Wednesday, July 26, 2006

Livro retrata a trajetória de luta de 10 mulheres negras


LANÇAMENTO

Por Jony Torres

Uma centena de histórias de lutas, vitórias e desafios pessoais são contadas através de cem perfis de mulheres negras que se destacaram em suas atividades profissionais. O livro Mulheres do vento mulheres do tempo, organizado pela microempresária Mônica Kalile e escrito pelas jornalistas Lidia Silva e Ana Maria Vieira, com ajuda do professor de história Angelo Pinto, foi lançado ontem à noite, na Câmara de Vereadores de Salvador. A publicação tem patrocínio da Fundação Cultural Palmares, apoio da Secretária Municipal da Reparação e produção da Fundação Gregório de Mattos.

O livro, produzido e escrito em apenas um mês, tem 206 páginas com textos enxutos e objetivos, no quais são narradas as trajetórias de vida de cem mulheres negras escolhidas pelo sucesso profissional, independente da área de atividade, condição religiosa ou militância política e social. O curto prazo foi a única maneira de conseguir lançar a obra no Dia Internacional da Luta da Mulher Negra da América Latina e do Caribe. "Colocar tantas realizações e conquistas em apenas duas páginas foi um desafio pois são relatos muito ricos", revelou a jornalista Ana Maria.

Entre muitas mulheres, estão as cantoras Wil Carvalho e Margareth Menezes, a percussionista Mônica Millet, a comerciante Maria das Graças da Silva Osvaldo, conhecida como Gal do Beco, a religiosa mãe Hilda Jitolu e a vendedora de Acarajé, Aidil dos Santos, a Dica do Acarajé. A médica Alda Veloso, órfã desde os primeiros anos da adolescência, foi criada pela irmã mais velha, e, aos 40 anos de idade, se formou em medicina. Atualmente é diretora do 3º Centro de Saúde, na Liberdade, bairro onde nasceu e cresceu e hoje realiza ações de cunho social. "Hoje tenho muito orgulho em trabalhar no centro, pois naquela época era como se fosse o Hospital Aliança, para nós do bairro, e hoje posso dar minha contribuição ao meu povo", revelou a médica, homenageada na noite de lançamento.

A idéia de escrever o livro surgiu quando o grupo artístico e cultural, A Mulherada, presidido por Mônica Kalile, participou do há dois anos do 14º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, realizado ano passado em São Paulo. Para Mônica, colocar em evidência o trabaho realizado por estas mulheres é a principal intenção do projeto, pois a luta da mulher negra é mais árdua. "Muitas são conhecidas, mas existem outras nas ruas, nos escritórios e em salas de aula, lutando, vencendo sem que as pessoas saibam a importância das realizações destas heroínas sem sempre reconhecidas", justificou Kalile.

www.correiodabahia.com.br, 26.07.2006

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