Tuesday, October 31, 2006

Show de reggae comemora 20 anos de dedicação ao ritmo no Rio



"Modéstia a parte também sou um dos responsáveis por esses 20 anos do
Reggae no Rio de Janeiro. E nao devemos esquecer o grande articulador
do Reggae NEC, que foi Mauro Nemme... E também figuras como
Nego Beto, Makandal, Mariano, Repolho, Clori, Ivo Fotógrafo, Jane Ungaretti, Nabby Clifort, Alberto Santos, Jair Batera, Hermógenes, Luiz Jacaré, Serginho Meritti, e outros/as que elevaram a temperatura do Reggae e de Rastafari no
Rio de Janeiro..." Ras Adauto, de Berlin
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31/10/2006 12:39:00

Show de reggae comemora 20 anos de dedicação ao ritmo no Rio

Olívia Mendonça

Há 20 anos, soava pelas ruas do Catete, no prédio da UNE, um swing, uma vibração diferente. Era o reggae, que fazia ali sua sede carioca e revelou bandas como Lumiar, que mais tarde se chamaria Cidade Negra, e KMD-5, que se desdobrou em O Rappa e Negril.

O movimento foi batizado de Reggae NEC (Núcleo Experimental de Cultura). Pois bem: essa galera, comandada por Da Gama, do Cidade, vai se reunir para fazer a festa 20 anos de Reggae no Rio, nesta terça-feira, no Circo Voador.

Além dos ilustres já citados, o evento conta com a participação de Edu Ribeiro, Banda Suburbanda, Armandinho, Dom Luis Rasta, Evandro Mesquita, Vell Rangel, AfroReggae, Helio (vocalista do Ponto de Equilíbrio), Junior do Natiruts, Rio Reggae Banda, Didon (da Banda Negril), Zeider (Banda Planta e Raiz), Rás Bernardo (ex-vocalista do Cidade Negra) e por aí vai.

Quem explica a idéia é Dom Luiz Rasta, mestre da galera dos dreads e precurssor da invasão do reggae na cidade. “Eu comecei o reggae nos anos 70, mas era da Baixada e a coisa não descia para a Zona Sul. Foi no fim de 85 que tive a idéia de fazer um show no Centro e tudo começou a dar certo. O Reggae NEC virou point”, lembra Dom, que, aos 55 anos e com sua fala arrastada, mantém-se fiel às raízes: mora no Sana, tem uma banda por lá e quase nunca sai de casa. “Pra quê? Tenho tudo. Meu CD vende à beça por aqui”, desdenha.

Tekko, ex-vendedor de camiseta, DJ e um dos fundadores do Afroreggae, tenta explicar melhor. “A luta tem um pouquinho mais de tempo, mas como o Reggae NEC foi o primeiro espaço que conquistamos, virou um marco”, conta.

Da Gama dá o veredito: “Já tinha essa idéia há 15 anos, mas não tinha muito motivo fazer o show. Aí o Dom Luiz me ligou e botou pressão. Esperamos virar 20 anos para ficar redondo e este ano conseguimos”, revela, desvedando, enfim, o motivo da data.

“O show também vai servir para explicar para a nova geração como surgiu o reggae por aqui. Como dizia Bob Marley, ‘é preciso conhecer suas raízes’. O Armandinho, Vell Rangel, Ponto de Equilibrio só existem porque abrimos espaço”, diz.

A ‘velha guarda’ abençoa os novos artistas. Mas as novas vertentes de ritmo jamaicano também são vistas com bons olhos. “Acho muito legal a galera que faz dub, dancehall. Adoro o Digitaldubs. Se a gente não renova a casa cai. Se o Bob Marley estivesse vivo, estaria fazendo reggae com eletrônico”, acredita Ras Bernardo.

Seguidores acreditam em um novo "boom"

O DJ Fernando Costa, parceiro de Da Gama em programa de rádio e um dos responsáveis por levar o reggae da Jamaica para a Barra da Tijuca, acredita que o reggae vem aos poucos tomando o lugar que o rock deixou.

“O rock vem deixando a desejar. Não tem mais ideais nem mensagens e o reggae vem ocupar este espaço. Estamos vivendo um momento histórico de evolução”, exagera.

Para ele o ritmo perpetuado por Bob Marley vem se diversificando e tomando o mundo numa grande onda verde, amarela, vermelha e preta. “É só você ir aos Estados Unidos e ver que lá está tocando direto. São várias boates dedicadas ao dub, ragga, dancehall e reggae raiz.

O próprio sucesso em torno de Matisyahu (o judeu americano que prega através das leis de Jah) é um sinal disso. Sem falar dos soundsystems que estão surgindo por aí”, enumera Costa. “O que queremos com esse show de hoje é mostrar para os moleques que gostam do ritmo atualmente que dá para fazer dar certo. É só seguir o exemplo e se organizar”, ensina.

O evento contará com jam sessions dos artistas intercaladas com sets dos DJs Fernando Costa e Tekko. É entrar na onda.

O Dia Online, 31.10.2006
http://odia.terra.com.br/cultura/htm/geral_65176.asp

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