Wednesday, February 14, 2007

A morte de um menino no Rio de Janeiro

A morte estúpida do menino João Hélio causa comoção e revolta em todo país. Tudo muito justo, compreensível e lamentável. Mas uma pergunta que não me cala é como é que ficam as mortes de tantos outros meninos e meninas nas comunidades de periferias do Rio de Janeiro nos últimos tempos, por balas perdidas e tiroteios absurdos nas comunidades entre polícias, milícias, traficantes, etc. E como é que ficam as mortes de crianças indígenas, como a morte por inanição do menino indígena Nandinho Fernandes, de dois anos, que morreu no fim de semana após ser internado com desnutrição grave no Hospital Universitário em Dourados (MS). Qual é a resposta e mobilização dessa mesma sociedade elitista e responsável por todos esses disparates frente a essas outras mortes? Não valem nada? Como se avalia a extensão e a culpabilidade da violência na sociedade brasileira ?

E digo mais: os negros/as devem começar a tomar pleno cuidado, pois como a coisa está sendo articulada, uma verdadeira caça às bruxas está sendo montada contra nós. Bastou ser negro/a, em atitudes supostamente suspeita ou de delito, para ser linchado ou morto sem fé nem piedade. A pena de morte está instituída, agora de maneira clara e objetiva. O contingente de mortos nos últimos dias no Rio de Janeiro já aponta para essa radiografia macabra. O Movimento Negro deve se posicionar mais abertamente e firme sobre o desenrolar dos acontecimentos. A morte de uma criança branca de classe média é uma coisa, a morte de uma criança ou jovem negro é outra coisa bem diferente. O racismo vai aumentar e os esquadrões da morte já estão oficializados.

É muito triste uma criança, seja ela quem for, ser assassinada de maneira tão estúpida como o menino João Hélio. Nada justifica a morte de uma criança brasileira desse jeito!!!! E os culpados devem ser punidos rigorosamente na altura de seus crimes. Mas a sociedade brasileira como um todo não está fora dessa culpa, como quer transparecer as mídias, os políticos e etc...etc...etc! Há mortes de classes e de raças, diferenciadas, no país!

Pois é,

Ras Adauto

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