Tuesday, October 24, 2006

Jovens acusados de racismo são presos em SP

Os ataques aos direitos dos negros e negras, descendentes dos/as
que construiram o país, vão desde a pressão de contra-informação
do sr. Ali Kamel, diretor-executivo de Jornalismo da Rede Globo,
com o seu livro "Não somos Racistas", apoiado e elogiado por

figuras como Caetano Veloso e Arnaldo Jabor, aos manifestos
e manifestações de contra-cotas de acadêmicos e intelectuais, muitos deles/as
estudiosos/as de negros/negras, até aos fatos abaixo relatados na prisão
de um grupo pertencente à facção "neonazis tupiniquim".

O que tem tudo isso a ver com a luta dos afrodescendentes no Brasil?

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Jovens acusados de racismo são presos em SP

Os três rapazes colavam panfletos na Zona Sul contra a cota para negros nas universidades

Gio Mendes* e Luisa Alcalde* SÃO PAULO. Três rapazes foram presos em flagrante quando colavam cartazes contendo ataques contra negros nas imediações da Estação Vila Mariana do Metrô, na Zona Sul de São Paulo, ontem de madrugada.

Um estudante negro viu o conteúdo do cartaz e avisou à Polícia Militar. O trio de panfletários seria integrante do movimento White Power, uma subdivisão racista dos skinheads. A polícia autuou os acusados por racismo, crime inafiançável. Caso sejam condenados, os rapazes podem cumprir pena de dois a cinco anos de prisão.

O Ministério Público Estadual (MPE) designou um promotor para acompanhar o inquérito.

Ontem à tarde, os três rapazes foram transferidos da carceragem do 36oDistrito Policial para o Centro de Detenção Provisória (CDP) Independência.

Os cartazes traziam mensagens preconceituosas para criticar o sistema de cotas para negros nas universidades, mostrando um jovem negro segurando uma prova, com respostas desrespeitosas e erros grosseiros. O panfleto é assinado pela organização White Power São Paulo, que tem site na Internet, hospedado num servidor dos Estados Unidos.

Um aluno negro do curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP), E.B., de 25 anos, que pediu para não ser identificado, viu os três rapazes pregando os cartazes. Ao ler o conteúdo, ficou revoltado e ligou para Polícia Militar.

— É um contra-senso ter um grupo racista desses numa cidade como São Paulo, conhecida por sua diversidade de raças e culturas.

Foram presos em flagrante Emerson de Almeida Chieri COM OS três rapazes foram apreendidos mais de cem cartazes e potes de cola, além de um soco-inglês (24 anos), Eduardo Brandão Jarussi (26) e Rogério Costa Andrade (27). Eles estavam com centenas de cartazes, potes de cola e um soco-inglês.

Os três têm diversas tatuagens pelo corpo e, dois deles, cabeças raspadas, um visual comumente usado por s ki nheads.

Em depoimento no 36° Distrito Policial (Paraíso), os rapazes negaram ser racistas e alegaram que estavam protestando apenas contra as cotas para negros.

O diretor da Organização Não Governamental (ONG) Educafro, frei Davi, afirma que somente a prisão dos três jovens envolvidos na panfletagem não encerra a discussão sobre atitudes preconceituosas .

— Há mais de 15 grupos antinegros atuando no Brasil que pregam a superioridade da raça branca. Eles sofrem de uma doença chamada racismo.

Além de punição, precisam de tratamento, porque a cadeia só não resolve.

Para o frei, esses grupos precisam aceitar e aprender a conviver com a diversidade de raças existentes no país.

A presidente da Comissão do Negro e de Assuntos Antidiscriminação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Carmen Dora, concorda com o diretor da Educafro.

— É muito bom saber que a polícia agiu com rapidez e de forma eficiente. [1] *Do Diário de S.Paulo

O Globo Online, O País , 24.10.2006 - www.oglobo.com.br

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