Monday, January 22, 2007

Rastafáris apresentam ao MP queixa contra música

margareth menezes


As associações culturais rastafári Nova Flor e Aspiral do Reggae apresentaram ao Ministério Público Estadual uma queixa contra a cantora Margareth Menezes e os compositores Augusto Conceição e Fábio Alcântara. Tudo por causa da música Rasta man cujo conteúdo do refrão (“Rasta man meio maluco, mas um homem bom”) é classificado como pejorativo, na opinião dos seguidores do movimento, difundido musicalmente por Bob Marley. Na tentativa de chamar a atenção, as entidades levaram, na terça-feira, a reclamação à 2ª Promotoria de Justiça da Cidadania e Combate ao Racismo.

No termo, é solicitado que a cantora se retrate e que Rasta man pare de ser veiculada nos meios de comunicação “por comprometer a história do movimento Rastafári”. O protesto daqueles que defendem os preceitos do imperador Haile Selassie I foi feito à reportagem do Correio da Bahia, durante o II Seminário Municipal Inter-religioso de Combate à Intolerância, realizado ontem na Casa do Benin, no Pelourinho.

“Foi uma leitura infeliz e estamos tomando essa iniciativa para que nossa cultura não seja descaracterizada”, explicou o integrante da Associação Cultural Nova Flor, Sidney Rocha, estudioso do rastafarianismo. Quando ouviu na rua a letra da música, Jussara Santana, integrante do movimento, gostou da letra, mas o refrão a chocou. “Tenho conhecimento do movimento e não concordo com isso. Não podemos contribuir com essa difusão equivocada”, declarou Jussara.

A cantora Margareth Menezes falou, por telefone, à reportagem que respeita a interpretação, mas o refrão, garante, não foi feito para agredir. Bem humorada, completou: “Eu também sou meio maluca. Adoro a música e acho que ela faz uma homenagem ao ser humano, à pessoa que tem liberdade de viver, que vai atrás de seu sonho e não obedece a uma sociedade enquadrada. A música é do bem. Uma homenagem também ao radialista Lino Almeida, que me apresentou ao reggae”, defendeu Maga.

Presente ao seminário, o promotor de justiça Almiro Sena Soares Filho afirmou que só terá acesso ao documento no próximo dia 1º, quando retornará de férias. “Vou ouvi-los formalmente e, depois disso, analisar para decidir os encaminhamentos”, explicou. O receio é que a música contribua para a desinformação e, mesmo à intolerância, em relação ao movimento, que é uma filosofia de vida e não uma religião. “(Na música) não existe a busca do entendimento. Nosso povo precisa ser respeitado. Não vemos como uma virtude ‘ser maluquinho, mas ser bom’”, concordou Kamaphew Tawa, 40 anos, que desde os 19, explicou, se dedica ao movimento rastafári.

A tentativa do grupo é mostrar que, por exemplo, os dreadlocks na cabeça são o símbolo de união com Jah (Deus) e pela busca por uma vida natural e justa. “Como mulher, como negra e rasta, me senti ofendida. Se ficarmos calados, vamos estar legitimando um processo de alienação”, defendeu Dina Lopes, que também congrega os ensinamentos do rastafarianismo, movimento internacional de repatriação negra, que ganhou notoriedade e responsabilidade cultural com o legado da escravidão e colonialismo na Jamaica. Música de trabalho, que está no mais recente CD e também no DVD da cantora, Rasta man, defende Margareth, traz o homem que tem domínio do que quer. “Não conheço um rasta que não seja meio maluco. A nação rastafári tem todo o meu respeito e vou continuar cantando”. (MR)

Fonte: Correio da Bahia, 23.01.2006
http://www.correiodabahia.com.br/aquisalvador/
noticia_impressao.asp?codigo=121051

Foto Bob Marley: http://www.marleyoncanvas.com/

2 comments:

Estudio Pena Dourada said...

como branco e seguidor do movimento rastafari , concordo com o ponto de vista dos envolvidos no queixa, contudo acredito que recorrer a justiça "deste sistema de coisas" seja incoerente, até porque lnl diz que "a verdadeira sabedoria provem dos loucos" , enfim . quem tem boca fala o que quer .. acho que existam questões mais importantes para a desmistificação do movimento e da cultura rasta.

Estudio Pena Dourada said...

como branco e seguidor do movimento rastafari , concordo com o ponto de vista dos envolvidos no queixa, contudo acredito que recorrer a justiça "deste sistema de coisas" seja incoerente, até porque lnl diz que "a verdadeira sabedoria provem dos loucos" , enfim . quem tem boca fala o que quer .. acho que existam questões mais importantes para a desmistificação do movimento e da cultura rasta.