusiasmo.

Às 16h, o grande presente está na beira do mar e pronto para ser colocado na embarcação que vai levá-lo ao encontro de Iemanjá. Sobem com ele pescadores, homens da Marinha e salva-vidas. Vão deslizar por três milhas naúticas (aproximadamente 5,5km) – distância estabelecida pela Colônia de Pesca e aprovada pela Capitania dos Portos – até cumprirem a sina de agradar à rainha vaidosa. Fogos. Mais palmas. E mais presentes em outros barcos.

Descalça, gorro de crochê, a velhota de 92 anos que não diz o nome por nada, mandou o filho de 51 anos para casa. “Ele estava com dor de cabeça, foi descansar”. Moradora da Vila Matos (imediações do Rio Vermelho), ficou o dia todo sentada à sombra de um toldo na praia, até o momento do embarque do grande presente. Acompanha de pertinho e sai satisfeita, relembrando a intimidade com a festa. “Meu pai era pescador, eu ia junto com ele no barco”.

Já o casal ao lado se pergunta sobre a possibilidade de o presente não ter sido embarcado. De longe, o cavalo marinho não ostenta, para eles, o perfil de um grande presente. “Achei muito fraco. Também, os hotéis, que mais ganham com tudo isso, nem colaboram com nada”, critica a senhora que ouvia a conversa.

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Devotos dão demonstração de fé no Rio Vermelho

Centenas de pessoas aguardam, debaixo do sol causticante, a extensa fila para homenagear Iemanjá

Adriana Jacob

Se no Bonfim quem tem fé vai a pé, na festa de Iemanjá, a tradição é entrar na extensa fila que leva aos cestos de oferendas da Colônia de Pesca do Rio Vermelho. A avenida onde ocorre a maior manifestação pública da religiosidade popular de matriz afro-brasileira não tem, nem de longe, os 8km que levam à Colina Sagrada, mas as cerca de duas horas que muitos devotos passam, caminhando a passos lentos até chegar ao local de entrega dos presentes, são uma verdadeira prova de devoção. “Quando as coisas são feitas de coração, nem a coluna dói”, garantiu a gaúcha Meg David, 48 anos, depois de mais de duas horas na fila.

A peregrinação tem um motivo: todos os presentes depositados nos balaios são levados à morada de Janaína no fim da tarde, quando os barcos da colônia saem em cortejo marítimo. O sol forte, o calor e o suor não impedem que os filhos da rainha das águas salgadas carreguem flores, perfumes, sabonetes e até equilibrem na cabeça balaios cheios de presentes enquanto caminham no asfalto quente. Há até quem faça todo o percurso de salto alto, como a transformista Cláudia Gasparelli, esteticista baiana que mora na Itália e mandou bordar um vestido longo cheio de pedras brilhantes especialmente para a ocasião. “As pessoas esquecem que vêm homenagear uma rainha. Por isso, faço essa produção, em homenagem àquela que me dá tudo na vida”, enfatiza.

No fim da manhã, a aglomeração de fiéis já alcançava a curva do Rio Vermelho, no sentido Ondina, mas nem o último da fila, o inspetor de segurança Carlito Vitório, 44, demonstrava desestímulo. “Tenho esperança de chegar lá”, disse, observando as centenas de devotos que o separavam da Colônia de Pesca. Ele herdou a crença da mãe, a pensionista Áurea Francisca dos Santos. Ela nem se dá o trabalho de calcular o tempo que já passou na fila das oferendas, desde a infância até os atuais 68 anos. “Isso aí eu nem conto, a hora que eu chegar está boa. O que eu quero é colocar meu presente lá”, explica dona Áurea, que levou também o neto de 9 anos para a festa.

Já a inglesa Chloe Jones, 29 anos, não sabia ao certo o que a esperava no fim da fila, mas fez questão de enfrentar a espera para conhecer de perto a tradição religiosa. Assim como outros devotos, Dona Áurea – que mora no Largo de Roma –, nem cogita depositar as oferendas diretamente no mar, como fazem os fiéis que se assustam com o tamanho da fila. “Prefiro ir lá na frente mesmo. Só o fato da gente ir nos pés de Iemanjá (a escultura ao lado da colônia de pesca) já é uma grande coisa”. Para a consultora comercial Lourdes Trigueiro, 27, moradora da Graça, a fila é uma espécie de penitência religiosa. “Passar na frente é até falta de respeito”.

Mas nem todos pensam assim. Mesmo sem desistir de entregar os presentes, houve quem reclamasse da organização. “No ano passado, foi bem mais rápido. Este ano, não colocaram barreiras suficientes. Tenho certeza de que estão furando”, afirma a dona de casa Patrícia Souza, que tentava encorajar as filhas de sete e quatro anos a continuar de pé.

Na frente da fila, cordas de proteção foram colocadas para tentar impedir que devotos mais apressados driblassem os quatro policiais militares que tentavam manter a organização do percurso. Mesmo assim, houve quem conseguisse ultrapassar a barreira. “Pedi ajuda a Iemanjá para furar a fila e ela concedeu”, comemorou uma moradora de Feira de Santana que pediu para não ser identificada. Todos os anos, ela vem à festa, agradecer pelas graças alcançadas, dentre elas o fato da filha ter sido aprovada no vestibular para o curso de medicina.

Enquanto os devotos seguem a fila que leva aos balaios de oferendas, equilibrando-se entre vendedores ambulantes com toalhas, santinhos, flores e bebidas, alguns aproximam-se do aglomerado na tentativa de aparecer. “Olha, eu não vou furar fila, não. Só quero que o apresentador de tevê me veja, para eu ser entrevistado”, cochichou o filho de Iemanjá, Júnior Marcondes, que veio de São José do Rio Preto, em São Paulo, para a festa, mas só volta para casa após o Carnaval. “Vir à Bahia e não passar o Carnaval, não dá”, revelou, depois de conseguir a tão desejada aparição na tevê.

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HISTÓRICO

De acordo com integrantes da Colônia de Pesca do Rio Vermelho, a Festa de Iemanjá foi criada na década de 20 por pescadores. Em um ano fraco de pescaria, eles pediram ajuda à deusa africana e, com o auxilio de uma mãe de santo, aprenderam como realizar o preceito para agradar a rainha das águas. O pescador Claudino Bispo Teles, o Sariga, 78 anos, conta que seu pai, Simião Alves dos Santos fazia parte desse grupo inicial de devotos. “Participaram ainda Astério, Dominguinhos e Burí, que também pescavam aqui”, relata.

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Ritual particular na areia da praia

Nem todos os devotos de Iemanjá enfrentam a fila para depositar os presentes nos balaios da Colônia de Pesca do Rio Vermelho. Muitos visitantes e integrantes das religiões de matriz africana fazem seus rituais particulares na areia da praia. Diante da morada da rainha das águas salgadas, há espaço para manifestações organizadas por terreiros, que chegam a criar pequenos altares com imagens, velas e flores; para fiéis que meditam, solitários, com os pés nas águas sagradas, e até para filhas de orixá que incorporam a própria Iemanjá, como uma mãe que vem até a porta de casa, abençoar seus filhos com um abraço carinhoso. Há um lugar especial inclusive para um grupo de surfistas que organizou uma homenagem diferente na celebração, formando um círculo com as pranchas.

“Senti um alívio no corpo”, descreveu a empregada doméstica Jussara da Silva, 27 anos, logo depois de receber um abraço de proteção de uma mulher vestida de azul, que distribuía bênçãos aos fiéis na beira da água. Para os devotos, era a própria rainha do mar, que retribui, com proteção, os filhos que vêm saudá-la. Em busca dessas bênçãos, Jussara pagou R$20 de transporte de Feira de Santana até Salvador. Sem enfrentar a fila dos presentes, ela não se importou em esperar, na beira da água, para receber as saudações de diversas mulheres que incorporaram a orixá homenageada no Dois de Fevereiro.

Santuários - Representantes de terreiros, muitos vindos do interior do estado em caravanas, montaram pequenos santuários na areia da praia, que foram louvados ao som de atabaques e pandeiros. Foi o caso do Terreiro de Iansã, localizado em Conceição de Jacuípe, que trouxe um grupo de 46 filhos de santo para participar da festa, fora as crianças. “Saímos de lá às 6h, mas tudo o que a gente faz com amor vale a pena”, explicou o babalorixá Marcelo Oliveira.

Houve quem preferisse desembolsar R$5 por um passeio de barco, com direito a colete salva-vidas, para depositar as próprias oferendas no mar. Foi o caso da médica paulista Janaína Piorelli, 28 anos, que veio a Salvador especialmente para reverenciar Iemanjá. Ela saiu da capital paulista de manhã cedo e voltou ao trabalho de tarde. “Espero que meu chefe não leia o jornal, senão vai ficar sabendo”, comentou. Para muita gente, para participar da festa, vale até mesmo o risco de perder o emprego.

Na beira da água, não há espaço para a desigualdade: na morada de Iemanjá, dividem espaço pessoas de bairros pobres e ricos, gente de perto e de muito longe. “Pedi paz para o mundo, união entre as famílias e respeito ao que a natureza nos deu. Isso aqui é um lugar de axé. Às vezes, até por descuido, acabamos poluindo e maltratando um lugar como este, que nos traz tanta força”, afirmou a balconista Delzuite de Jesus, 43, que veio da cidade de Coração de Maria ao lado de outros filhos do Terreiro de Ogum.

A areia também serviu como palco para o protesto organizado pelo Fórum Permanente de Defesa do São Francisco que, pelo segundo ano, veio pedir proteção a Iemanjá para salvar o Velho Chico .

Fonte: Aqui Salvador, Correio dda Bahia, 03.02.2007
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador
/noticia_impressao.asp?codigo=121761

Os direitos humanos dos povos indígenas

artigo a seguir foi publicado no jornal Folha de São Paulo, em 2/fevereiro, no endereço http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0202200709.htm

Saudações a todos,
Paulo Bagdonas


HÉLIO BICUDO

Basta ver que uma ação em favor de uma etnia indígena já demora 24 anos e espera decisão do STF. Tal estado de coisas precisa ser enfrentado

UM FATO que ocorre periodicamente na região que abrange os Estados do Maranhão, do Pará, da Bahia e de Minas Gerais, onde vivem várias tribos indígenas, como Guajajara (MA), Krenak (MG) e Xicrim (PA), precisa ser enfrentado sem apelos a interesses políticos, tendo em vista apenas as violações a direitos dos povos indígenas que ali vivem, de trabalhadores de empresas da região e de simples cidadãos.

Segundo informa a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), uma das empresas da região, em contrato de financiamento celebrado com o Banco Mundial, se comprometeu a dispor ajuda financeira para acudir aos interesses daquelas tribos no que respeita à saúde, cuidados médicos, alimentação, educação e moradia.

Findo o contrato com o banco, a mineradora continuou a repassar recursos ao governo para que, mediante ações da Funai e outras entidades governamentais, fossem contemplados os direitos dos indígenas da região.

Contudo, vez por vez, esses direitos não são atendidos, o que leva os indígenas a adotar represálias -fechamento da estrada de ferro Carajás e invasão das instalações de empresas da região, em especial da Vale- para que obtenham o que lhes é devido.

Nessas oportunidades, alguma coisa se faz e os indígenas retornam aos seus lares. São fatos que ocorrem periodicamente, com prejuízos concretos para índios, usuários da ferrovia e trabalhadores.

Essas ocorrências, que permitem visualizar um problema de maior amplitude, foram levadas ao conhecimento da Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos, que, tendo em atenção vários estudos e relatórios de entidades não-governamentais, ingressou na Comissão Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (órgão da OEA) com o pedido de audiência temática, envolvendo todos os atores públicos e privados, para o esclarecimento da situação geral das etnias indígenas, permitindo, outrossim, a revelação de casos que possam tramitar naquela comissão e, subseqüentemente, ser apresentados à decisão da Corte Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos.

É evidente que tal situação não pode perdurar, mormente quando a Funai não interage como órgão governamental e as ações do Conselho Indigenista Missionário se estiolam, inclusive, no Judiciário de primeira instância, em que, geralmente, não encontram repercussão e têm de voltar-se para os tribunais em que as causas se eternizam. Para ter uma idéia, basta lembrar que ação em favor da etnia pataxó hã-hã-hãe já demora 24 anos e aguarda decisão do STF.
Esse estado de coisas precisa ser enfrentado, de sorte a obrigar o Estado a cumprir obrigações impostas pela Constituição Federal no que respeita aos direitos dos povos indígenas, que, para obter, no mínimo que seja, atenção, podem e cometem atos de violência contra terceiros.
Há aqui, sem dúvida, uma dupla violação de direitos fundamentais por parte do Estado: diretamente, relativamente aos índios, e indiretamente, quando estes, desesperados, partem para a violência e violam direitos de terceiros.

A comissão interamericana, em seu relatório sobre a situação dos direitos humanos no Brasil, ao tratar dos povos indígenas, após um exaustivo exame do problema, já advertia: "A situação referente aos cidadãos indígenas do Brasil em relação à saúde, alimentação e acesso a serviços públicos é preocupante. Os médicos denotam condições claramente discriminatórias em relação aos padrões e serviços da população em geral".

As recomendações da referida comissão para que se acelerasse e aprofundasse o cumprimento dos objetivos de curto e médio prazos estabelecidos no Plano Nacional de Direitos Humanos restaram descumpridas, em claro prejuízo na implementação desses objetivos que incorporam, pura e simplesmente, a obediência às normas constitucionais vigentes.

A Anistia Internacional, em seu relatório de 2003, assinala que "povos indígenas, em vários pontos do país, também sofreram ameaças, ataques e, inclusive, homicídios, sobretudo em sua luta pela terra".

Diante da apatia do Estado brasileiro, numa situação de completo abandono dos povos indígenas, só uma solução parece válida: a entrega do problema ao sistema interamericano de direitos humanos, mediante audiência pública que deverá ter lugar em Washington na próxima reunião ordinária da comissão interamericana, o que irá permitir apresentação de casos emblemáticos para soluções pontuais, mediante recomendações da comissão ou decisões da corte.
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HÉLIO BICUDO, 84, advogado e jornalista, é presidente da Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos. Foi vice-prefeito do município de São Paulo (gestão Marta Suplicy).

Wednesday, January 31, 2007

Artistas promovem show em homenagem a mãe Menininha

Artistas promovem show em homenagem a mãe Menininha
IALORIXÁ

Perla Ribeiro

Se mãe Menininha estivesse viva, o Gantois seria pequeno para abrigar o número de filhos-de-santo e admiradores que iriam festejar com ela os seus 113 anos. Tido como os cantores preferidos da ialorixá, provavelmente Maria Betânia e Caetano Veloso teriam imenso prazer de cantar só para ela. Na sua ausência, os santamarenses juntam as vozes de Gal Costa, Daniela Mercury, Jerônimo, Mariene de Castro e Márcia Short para cantar em louvor a terceira mãe-de-santo da linha sucessória do terreiro do Gantois. O show acontece no dia 10 de fevereiro e o palco da celebração será a Concha Acústica. Toda a renda dos ingressos será revertida para as ações sociais do terreiro.

Ainda em comemoração à data, os filhos da casa preparam uma série de palestras, o lançamento de um livro, um selo personalizado e um carimbo comemorativo. Além da celebração da data de nascimento, toda comunidade do Gantois também estará às voltas com os preparativos para os rituais de passagem dos 21 anos de morte da ialorixá. “No candomblé, com 21 anos encerra o ciclo de celebrações fúnebres.

História - Por maior que sejam as comemorações, para os seguidores elas ainda estão aquém do que Maria Escolástica da Conceição Nazaré, nome de batismo de mãe Menininha, merece. Tida como uma mulher de força inabalável, ela ficou consagrada no candomblé baiano por saber usar as palavras para vencer a resistência policial durante a perseguição aos terreiros de candomblé, por abrir as portas do Gantois para brancos e católicos, numa época em que atitudes como esta, eram vistas com estranhamento, e, acima de tudo, por conviver harmonicamente com o sincretismo. “No dia 10 de fevereiro, Deus agraciou ela com a vida e o 13 de agosto foi o dia da missão cumprida, quando Olorum chamou ela para junto dele”, diz a ialorixá Carmem.

Na qualidade de filha, Carmem acredita que, vindo de sua boca, os adjetivos podem parecer suspeitos, mas no fundo o que ela diz só verbaliza o sentimento coletivo. “Ela foi uma pessoa singular. Dócil, meiga, dedicada, procurou servir e ajudar a todos, sempre cumpria com suas obrigações, soube cumprir bem o seu papel”, sintetiza. Não era à toa que Jorge Amado, Dorival Caymi, Vinícius de Moraes sempre que podiam iam consultá-la.

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PROGRAMAÇÃO

08/02 - Terreiro do Gantois, a partir das 18h
Palestra com Francisco Senna
Lançamento do livro Mãe Menininha do Gantois, uma biografia


09/02 - Terreiro do Gantois, a partir das 18h
Lançamento do selo personalizado e carimbo comemorativo (com imagem de Mãe Meninha)
Mesa-redonda com o tema: Mãe Menininha - Mulher Oxum

10/02
Show na Concha Acústica, às 18h

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 01.02.2007
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/
noticia_impressao.asp?codigo=121649

Negro estanca na escala social, diz estudo

Brasília, 30/01/2007

Em 30 anos, proporção de pretos e pardos nos diferentes estratos de renda permaneceu praticamente estável, aponta Centro de Pobreza
Crédito: SEPPIR/Divulgação
da PrimaPagina

A participação dos brasileiros de cor preta e parda nos diferentes estratos de renda permaneceu praticamente estável nos últimos 30 anos, o que indica que é pequena a mobilidade social desse grupo no Brasil, aponta um estudo do Centro Internacional de Pobreza — um braço do PNUD mantido em Brasília com apoio do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

“A posição socioeconômica dos negros tem permanecido notavelmente estável e previsível em um longo período de tempo. Se a raça não tivesse permanecido de fato um importante determinante da posição socioeconômica, era de se esperar que os não-brancos tivessem, enquanto grupo, uma mobilidade ascendente maior, mesmo que vagarosamente, nos últimos 30 anos”, afirma o pesquisador Rafael Guerreiro Osório, autor do estudo, no artigo intitulado Tem havido mobilidade social entre os não-brancos no Brasil?.

O trabalho comparou a renda per capita de brancos e não-brancos entre 1976 e 2005, a partir de dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra por Domicílios). A população total do país foi dividida em 20 partes iguais, dos 5% mais pobres até os 5% mais ricos. Para cada um dos anos entre 1976 e 2005, o estudo calculou as chances de uma pessoa de cor preta ou parda estar em cada um dos estratos de renda. O resultado mostrou que, quanto menor a faixa de renda, maior a proporção de negros.

Além disso, houve uma variação muito pequena em todos os 20 grupos: entre os pobres, a classe média e os ricos, a proporção dos pretos e pardos permaneceu praticamente estável nos últimos 30 anos, apesar das mudanças ocorridas na sociedade durante esse período. Como ao longo de todo o período a tendência se manteve, é possível prever que ela pouco se altere nos próximos anos, afirma Osório.

http://www.pnud.org.br/raca/reportagens/index.php?id01=2559&lay=rac
Renata Lira
Advogada
Justiça Global


Tel.: (+55) 21 2544 2320
Celular: (+55) 21 92426809
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Monday, January 29, 2007

29/01/2007 - 13:15

Ciclo de eventos celebra 113 anos de Mãe Menininha do Gantois

A Oxum mais bonita, como diria Caymmi...





A Tarde On Line

Se estivesse viva, a yalorixá Mãe Menininha, que comandou o Terreiro do Gantois por mais de 50 anos, completaria 113 de vida, no próximo dia 10. Em homenagem a data, os filhos da casa preparam palestras, lançamento de livros, selo personalizado, carimbo comemorativo e um grande show na Concha Acústica do TCA, reunindo Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Daniela Mercury, Jerônimo, Márcia Short e Mariene de Castro.

Neste ano, também chega ao fim um ciclo de cerimônias pós-morte, pois em 13 de agosto, a mãe de santo completará 21 anos de falecimento, data significativa para o calendário do Candomblé.

As comemorações pelo aniversário de Mãe Menininha começam no dia 8, com palestra de Francisco Senna, professor de História da Arquitetura Brasileira da Universidade Federal da Bahia (Ufba). No mesmo dia, acontece o lançamento do livro “Mãe Menininha do Gantois, uma biografia”, das autoras Cida Nóbrega e Regina Echeverria.

O livro, produzido pela Corrupio em parceria com a Ediouro, está recheado com dados históricos, relatos, frases e pensamentos da iyalorixá, depoimentos de alguns filhos da casa e registros fotográficos, que ilustram também a trajetória da sacerdotiza, que em 1922 assumiu o terreiro, aos 28 anos de idade.

Na sexta-feira, dia 09, os festejos continuam com o lançamento de um selo personalizado e um carimbo comemorativo que levam a imagem de Mãe Menininha. Será realizada também uma mesa redonda em torno do tema “Mãe Menininha - Mulher Oxum”, com a participação de Júlio Braga, Vanda Machado, Jocélio Teles, Fábio Lima e a jornalista e mestranda Cleidiana Ramos.

No sábado, dia 10, acontece o grande encontro com estrelas da música brasileira que se reúnem para cantar em louvor a mãe Menininha. No repertório, músicas que exaltam a importância e força do Candomblé. Participam do show: Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Daniela Mercury, Jerônimo, Márcia Short e Mariene de Castro.

O espetáculo acontece na Concha Acústica do TCA, a partir das 18h. Os ingressos custam R$ 50,00 e R$ 25,00 (meia-entrada) e estarão à venda na bilheteira do teatro. A renda arrecadada com a venda dos ingressos será destinada para as obras sociais do Gantois, realizada pela Associação de São Jorge Ebé Oxossi.

Filha de Oxum - A terceira iyalorixá da linha sucessória do Terreiro do Gantois nasceu em 1894 como Maria Escolástica da Conceição Nazareth. Neta de escravos, bisneta e sobrinha de iyalorixás, mãe Menininha conduziu durante 64 anos os destinos do terreiro fundado em 1849 pela iyalorixá Maria Júlia da Conceição Nazareth, descendente das princesas africanas que fundaram o terreiro da Casa Branca.

Nascida no século XIX, Mãe Menininha cresceu entre os homens e mulheres que preservavam e transmitiam os conhecimentos da religiosidade de matriz africana no Brasil. Com eles, ela aprendeu os antigos costumes, os rituais e a língua iorubá. Filha de Oxum, o orixá das águas doces, a yalorixá morreu aos 92 anos. Sua sucessora foi a filha Cleusa Millet - que morreu no final de 1998. Atualmente, quem comanda o terreiro do Gantois é Carmen Oliveira da Silva, Mãe Carmen, também filha de Mãe Menininha.

Campanha Guarani Kaiowá

*Entidades lançam campanha de ajuda humanitária ao povo Guarani Kaiowá*

Entidades ligadas à CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) lançam neste sábado (27), campanha de ajuda humanitária aos Guarani Kaiowá acampados às margens da BR-289, próximo ao município de Coronel Sapucaia (MS).

O ato de lançamento da campanha acontece no centro de Campo Grande, na Rua Barão do Rio Branco, em frente ao Bar do Zé, das 9 às 11 horas. Na ocasião serão distribuídos panfletos falando sobre a situação dos indígenas e divulgados os locais para a entrega das doações. Serão arrecadados alimentos, roupas e utensílios domésticos.

*O Caso*

**No dia 3 de janeiro de 2007, cerca de 36 famílias Guarani Kaiowá retomaram a terra indígena Kurusu Ambá, hoje ocupada pela fazenda Madama. No dia 9 de janeiro milícias armadas contratadas por fazendeiros expulsaram os indígenas da área e queimaram todos os seus pertences.

A ação violenta resultou na morte de Xuretê Lopes, de 73 anos, no ferimento de Valdeci Ximenes, com três tiros e no desaparecimento de Anatalino, de 14 anos.

No dia anterior à expulsão ,quatro indígenas foram presos acusados de terem roubado um trator da fazenda Madama "Foi uma armadilha para criminalizar nossos parentes", denuncia Ortiz Lopes. Ele conta que um fazendeiro colocou o trator a disposição dos índios, e quando quatro deles saíram no veículo para buscar comida foram abordados por policiais e fazendeiros e levados para delegacia.

*Visita*

No dia 20 de janeiro representantes de entidades ligadas à CMS visitaram a área onde os indígenas estão acampados. Encontraram falta de infra-estrutura, panelas vazias, famílias sem ter o que vestir. A falta de alimentos é agravada ainda pelo fim do programa estadual Segurança Alimentar, que distribuía cesta básica à população, inclusive indígena, e que foi suspenso pelo novo governo.

Durante a visita, entidades ouviram o apelo dos indígenas e decidiram lançar uma campanha de ajuda humanitária.

Porém, mais que arrecadar alimentos, roupas e utensílios, a campanha quer mostrar para a sociedade que não há como resolver o problema dos povos indígenas do Estado sem que haja demarcação de suas terras. Dados do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) revelam que Mato Grosso do Sul possui o pior índice de terra demarcada do país.


Daniela Villas Boas
Assessoria de Impresa CDDH

Informações: 9922-7181/ 9629-4919

Sunday, January 28, 2007

II International Encontro of Sambistas


Click sobre a imagem para ver ampliado

Dear Samba Lovers,
Once again we are organizing the "II International Encontro of Sambistas" for the next Rio Carnival 2007, on 15 and 16 of february at the "Cidade do Samba" ( www.cidadedosambarj.com.br ), the newest samba dream factory in Rio de Janeiro.
This is a confraternization meeting for foreign and brazilian sambistas in Rio to talk about samba and to make interchanges about experiences in their groups, samba schools and parades in their citys. Have a look, in attachement, the II Encontro flyer.

So, if you know some sambistas who is coming to the next Rio Carnival 2007 and who would like participate as speaker in this II Encontro, let me know. replaying me this e-mail, asap.

The complete list of Encontro speakers will be ready and accessible on next thusday (1 of february), at site www.sambaglobal.net/encontro2

Thanks,

Jair Martins de Miranda
Samba Global Project Coordinator

Saturday, January 27, 2007

RITUAIS INDÍGENAS

Karajás apresentam ritos de passagem no Solar do Unhão

RITUAIS INDÍGENAS
Mariana Rios

Wajurema Karajá, 90 anos, é cacique e nunca tinha saído da aldeia no Parque Indígena do Araguaia, Ilha do Bananal, Tocantins, a 400km de Palmas. Há quatro dias, em Salvador, pela primeira vez em sua vida viu o mar. Senta, cruza as pernas, tira o pequeno cachimbo do bolso, com fumo, e acende. Nas maçãs do rosto, dois círculos tatuados. Nos vincos da face, traz ainda traços negros, que identificam sua etnia. Pergunta, misturando português e o karajá, se o artesanato trazido será comercializado na feirinha montada no Solar do Unhão. Ali, amanhã, às 19h, o rito de passagem que marca seu povo será apresentado, em projeto com patrocínio da Petrobras, tendo como pano de fundo o mar da Baía de Todos os Santos. A entrada custa R$6, e a meia R$3.

Desde sexta-feira, o solar sedia o projeto Ritos de Passagens – Canto e Dança Ritual Indígena, cuja proposta é aproximar e estabelecer um novo contato entre a tradição nativa do Brasil e seu povo urbano. Apenas olhar seu Wajurema Karajá é identificar os “brasis” perdidos na imensidão de desconhecimento de seu próprio povo. Sua visita é para apresentar-se:

“Awire, saúda”. Ele veio apresentar seu povo, quem são, como vivem e como mantêm, após 200 anos de contato, cerimônias como o hetohoky, quando os índios cobrem o corpo com o sumo do jenipapo e celebram.

Ontem à noite, duas aldeias apresentaram-se: o povo kiriri, da aldeia Mirandela, localizada entre os municípios de Banzaê e Quinjingue, norte do estado, e o povo pataxó, da aldeia Mãe da Barra Velha, no Parque Nacional de Monte Pascoal, em Porto Seguro. À tarde, fizeram uma prévia para o público presente, que pôde conferir a juventude na linha de frente para a manutenção do conhecimento e da cultura de seu povo. A voz grave e forte do jovem Raoni Pataxó, 20 anos, puxava o coro, acompanhado também por delicados pés femininos na encenação da cerimônia do Awê.

Nela a comunidade busca forças para enfrentar os desafios da vida e Inawã Brás, 18 anos, com traços e riso delicados, afirmou emocionar-se toda vez que dança com o grupo, cuja média de idade é de 20 anos. “É uma força que brota, danço desde os 5 anos e toda vez não faço sem lembrar minha ancestralidade. É uma homenagem”, explicou a jovem Pataxó. Hoje, às 20h, o público pode conferir a apresentação do povo xavante, vindos do Mato Grosso. Conscientes do seu papel, também no discurso coerente com a preservação dos seus espaços, os índios querem ser sujeitos ativos nesse novo processo. Sabem da importância de manter a floresta e o cerrado intactos para garantir a existência futura de seu povo e tradição.

***

Aldeia sustentável

O cacique xavante da aldeia Wederã, a 700km de Cuiabá, Mato Grosso, explica, com propriedade, que é possível tornar a aldeia sustentável com a floresta e o cerrado em pé. “É uma coisa nova para gente e para o governo focar novas políticas públicas. Mas é viável explorar de forma sustentável o meio ambiente”, afirmou Cipassé Xavante, 38 anos, que aos 9 deixou a aldeia por determinação do seu avô, o então cacique Apow?, para estudar em Ribeirão Preto. Atualmente, nenhum índio precisa deixar a aldeia para ter acesso à educação formal, garante Cipassé.

A sobrevivência da aldeia está apoiada do tripé produção de subsistência, artesanato e turismo ecológico – este último, a aposta da nova geração em sustentabilidade. “Estamos testando um projeto-piloto e investigando a melhor forma de fazê-lo com o mínimo impacto. Por isso, todo cuidado”, garantiu Cipassé, que já recepcionou na aldeia três grupos, formados por dez pessoas, em geral de professores e estudantes universitários.

A programação, explicou, dura três dias e compreende recepção e acompanhamento da rotina na aldeia, uma aula indígena sobre o cerrado e as relações com o povo Xavante, além de acompanhar, pelo Rio das Mortes, a busca pela base da dieta da aldeia – a caça. A preocupação de Wajurema, do início desta história, com a venda do artesanato, tem tudo para se tornar secundária, se a população indígena ocupar de fato o posto de representante e defensora de nossas maiores riquezas.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 27.01.2007
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/
Snoticia_impressao.asp?codigo=121303

Friday, January 26, 2007

Muros: diminuem as migrações ou alteram-se as rotas?

Luiz Bassegio

Será que a Europa um dia compreenderá que não se trata de muros, baias, sistema de vigilância, patrulhas, centros de internamento, etc., mas sim de se investir e gerar trabalho nos países de origem para que a migração seja uma opção e não uma decisão forçada?

No dia 18 de dezembro, data da aprovação da "Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias", diversos países das Américas celebraram o Dia Mundial do Imigrante. No entanto, mais do que celebrar, as mobilizações mostraram que há muito por lutar e exigir para a promoção e o respeito aos direitos humanos e à cidadania universal dos migrantes. Exemplo da dura e triste realidade migratória aconteceu na véspera da data, quando 102 pessoas que partiram da África em "cayucos" (caiaques) tentando chegar às Ilhas Canárias, Espanha, morreram após tentar percorrer mais de 1200 quilômetros no mar, para chegar as ilhas.

Desde que se intensificaram os fluxos migratórios da África, rumo a Europa, nos últimos 5 anos, calcula-se que morreram mais de 6 mil imigrantes afogados nas águas do Atlântico e mais de 200 mil foram devolvidos aos países da África.

A busca de uma vida melhor dos africanos de Marrocos, África subsahariana - Malí, Serra Leoa, Guiné e Senegal -, em contingentes massivos, teve início há mais de dez anos. A princípio através das "pateras" (barcos) que partiam de seu país, atravessavam o Mediterrâneo e chegavam à Espanha, ou melhor, no sul do país. Aos poucos, porém, foram colocadas "baias" nas cidades de Ceuta e Melila, norte de Marrocos, câmeras de vigilância, radares e patrulhas no Mar Mediterrâneo. Mas nada disso tem impedido o fluxo migratório.

Nova rota de Imigrantes

Após uma promessa de 40 milhões de euros por parte da União Européia, a título de "Desenvolvimento", o governo de Marrocos colocou o exército para impedir a passagem dos migrantes. Também foi instalado ao longo da costa Norte da África o chamado SIVE (Sistema Intensivo de Vigilância Externa).

Agora, a nova rota de imigrantes para chegar à Europa torna-se ainda mais longa e perigosa. Trata-se de empreender uma longa e perigosa viagem passando pela Mauritânia, parte do Deserto do Saara, para chegar ao Senegal, por terra. Daí, por mar, os migrantes sobem pela costa africana até a altura das Ilhas Canárias. Quando chagam, são levados para os Centros de Internamento do sul da Espanha. Permanecem nos centros por 40 dias e depois são repatriados ou soltos na rua. Uma boa parte deles acaba trabalhando nas colheitas das frutas da região, em condições de semi-escravidão.

Se por um lado os muros não são suficientes para deter os imigrantes, além de tornar a viagem mais longa e perigosa tanto por terra como por mar, por outro, percebe-se que a iniciativa estimula o aumento das migrações. Os Senegaleses, que até então quase não migravam para as Ilhas, ao verem as pessoas de outros países passando pelo território do Senegal, começaram a seguir os mesmos caminhos. Assim, a vigilância e os muros do Mediterrâneo fizeram eclodir outro fluxo migratório, dos senegaleses para a Europa.

Para repatriar os que chegam às Ilhas Canárias, a Espanha, sempre a título de "Apoio ao Desenvolvimento", deu 35 milhões de euros ao Senegal. Em troca, este país teve que aceitar a repatriação de 5 mil imigrantes - teoricamente senegaleses, mas como boa parte não tem documentos, nesta cota são repatriados migrantes da Mauritânia, Serra Leoa, etc.

A perversa tática da União Européia

A externalização de fronteiras cria mecanismos pelos quais a possibilidade de se chegar à Europa torna-se mais difícil e mais perigosa e o local de partida dos migrantes cada vez mais distante do destino. Se antes eram apenas algumas dezenas de quilômetros através do Mediterrâneo, agora são 1500 km para se chegar ao Senegal e outros tantos ou mais, por mar, para se chegar às Ilhas Canárias, em "cayucos".

Mas não é só isso, a Europa serve-se de outros artifícios. São os próprios países de origem que devem exercer o controle através da polícia e da dificuldade de se conseguir visto; muitos pedidos de asilo passam a ser feitos nos países de trânsito, o que é muito difícil; há policiais da Europa nos aeroportos dos países de origem que fazem o controle mais rigoroso e as próprias empresas aéreas são obrigadas a ser rigorosas no controle, sob pena de multas. E mais, com a criação de "zonas de espera" nos países de trânsito, estes acabam se tornando país de destino.

Serão estas as soluções?

Como já dissemos muitas vezes, a migração é denúncia e anúncio. Denúncia de um modelo concentrador excludente e anúncio de outro mundo, outra política, onde além do direito de emigrar deve haver também o direito de não migrar, com condições de vida digna para se fixar no lugar de origem.

Será que a Europa um dia compreenderá que não se trata de muros, baias, sistema de vigilância, patrulhas, centros de internamento, etc., mas sim de se investir e gerar trabalho nos países de origem para que a migração seja uma opção e não uma decisão forçada, uma busca por melhores condições de vida e de trabalho. Além do mais, quando perceberão os europeus que os imigrantes rejuvenescem sua população, criam riquezas, cuidam de suas crianças e seus idosos e, além de tudo, alegram a vida dos países de destino?

A solução não está nos muros, mas no desenvolvimento sustentável dos países de origem.

Luiz Bassegio é secretário executivo do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), da CNBB.

Cinema: Irmãs de cor


26/1/2007 01:12:00

Cinema: Irmãs de cor

‘Antônia’, que estréia dia 9, e ‘Dreamgirls’, em cartaz a partir do dia 16 e na disputa de oito Oscars, trazem grupos de meninas que querem vencer no mundo da música

Zean Bravo

Rio - Uma das quatro protagonistas do filme e da série de TV ‘Antônia’, Quelynah não quer mais saber de pintar o cabelo de louro. “Não pode ter negra loura cantando que chamam de Beyoncé”, explica a cantora e atriz, que agora terá nova razão para ouvir comparações com a popozuda americana. Com estréia marcada para o dia 9, o filme de Tata Amaral traz um grupo de mulheres negras batalhando por um lugar no mercado musical. Enredo parecido com o de ‘Dreamgirls — Em Busca de Um Sonho’, protagonizado por ninguém menos que Beyoncé Knowles. No filme, que chega dia 16 aos cinemas ostentando oito indicações ao Oscar, ela forma (isso mesmo!) um grupo vocal feminino atrás do estrelato.

Leia matéria completa em...

Fonte: O Dia Online

Etnias aproximadas

Povos indígenas visitam sede do Ilê Aiyê para traçar estratégias de integração com os negros

Cilene Brito

A associação entre os povos de herança africana e indígena não está apenas ligada à forte manutenção da ancestralidade, através dos traços culturais, religiosos e musicais. Embora tenham grande contribuição no processo de miscigenação da nação brasileira, ambos os povos ainda representam a parcela menos favorecida na sociedade. Um passo importante para a aproximação e parceria das duas raízes foi dado ontem durante a visita de indígenas das etnias baianas kiriri e pataxó, e do Centro-Oeste, xavante e karajá, à sede do bloco afro Ilê Aiyê, na Liberdade.

O encontro informal foi a primeira parada dos indígenas que estão em Salvador para apresentar o projeto Rito de Passagem, que tem como objetivo estreitar as relações entre os indígenas, negros e brancos, através das danças utilizadas em rituais de diferentes etnias. Promovido pelo Instituto das Tradições Indígenas (Ideti), o evento acontece de hoje a domingo, no Solar do Unhão, Avenida Contorno.

“Para nós, essa integração é muito importante. São dois povos diferentes que mantêm fortes traços da ancestralidade, mas que sofrem o mesmo processo de discriminação. Com essa visita, eles tiveram a oportunidade de ver que, apesar das dificuldades, é possível concretizar os objetivos”, afirmou o diretor do Ilê Aiyê, Roberto Rodrigues. Ele afirma que já se comprometeu em manter relação entre o bloco e os povos para fortalecer o processo de desenvolvimento das nações indígenas. “A troca de informações é importante para que eles vejam que, com muita luta, hoje estamos muito mais organizados. É uma oportunidade para diminuir as diferenças”, pontuou o presidente do afro do Curuzu, Vovô do Ilê.

Durante a visita, as tribos conheceram as instalações da Senzala do Barro Preto, onde funciona os projetos sociais do Ilê, e se mostraram motivados ao assistir a um vídeo que mostra a história da instituição. “Nós ficamos felizes e emocionados em ver que eles têm um projeto social que funciona e recebe muitos incentivos. Nós também temos alguns projetos, mas não recebemos apoio para continuar”, lamentou o presidente do Ideti, Jurandir Siridiwê, da tribo xavante.

Para a coordenadora cultural do Ideti, Ângela Pappiani, o encontro entre as duas etnias é importante para que sejam intensificadas as lutas pela criação de políticas públicas unificadas voltadas para minorias. “Quando há alguma política pública separada, os índios nunca são beneficiados. Através dessa união, eles estarão juntando forças e fortalecendo idéias”, considerou.

Proximidade–Criado há oito anos, durante a abertura das comemorações dos 500 anos do Brasil, o projeto Rito de Passagem já percorreu cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Brasília e Fortaleza. A escolha por Salvador se deu justamente pela proximidade dos traços culturais entre índios e afrodescendentes. Durante as apresentações, os povos indígenas pretendem abrir um importante canal de diálogo entre os demais povos, capazes de estabelecer um novo relacionamento e resultar numa maior compreensão sobre as diversidades culturais.

“Temos levado esse ritual de beleza das aldeias para diversas cidades, para mostrar que mesmo com todas as diferenças também podemos nos organizar. Os índios são patrimônio da cultura do Brasil e também merecem respeito’, diz Siridiwê. O xavante afirmou que existem hoje no Brasil 700 mil índios e 170 línguas distribuídos em 230 povos indígenas.

***

Rito celebra transição de idades

Siridiwê alertou, no entanto, que as apresentações no Solar do Unhão não serão shows nem espetáculos, e sim um ritual importante para os indígenas, transportado do pátio cerimonial das aldeias para um espaço. Ele explica que a dança apresentada pelos índios é utilizada durante o ritual de passagem da adolescência para a fase adulta, que varia de idade para cada etnia. A dança é a última etapa de todo processo de transição.

Quando alcança uma determinada idade, os adolescentes são excluídos da vida em sociedade e ficam reclusos no meio da mata, onde recebem importantes ensinamentos dos índios mais velhos e experientes, sobre os segredos da vida na natureza e conhecimentos astronômicos. “O tempo de reclusão varia para cada etnia. Alguns ficam um ano, outros seis meses. No caso da xavante, o adolescente sai com 9 anos e só retorna com 17”, contou.

Durante os três dias do projeto, o público também poderá conhecer e adquirir artesanatos típicos das tribos, como bandejas de fibra trançada, bonecas de madeira, colares e pulseiras, acessórios feitos com sementes, cestas e cerâmicas, entre outros, na feira de artesanato aberta ao público no Solar do Unhão. Já o Ideti vai comercializar livros, documentários, postais temáticos, CDs e camisetas do instituto. Os ingressos estão à venda no local a partir das 16h. A inteira custa R$6, e a meia, R$3.

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Programação:

Hoje:
Das 9h às 11h – Visita ao Projeto Axé, no Pelourinho.
A partir das 16h – Feira de Artesanato Indígena no Solar do Unhão.
Às 20h – Apresentação do projeto Rito de Passagem no Solar do Unhão.

Amanhã
A partir das 16 – Feira de Artesanato Indígena no Solar do Unhão.
Às 20h – Apresentação do projeto Rito de Passagem no Solar do Unhão.

Domingo
A partir das 16 – Feira de Artesanato Indígena no Solar do Unhão.
Às 20h – Apresentação do projeto Rito de Passagem no Solar do Unhão.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 26.01.2006
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador
/noticia_impressao.asp?codigo=121221

Wednesday, January 24, 2007

Britânica defende escravidão em reality show

Integrantes do reality show 'Shipwrecked'
Lucy Buchanan (na extremidade direita) foi descrita como "ingênua
Uma participante de um reality show britânico causou polêmica no país ao defender a escravidão e ofender os negros durante o programa.

"Sou a favor do império britânico e estas coisas. Sou a favor da escravidão, mas isso nunca vai voltar", disse Lucy Buchanan, uma das participantes do reality show Shipwrecked (“Náufragos”, em tradução livre), transmitido pelo canal de televisão Channel 4.

Buchanan, de 18 anos, também disse que pessoas negras são "realmente ruins", condenou o multiculturalismo existente na Grã-Bretanha e chamou as lésbicas de "sinistras".

"A Grã-Bretanha é uma bagunça total. Eu simplesmente não gosto de pessoas chegando ao nosso país e assumindo a nossa cultura", disse a jovem.

Mais de 430 pessoas já registraram reclamações sobre as declarações de Buchanan no órgão regulador de TV britânico Ofcom.

"Ingênua"

A Comissão de Igualdade Racial do país disse que está analisando o programa e que os telespectadores deveriam enviar reclamações ao Channel 4.

O canal tentou minimizar a polêmica veiculando gravações posteriores em que Buchanan voltou atrás em algumas de suas afirmações.

Os pais da jovem, David e Nicola Buchanan, divulgaram uma nota com "as mais sinceras desculpas" pelas declarações da filha.

"Nós acreditamos que Lucy, como uma adolescente ingênua, fez estas afirmações bobas e extremamente infelizes por causa de sua ansiedade em estar participando de Shipwrecked", disseram na nota.

O Channel 4 foi também alvo de milhares de reclamações e críticas na semana passada ao veicular cenas de três integrantes de outro reality show, o Celebrity Big Brother (Big Brother de Celebridades) ridicularizando a atriz indiana Shilpa Shetty, o que foi considerado racismo por muitos telespectadores.

BBC Brasil- 24.01.2007
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/
2007/01/070124_defensora_escravidaoaw.shtml

Monday, January 22, 2007

Rastafáris apresentam ao MP queixa contra música

margareth menezes


As associações culturais rastafári Nova Flor e Aspiral do Reggae apresentaram ao Ministério Público Estadual uma queixa contra a cantora Margareth Menezes e os compositores Augusto Conceição e Fábio Alcântara. Tudo por causa da música Rasta man cujo conteúdo do refrão (“Rasta man meio maluco, mas um homem bom”) é classificado como pejorativo, na opinião dos seguidores do movimento, difundido musicalmente por Bob Marley. Na tentativa de chamar a atenção, as entidades levaram, na terça-feira, a reclamação à 2ª Promotoria de Justiça da Cidadania e Combate ao Racismo.

No termo, é solicitado que a cantora se retrate e que Rasta man pare de ser veiculada nos meios de comunicação “por comprometer a história do movimento Rastafári”. O protesto daqueles que defendem os preceitos do imperador Haile Selassie I foi feito à reportagem do Correio da Bahia, durante o II Seminário Municipal Inter-religioso de Combate à Intolerância, realizado ontem na Casa do Benin, no Pelourinho.

“Foi uma leitura infeliz e estamos tomando essa iniciativa para que nossa cultura não seja descaracterizada”, explicou o integrante da Associação Cultural Nova Flor, Sidney Rocha, estudioso do rastafarianismo. Quando ouviu na rua a letra da música, Jussara Santana, integrante do movimento, gostou da letra, mas o refrão a chocou. “Tenho conhecimento do movimento e não concordo com isso. Não podemos contribuir com essa difusão equivocada”, declarou Jussara.

A cantora Margareth Menezes falou, por telefone, à reportagem que respeita a interpretação, mas o refrão, garante, não foi feito para agredir. Bem humorada, completou: “Eu também sou meio maluca. Adoro a música e acho que ela faz uma homenagem ao ser humano, à pessoa que tem liberdade de viver, que vai atrás de seu sonho e não obedece a uma sociedade enquadrada. A música é do bem. Uma homenagem também ao radialista Lino Almeida, que me apresentou ao reggae”, defendeu Maga.

Presente ao seminário, o promotor de justiça Almiro Sena Soares Filho afirmou que só terá acesso ao documento no próximo dia 1º, quando retornará de férias. “Vou ouvi-los formalmente e, depois disso, analisar para decidir os encaminhamentos”, explicou. O receio é que a música contribua para a desinformação e, mesmo à intolerância, em relação ao movimento, que é uma filosofia de vida e não uma religião. “(Na música) não existe a busca do entendimento. Nosso povo precisa ser respeitado. Não vemos como uma virtude ‘ser maluquinho, mas ser bom’”, concordou Kamaphew Tawa, 40 anos, que desde os 19, explicou, se dedica ao movimento rastafári.

A tentativa do grupo é mostrar que, por exemplo, os dreadlocks na cabeça são o símbolo de união com Jah (Deus) e pela busca por uma vida natural e justa. “Como mulher, como negra e rasta, me senti ofendida. Se ficarmos calados, vamos estar legitimando um processo de alienação”, defendeu Dina Lopes, que também congrega os ensinamentos do rastafarianismo, movimento internacional de repatriação negra, que ganhou notoriedade e responsabilidade cultural com o legado da escravidão e colonialismo na Jamaica. Música de trabalho, que está no mais recente CD e também no DVD da cantora, Rasta man, defende Margareth, traz o homem que tem domínio do que quer. “Não conheço um rasta que não seja meio maluco. A nação rastafári tem todo o meu respeito e vou continuar cantando”. (MR)

Fonte: Correio da Bahia, 23.01.2006
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/
noticia_impressao.asp?codigo=121051

Foto Bob Marley: http://www.marleyoncanvas.com/

Sunday, January 21, 2007

Jornal conta ligação de Naomi com seita brasileira 'bizarra'

Jornal conta ligação de Naomi com seita brasileira 'bizarra'
Naomi Cambell
O jornal investiga a ligação da modelo com o Candomblé
O jornal britânico Mail on Sunday publicou um artigo neste domingo analisando a ligação da modelo Naomi Cambell e o pai-de-santo brasileiro Tuca Franchini.

O jornal diz que a modelo "problemática" estaria "apaixonada pela bizarra seita brasileira", se referindo ao Candomblé.

A publicação cita uma entrevista exclusiva com Franchini na qual ele confirma que a modelo londrina "ficou muito interessada pelo Candomblé".

"Ela não o pratica como religião, mas me escuta quando eu conto a sua história porque ela é apaixonada pelas raízes da nossa cultura africana."

Embaixadora

O jornal menciona rumores de que Frachini seria um ‘guia espiritual’ de Naomi e ela teria buscado a ajuda de espíritos do Candomblé para conter seus acessos de raiva.

Na semana passada, a modelo se declarou culpada de ter agredido uma ex-funcionária com um telefone celular. Ela foi condenada a prestar serviços comunitários em Nova York.

No que chama de primeiro comunicado público de Franchini sobre sua amizade com a britânica, o jornal diz que ele considerou apenas coincidência o fato de ela ter voado da cidade americana direto para o Rio de Janeiro.

"Ela visitou o Rio porque estava se tornando embaixadora da cidade no exterior e para festejar meu aniversário de 36 anos como amiga", disse ele.

Um porta-voz da modelo negou que Naomi Cambell se identifique com alguma religião específica e rejeitou categoricamente que ela tenha se consultado com Franchini por causa dos acontecimentos em Nova York.

BBC Brasil

http://www0.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story
/2007/01/070121_rionaomicambelrc.shtml

Saturday, January 20, 2007

NOTA EM APOIO À QUESTÃO INDÍGENA

NOTA EM APOIO À QUESTÃO INDÍGENA

Kaiowá Guarani: pela vida e não violência, justiça e demarcação

A COORDENAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS vem manifestar a sua preocupação em relação à violência contra o povo indígena Kaiowá Guarani no Estado de Mato Grosso do Sul dado a característica de genocídio verificada ao longo dos anos.

É o que podemos constatar, mais uma vez, quando ocorrem o assassinato de Xuretê Julita Lopes, o desaparecimento de Anatalino, 14 anos, e o ferimento de Valdecir Ximenes, com três tiros, ao amanhecer do dia 9 de janeiro, por milícias armadas contratadas por fazendeiros, que retiraram à força um grupo que havia retornado ao seu tekoha (terra tradicional), hoje ocupado pela fazenda Madama, no município de Coronel Sapucaia, MS. Quatro índios continuam presos, após incidente resultado de um ataque da milícia armada, no dia anterior.

Além dessa violência física, a comunidade foi duramente atingida por uma longa espera: aguardou cinco dias por uma autorização judicial para o enterro de Julita, rezadora de 73 anos, no local em que foi assassinada. As decisões da Justiça Federal em Ponta Porã e do Tribunal Federal Regional, em São Paulo, negaram aos índios o direito de sepultar a anciã no local em que tombou.

Enquanto os Kaiowá Guarani, no amanhecer do dia 9 estavam fazendo seu ritual de reza em seu tekohá, foram brutalmente atingidos por balas dos pistoleiros que chegaram em 12 carros atirando nos indígenas ali reunidos. A nhandesi(rezadora) com mbaracá na mão, foi atingida mortalmente, ficando estirada ao chão. Todos foram forçados a entrar num ônibus e caminhão ali trazidos de um dos donos de agronegócio da região, e despejados na beira da estrada.

Nos unimos aos Kaiowá Guarani de Korusu Ambá e demais terras indígenas deste povo em sua heróica luta por seus direitos, e sua diversas formas de externar sua revolta e indignação, exigindo justiça e demarcação, seja em seus rituais de esperança, seja nas praças e ruas como ocorreu em Dourados, dia 12 de janeiro.

Denunciamos as ações de fazendeiros, que contratam jagunços, seguranças privados e pistoleiros para resolverem à força disputas sobre terras. Os Kaiowá Guarani nada mais buscam do que seu o direito constitucional às terras das quais foram expulsos. Repudiamos essa mentalidade que concebe como“direito natural” a expropriação de terras indígenas, negando a reprodução da vida a inúmeras famílias que se sustentam através da terra, com base em culturas milenares.

É assustadora a certeza da impunidade com que vêm agindo esses grupos armados. Os matadores continuam soltos, enquanto dezenas de índios estão presos. É preciso uma ação enérgica e eficaz da Polícia Federal e da Justiça para que não continuem sendo estimulados tais atos criminosos.

Toda essa situação só começará a mudar se houver uma ação rápida do governo Federal para regularizar e garantir aos Kaiowá Guarani suas terras. É uma afronta constatar que quase todos os processos de regularização das terras indígenas no Estado estão paralisadas por ações judiciais e que a Funai tem se omitido sistematicamente a criar grupos de trabalho para identificar mais de uma centena de tekohas (terras tradicionais) que aguardam por essa providência.

A situação é de insegurança, pois todos temem por suas vidas e, principalmente, a insegurança alimentar que não está sendo garantida por nenhuma esfera estatal. Portanto, se faz urgente que o governo estadual e federal tomem providências para manutenção da segurança física e alimentar da comunidade expulsa da fazenda Madama, no Município de Coronel Sapucaia.

Todos aqueles que buscam a justiça e fraternidade, desde a população local, regional, nacional e internacional, estão sendo convocados por este apelo para por fim a essa violência sistemática e generalizada contra o povo Guarani Kaiowá.

Campo Grande, 19 de janeiro de 2007

CMS – Coordenação dos Movimentos Sociais do Mato Grosso do Sul

Aumenta violência entre ianomamis

19/01/2007

Local: Brasília - DF
Fonte: Correio Braziliense
Link: http://www.correioweb.com.br/

Segundo a Funai, Polícia Federal vai realizar operação para retirar garimpeiros da reserva dos Ianomami

Os índios ianomamis da Serra das Surucucus, em Roraima, estão se aniquilando. A baixa é “patrocinada” e atende aos interesses de garimpeiros. De olho nas áreas de mineração das terras indígenas, eles fornecem armas de fogo aos índios há mais de duas décadas, contribuindo para a intensificação de conflitos intercomunitários, característicos da etnia. O sistema de agressões entre os ianomamis é sociocultural. Está relacionado às relações de parentesco, à ocupação do espaço e à definição de unidades sociais. Mas, por causa da interferência do homem branco, o homicídio tornou-se, a partir de meados da década de 1990, uma das principais causa de mortalidade entre os índios. Diferentemente dos tempos onde apenas as flechas, além dos rituais de feitiçaria guerreira, eram usadas como munição contra o “inimigo.”

Das 54 mortes violentas registradas na última década, 22 homicídios (41%) foram causados por armas de fogo. No início desta década, os casos de morte violenta se intensificaram. Das 30 registradas entre 2000 e 2003, 70% foram em decorrência do uso de armas de fogo, enquanto apenas 30% envolveram exclusivamente a utilização de outras armas. O número de ianomamis em território brasileiro chega a mais de 10 mil.

Os dados fazem parte do estudo Niyayou – antagonismo e aliança entre os Yanomami da Serra das Surucucus (RR). De autoria do antropólogo Rogério Duarte do Pateo, da Universidade de São Paulo, a pesquisa denuncia o oportunismo do garimpo que, diante da falta de atuação do Estado para garantir efetivamente os direitos dos índios, se aproveita da desarticulação do governo federal e invade as terras dos ianomamis.

Operação da PF O pesquisador da USP lembra que a situação é conhecida das autoridades brasileiras desde os anos 70. “O poder público está deixando a desejar. Falta continuidade na fiscalização. Até a Polícia Federal já fez recolhimento de armas, mas a permanência da fonte fornecedora dentro da área indígena persiste”, denuncia.

A última investida ocorreu em dezembro de 2005. Agentes federais e funcionários da Funai sobrevoaram a Serra das Surucucus para ver se procediam as denúncias de invasão pelos garimpeiros. O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, afirma que a operação está sendo planejada e vai acontecer nos próximos meses, mas não dá detalhes.

Para Pateo, as ações da Funai são em vão e as que conseguem êxito não funcionam por muito tempo. Ele cita a Operação Yanomami, desencadeada em 1996, como um caso clássico de inoperância. Houve o recadastramento de aeronaves e a intensificação da fiscalização sobre os vôos clandestinos, com a desativação de postos de combustíveis não regularizados e a fiscalização das distribuidoras de combustível.

Segundo o antropólogo, esse conjunto de procedimentos — controle rígido das vias de acesso aos garimpos, falta de mantimentos e combustível para as máquinas — tornou inviável a presença dos invasores, potencializando a eficiência da operação, se mostrou eficaz. Mas não perdurou. E os invasores voltaram.

‘É preciso aumentar a união de idéias do povo negro’

KURT L. SCHMOKE/‘É preciso aumentar a união de idéias do povo negro’

Pingue-pongue

Aos 57 anos, o advogado americano Kurt L. Schmoke é conhecido na comunidade negra internacional como um homem de sucesso. Formado pela respeitada universidade de Yale e Oxford, foi o primeiro prefeito negro eleito da cidade de Baltimore. Nesse período, desenvolveu políticas inovadoras nas áreas de habitação, educação e saúde pública, especialmente na redução de danos para dependentes químicos. Numa cidade com 55% de negros, Schmoke não teve medo de parecer segregacionista e desenvolveu muitas ações pela comunidade afrodescentente, que o elegeu mais duas vezes. Deixada a carreira política, passou a ocupar, em 2003, a cadeira de reitor da Escola de Direito da Universidade de Howard, que formou muitos negros enquanto os Estados Unidos viviam seu próprio apartheid. À frente da escola, continua trabalhando para criar mais líderes negros que se espalhem pelo mundo. Shmocke não fala de um poder agressivo, mas cobra atitudes. Sobre a situação dos negros no Brasil, o advogado acredita que falta reconhecermos que há um problema. “Se você achar que as coisas não estão tão ruins, não vai tomar uma decisão firme de mudança”.

Ana Carolina Araújo

Correio da Bahia - O senhor acredita no black power (poder negro)?

Kurt Schmoker - Para algumas pessoas, o poder negro é uma forma de se sentirem melhores e mais fortes mas, para outras, o termo significa divisão e as aborrece, se sentem ameaçadas. Meus alunos, que têm de 22 a 26 anos, fizeram este ano uma conferência na faculdade com o título O que é negro?. Eu achei muito interessante porque eu não tive isso há 35 anos. Para eles, parte da comunidade ainda precisa aprender a ver o negro de uma maneira mais positiva e forte, mesmo que algumas pessoas pensem nisso como uma divisão. Foram diferentes reações sobre o evento, mas eu acho que num país de diversidade racial, é preciso mandar a mensagem black is beautiful (negro é lindo), e não algo negativo. É preciso balancear e deixar claro que não se está tentando dividir ninguém, mas associar coisas positivas ao fato de ser negro.

Leia a entrevista completa em...

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 20.01.2007
www.correiodabahia.com.br

Thursday, January 18, 2007

Morre líder mística de rebeldes de Uganda

Morre líder mística de rebeldes de Uganda
Alice Lakwena
Lakwena garantia proteção a seus seguidores em batalhas
A mulher que iniciou a longa insurgência no norte de Uganda, Alice Lakwena, de 50 anos, morreu no exílio em um campo de refugiados no Quênia.

A causa da morte não foi revelada, mas Lakwena estaria padecendo de alguma doença há vários dias.

A auto-proclamada profetiza fundou o Movimento do Espírito Santo, nos anos 80.

Seus seguidores acreditavam que poções mágicas os protegiam nas batalhas, mas eles acabaram sendo derrotados pelas forças do governo do país.

Depois disso, vários seguidores de Lakwena formaram o Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês), liderado por seu primo, Joseph Kony.

Lakwena ainda mantinha muitos seguidores, que acreditavam que ela tinha poderes para curar doenças, como a AIDS.

O LRA realiza negociações com o governo para encerrar o conflito de 20 anos na região.

Mais de 1,5 milhão de pessoas abandonou suas casas por causa do conflito e milhares de crianças foram seqüestradas pelo LRA.

BBC Brasil

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/
2007/01/070118_reuniaomercosul1dg_cg.shtml