Saturday, November 18, 2006

Consciência negra será celebrada


questão étnica



Flávio Costa

Na cidade com maior percentual de afrodescendentes do país (85% da população é preta ou parda), a mais importante data de celebração da luta pela igualdade racial, o Dia da Consciência Negra, não merece a consideração de um feriado. Diferentemente de São Paulo e Rio de Janeiro e de outras 227 cidades em 11 estados do Brasil, em Salvador o 20 de novembro, no qual se honra a memória de Zumbi de Palmares, será mais um dia de trabalho e não de reflexão.

A exceção fica para passeatas programadas por entidades negras que tentaram parar a cidade para discutir a questão do racismo. Vereadores da capital baiana concordam que a data é tão importante que merecia a honra de um feriado, mas que isso dependeria de uma pressão popular. “Esta data é muito importante para chamar a atenção da população para a questão da desigualdade que ainda existe na nossa cidade que é majoritalmente negra. Mas quanto a ser feriado ou não, apenas a sociedade pode definir. Tem que haver um consenso entre a Câmara e a sociedade neste assunto”, afirma o vereador Téo Senna (PTC).

É o que também pensa o vereador Odiosvaldo Vigas (PDT). Para ele, a Câmara não poderia impor um feriado sem que houvesse o desejo da sociedade e dos movimetos negros neste sentido. “É uma decisão que tem que partir de fora da Câmara para dentro. O mais importante na data é que reflitamos sobre os avanços do processo de igualdade racial no país”. Para Vigas é preciso melhorar ainda mais o acesso à educação para os afrodescendentes. “A questão das cotas para negros nas universidades é uma boa medida neste sentido”. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE ontem, na região metropolitana de Salvador, a média de escolaridade pretos e pardos é de 7,7 anos. Quase três anos abaixo da população branca, que é de 10,1 anos.

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HISTÓRICO

O Dia da Consciência Negra foi instituído há 35 anos para celebrar a memória do Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, o mais resistente e duradouro de todos que já existiram no país. Ele foi morto no dia 20 de novembro de 1695.

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Caminhadas marcam a data

Três caminhadas estão marcadas nesta segunda-feira para celebrar o Dia da Consciência Negra em Salvador. A Coordenação Nacional de Entidades Negras promove a Marcha Zumbi dos Palmares, que tem concentração no Campo Grande, às 15h, e segue em direção à Praça Municipal, agrega as diversas vertentes do movimento negro baiano. O tema da caminhada será a defesa da implantação do sistema de cotas e do Estatuto da Igualdade Racial. Ídolos negros serão homenageados como Lélia Gonzáles, Mário Gusmão, Luis Orlando, Lino Almeida – todos já falecidos – e os artistas, Lecy Brandão Zezé Motta e o ator Lázaro Ramos. Ele, um dos protagonistas da recém-encerrada novela Cobras e lagartos, receberá, às 19h, a medalha Zumbi dos Palmares da Comissão da Reparação da Câmara de Vereadores por seu trabalho de destaque no cinema e na televisão.

Outra passeata será a II Marcha do Beiru, que parte às 15h da Estrada das Barreiras. A terceira é a Caminhada da Liberdade, que sairá do Curuzu, às 16h, com destino ao Centro Histórico. O evento terá participação dos blocos afros Os Negões, Ilê Aiyê, Malê Debalê, Ókanbí, Olodum, Muzenza e Cortejo Afro, entre outras entidades da luta negra. “Nós vamos parar a cidade para celebrar esta data, sem precisar que se decrete um feriado para isso”, declara o coordenador administrativo da União de Negros pela Igualdade.

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 18.11.2006
http://www.correiodabahia.com.br/

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Desigualdade entre raças em Salvador é a maior do país

Pesquisa do IBGE revela que pretos e pardos, que são 82,1% da população, ganham menos que os brancos



Alan Amaral

Apesar de viver em uma das cidades com a maior concentração de afrodescendentes do país, o soteropolitano da raça negra ainda recebe muito menos que o habitante branco. O rendimento médio dos trabalhadores pretos e pardos, grupo que representa 82,1% do total de pessoas em idade ativa na região metropolitana de Salvador (RMS), equivaleu, no mês de setembro, a apenas um terço do ganho registrado pelo trabalhador branco. A constatação integra um dos resultados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada ontem na sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na capital. O estudo revelou que, enquanto a população de pretos e pardos, grupo que representa 82,1% da RMS – que responde ainda por 89,1% dos desocupados da região – recebeu em média, no período avaliado, R$644,91, os brancos apresentaram um saldo superior, atingindo a faixa de R$1.749,90.

De acordo com o levantamento, o grau de desigualdade verificado na RMS foi o mais acentuado entre todas as seis regiões metropolitanas pesquisadas no país. “Apesar de os dados revelarem uma evolução nos indicadores de rendimento e, principalmente, de escolaridade, ainda existem em Salvador grandes diferenças no comparativo entre essas duas populações”, explica a analista da PME, Maria Lúcia Vieira. Em termos de distribuição das pessoas ocupadas, por posição na ocupação, a pesquisa apurou que o percentual de empregados com carteira assinada no setor privado, dentro da população branca, ficou em 36,5% no mês avaliado, índice acima dos 35% do grupo pardo e preto. O nível de desocupação entre os brancos também é menor que entre os negros e pardos, ficando em 4,7% e 8,6% respectivamente.

Segundo a pesquisa, o tempo médio de estudo do indivíduo branco na RMS foi de 10,1 anos, sendo que na parcela preta e parda esse índice de escolaridade – apesar de ter sido o maior em comparação às demais regiões analisadas – ficou apenas em 7,7 anos. Isso significa que, enquanto o primeiro grupo atinge o ensino médio, o segundo não consegue concluir sequer o ensino fundamental. Já entre as pessoas com 18 anos de idade ou mais que conseguiram terminar o ensino superior, essa performance alcança a taxa de 24,2% na população branca, desempenho acima dos 4,8% do grupo majoritário. Na avaliação de Maria Lúcia, apesar desse contexto, apenas 5,8% dos pretos e pardos, entre 10 e 17 anos, não freqüentavam a escola, em setembro deste ano, resultado melhor que os 6,6% verificados no ano passado.

“Mesmo assim, esse percentual de não-freqüência escolar ainda é menor entre os brancos (3,7%)”, comenta a analista. Atrelada à questão da rentabilidade, o quadro de desigualdades, com relação ao tempo de estudo, ainda continua acentuado na região metropolitana de Salvador. Por exemplo, quando o contingente analisado envolve pessoas com até um ano de estudo, o valor médio recebido pelo público negro e pardo (R$317,80) continua abaixo do registrado junto à parcela branca (R$424,90). Tendência de disparidade mantida também no segmento formado por indivíduos com 11 anos ou mais de estudo, no qual a rentabilidade dos profissionais, que pertencem à maioria da população em idade ativa, ficou em R$908,30, contra os R$2.062,60 da minoria.

Em relação a posição entre os ocupados, a pesquisa mostrou ainda que o ganho do trabalhador por conta própria, preto e pardo foi de R$461,03 em setembro, valor amplamente inferior aos R$1.054,62 recebidos pelo profissional branco. Desigualdade que se repete quando o critério pesquisado é o grupamento de atividade, a exemplo dos trabalhadores pretos e pardos da área industrial, cujo saldo no mês de referência ficou em R$743,68, menor que os R$2.205,73 da população branca. A investigação revelou também disparidades envolvendo o rendimento domiciliar per capita. A conclusão obtida foi de que na RMS, nos domicílios cujo principal responsável era preto ou pardo, a rentabilidade familiar era de R$427,27, cerca de um terço do valor per capita nas unidades com o responsável branco (R$1.245,18). No geral, a Pesquisa Mensal de Emprego observou que, na média das seis regiões metropolitanas investigadas – Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre –, o contigente declaradamente preto e pardo continua tendo menos escolaridade e um rendimento médio equivalente à metade do recebido pela população branca.

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Salário dos negros é menor

Adriana Patrocínio

O histórico quadro de dificuldades enfrentadas pela população negra nos mercados de trabalho baiano e nacional foi, mais uma vez, constatado na pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com base em dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), o levantamento, divulgado ontem, verificou, por exemplo, que, no período de agosto de 2005 a julho de 2006, o rendimento da população negra da região metropolitana de Salvador (RMS) chegou a corresponder a 51,8% do obtido pelos não-negros.

Parte das ações pela passagem do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado na próxima segunda-feira, a pesquisa constatou também que, na média de 12 meses, os negros da RMS correspondem a 87% da População Economicamente Ativa (PEA) e a 90,3% dos desempregados. Os índices da RMS são disparados os mais altos entre as seis regiões avaliadas – o estudo também foi realizado nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, São Paulo e no Distrito Federal.

A proporção de mulheres negras em situação de trabalho vulnerável, a exemplo de assalariadas sem carteira assinada, autônomas, trabalhadoras familiares não-remuneradas ou empregadas domésticas – que indica a baixa qualidade da ocupação – é ainda maior que a dos homens. De acordo com o levantamento, 51,7% das mulheres negras da RMS estão em uma dessas condições vulneráveis de trabalho, contra 30,3% das não-negras. Já entre os homens negros, 35,1% se encontram nessa situação, frente ao percentual de 24,4% de não-negros. O estudo está disponível no site do Dieese (www.dieese.org.br).

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Data: Fri, 17 Nov 2006 13:29:21 -0800

O Bairro da Paz é Resistência

Em comemoração ao 20 de Novembro – Dia Nacional Nacional da Consciência Negra, o AGRUPAZ – Associação dos Grupos Culturais do Bairro da Paz, realiza no dia 19 de novembro (domingo) das 14h às 21h, no Quilombo Urbano do Bairro da Paz – Salvador/BA o evento: O Bairro da Paz é Resistência, integra um ciclo de atividades sociais e culturais voltadas para a formação, fortalecimento e empoderamento da Juventude Negra.

O objetivo é possibilitar que a juventude/comunidad e envolvida na atividade possa conhecer quem foi Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares - o maior símbolo de resistência negra à escravidão no Brasil. O Bairro da Paz é tido como maior espaço de resistência negra na cidade de Salvador. Inicialmente, denominada de invasão das Malvinas, em virtude dos conflitos da época, entre a Inglaterra e a Argentina, pela disputa das Ilhas Falklands. A ocupação recebeu uma violenta repressão policial e uma forte pressão da administração municipal e estadual, na tentativa de expulsar os moradores, os quais resistiram com muita bravura, consolidando- se na área, hoje em fase final do processo de regularização. O Bairro da Paz revela-se um Quilombo Urbano com aproximadamente 11 mil domicílios e uma população beirando os 65 mil habitantes.

O evento terá inicio às 14h com um arrastão ao som da percussão, da entrada do bairro ao final de linha, onde terá apresentações de dança afro, capoeira, teatro, reggae, hip-hop e samba de roda, alem de oficinas de pintura de rosto, artesanato, trancas. Toda a comunidade se reunirá para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra.

Serviço

O que: O Bairro da Paz é Resistência
Quando: 19 de novembro 2006
Onde: Praça das Decisões, final de linha do Bairro da Paz
Hora: das 14h às 21h

Contatos:

Rodrigo Barbosa – (71) 3368-2763
Aina Del Aguila – (71) 8853-609
E-MAIL: agrupaz@yahoo. com.br


Assessoria de Comunicação:
CMA Hip Hop – Comunicação Militância e Atitude Hip-Hop.
DJ BRANCO (71) 91510631
cmahiphop@hotmail. comEsta mensagem foi enviada por DJ Branco ..
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Mulheres negras ainda são maiores vítimas de desigualdades no trabalho

17/11/2006 - 20h18m

As mulheres negras continuam sendo as mais atingidas pela desigualdade de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro. Estudo divulgado hoje pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que a taxa de desemprego para esse segmento passou de 10% em 1992 para 15,8% em 2005, com crescimento 58%. Entre os homens negros, o desemprego passou de 6,3% para 8,5% no mesmo período, o que representou um aumento de 33,9%. No mesmo período as taxas de desemprego para mulheres cresceram 38,8%, (de 8,2% para 11,4%) e para os homens brancos, 25,8%. (de 5,2% para 6,5%).

De acordo com o relatório a desigualdade também se expressa nos salários. A OIT se baseia no conceito de mediana dos rendimentos, o valor máximo pago à metade da população que está no mercado de trabalho. Os brancos ganhavam 485,00 em 92 e 504,00 em 2005, enquanto os negros recebiam 266 e 308 no mesmo período.

O relatório da OIT, divulgado hoje (17), se baseou nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O estudo avalia a evolução do emprego no mercado de trabalho e os resultados obtidos com as políticas públicas de conscientização da sociedade e de inclusão social.

http://ibahia.globo.com/plantao/noticia/default.asp?
id_noticia=131272&id_secao=29

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