Friday, July 28, 2006

Internacional anti-racismo

27 Julho 2006

Comunidade negra norte-americana enfrenta os mesmo problemas

Judith Morrison, da Inter-Agency Consultation on Race in Latin América fala um pouco sobre a situação dos negros norte-americanos.

O que é preciso fazer para que exista uma maior participação da comunidade negra norte-americana em processos como este da Conferência Regional das Américas?
Existem instituições interessadas no debate e os problemas enfrentados pela população negra no Brasil, no Canadá, no México e em outros países são só mesmos. É o racismo.Somos da mesma família, compartilhamos da mesma história de escravidão e por isso temos possibilidade de ampliar nosso diálogo e estabelecer intercâmbios.
Mas ainda assim, no Brasil e mesmo na América Latina tem-se a impressão de que os afro-americanos não compartilham dos mesmos problemas. Como é isso?
Após a passagem do furacão Katrina, que atingiu o sul do Estados Unidos em 2005, região onde vive grande parte da população negra no país, uma grande reflexão surgiu sobre a situação dos negros nos Estados Unidos. Foi possível pela primeira vez mostrar a pobreza e a criminalização desse grupo. As pessoas pensavam que coisas andavam bem, mas depois deste acontecimento viu-se a situação problemática que a população negra norte-americana enfrenta.

“Há muita pressão dos conservadores para que Governos não liberem recursos”

Entrevista com a presidente do Ação Cidadã (principal partido de oposição da Costa Rica), Epsy Campbell
Em entrevista ao Notícias Contra o Racismo, Epsy Campbell, fala das dificuldades que a sociedade enfrenta para alavancar projetos com recorte racial.

Ontem na abertura oficial da conferência, os expositores falaram muito sobre dificuldade de financiamento de projetos de inclusão com enfoque racial. Aqui no Brasil, o Estatuto da Igualdade Racial ainda não foi implementado de fato por causa da falta de apoio de parte da sociedade, dos parlamentares e de recursos financeiros. Qual a explicação para esse fato?
Apesar de termos avançados nos assuntos relacionados à questão racial, a luta contra o racismo ainda não é uma prioridade para os governos de todos os países, por isso não liberam todos os recursos necessários porque os Estados, incluindo o brasileiro, acham que a questão do combate ao racismo é importante, mas não prioritário. Tomam-se decisões para adotar políticas públicas de combate à discriminação, mas não incorporam recursos necessários. Isso nos obriga [movimentos da sociedade civil] a falar e repetir sempre da questão racial para que os avanços políticos tenham conseqüência em recursos econômicos. Acredito que ainda há muita pressão dos grupos conservadores para que os Governos não liberem recursos para projetos de igualdade racial, porque os conservadores têm cotas de poder importante em vários países, incluindo o Brasil.

E enquanto isso, o que a população deve fazer para ajudar a implementar esses projetos?
Primeiro se organizar, segundo, pressionar os Governos local e federal, terceiro, fazer uma aliança entre os diversos atores sociais para que se tenha mais força e a pressão seja maior e quarto utilizar o voto como instrumento de mudança. A possibilidade de votar permite ao povo avaliar as posições políticas dos partidos, também é necessário que se tenha uma interlocução com as instituições internacionais, para que estas pressionem o governo e, por último, devem se fazer alianças entre movimentos sociais internacionais para utilizar a globalização como forma de combate ao racismo.

24 Julho 2006

Governos ainda não têm promoção da igualdade racial como compromisso



Para Sergia Galván, do Coletivo Mulher e Saúde da República Dominicana e membro da Rede de Mulheres Afrolatinoamericanas e Caribenhas, os governos têm avançado pouco na implantação de políticas de promoção da igualdade de gênero e raça nas Américas.


Quais foram os principais avanços nos últimos anos no que diz respeito a promoção da igualdade de gênero e raça nas Américas?
Sergia Galván – Existem avanços, mas eles caminham lentamente. Foram criados mecanismos de promoção da igualdade racial, a questão está posta na agenda pública, há um crescente processo de articulação dos movimentos sociais em torno da agenda de Durban e o fortalecimento das mulheres negras no debate. Mas quase não existem avanços nos níveis governamentais. Não há um compromisso real em transformar o Plano de Ação de Durban em políticas públicas.


Então o grande desafio é colocar o combate ao racismo nas agendas dos países?
Sergia Galván – Sim. O grande desafio é comprometer a Organização das Nações Unidas e seus Estados membros e construir uma Convenção Interamericana de Combate ao Racismo. Para além disso, é preciso também avaliar e acompanhar as ações em curso.


Quais são suas expectativas em relação a participação das mulheres na Conferência Regional das América?
Sergia Galván - Eu espero que possamos, hoje neste encontro (Diálogo entre as Mulheres das Américas contra o Racismo e todas as formas de Discriminação) fixar uma agenda comum para as mulheres negras, indígenas e brancas. Unir as forças do movimento feminista, de mulheres indígenas e de mulheres negras, para que no espaço da conferência possamos fazer-nos presentes, negociar e construir pautas para um diálogo futuro.

Indígenas reivindicam Secretaria Especial no governo brasileiro


Indígenas, afrodescendentes, migrantes, jovens, mulheres, GLTT, ciganos(as) e representantes de organizações da sociedade civil participantes da Conferência Regional das Américas estiveram reunidos durante esta tarde para apresentar seus documentos de reflexão e proposições sobre o temário do evento.

Os(as) indígenas apresentaram um diagnóstico de seus povos após as resoluções apontadas no plano de ação de Durban e os avanços de suas ações associadas aos trabalhos de promoção da igualdade racial na região. O ponto alto da apresentação, por parte dos(as) indígenas brasileiros(as), foi a reivindicação da criação de uma secretária especial dos povos indígenas.

?Os(as) indígenas possuem necessidades, realidades e demandas que necessitam uma maior atenção do governo. Os povos indígenas reivindicam nesta Conferência a criação de uma secretaria específica para tratar dos assuntos de nossos povos?, cometa a representante brasileira dos(as) indígenas.

Alejandro Rogas, representante dos Migrantes, enfatizou a importância da implementação dos resultados e conclusões desta Conferência. Segundo ele, os(as) migrantes estão expostos a uma realidade de discriminação e intolerância muito grande, ?O relatório da ONU afirma que 191 milhões de pessoas migrantes vivem hoje no mundo, sendo que 25 milhões são refugiados. Este dado está sob avaliação diante do quadro que os(as) migrante não tem visibilidade diante do estado, devido a sua situação irregular, logo concluísse que estes números são muito maiores?, explica ele.

O povo cigano, uma raça marginalizada e de pouca participação e atuação nos processos políticos apresentou algumas inquietações sobre a pouca visibilização de sua história, suas origens e sua cultura.
De acordo com Cláudio Jobanut, representes dos(as) ciganos(as) na plenária, hoje no Brasil existem cerca de 600 mil ciganos(as), ?Chegamos neste país em 1547, juntamente com os(as) negros(as) e índios(as), fizemos parte desta história de construção de nação juntamente com estes povos, logo sofremos as mesmas problemáticas referentes a exclusão e discriminação que estas outras raças?, enfatiza ele.



http://www.noticiascontraracismoentrevistas.blogspot.com/

(Notícias Contra o Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas

A agência de notícias foi desenhada especialmente para acompanhar a Conferência Regional das Américas (Brasília, 26, 27 e 28 de julho de 2006) e é resultado de uma ação conjunta da Fundação Friedrich Ebert e do Programa de Combate ao Racismo Institucional. Nela serão publicadas matérias que poderão ser utilizadas pelos movimentos sociais e pela mídia como fonte de informação.)

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