Tuesday, November 21, 2006

Índias de tribos do Nordeste têm encontro

Cerca de 30% das aldeias do Nordeste têm caciques mulheres, enquanto nas demais regiões brasileiras esse percentual não chega a 5%. Diante de tamanha representatividade feminina nas lideranças das tribos, índias de 50 diferentes etnias estão reunidas no I Encontro Regional das Guerreiras Mulheres Indígenas do Nordeste e Leste (Minas Gerais e Espírito Santo), com o objetivo de criar um espaço de diálogo e construir um mecanismo de organização permanente entre si. O evento, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), em parceria com Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social, Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e a Ong Oxfam, começou ontem e termina hoje, na Casa Betânia, em Itapuã.

Na ocasião foi feita uma grande homenagem a Maninha Xukuru-Kariri, uma das fundadoras da Apoinme e coordenadora da entidade durante 15 anos, que faleceu em outubro, na cidade de Palmeira dos Índios, em Alagoas. Segundo a entidade, ela teria sido vítima da inexistência de uma política nacional de saúde para o atendimento aos povos indígenas. O coordenador geral da Apoinme, Manoel Uilton dos Santos, mais conhecido como Uilton Thuxá, falou sobre papel das mulheres nas tribos indígenas e ressaltou a importância do encontro. “Muitas delas ocupam espaços de liderança nos seus povos e não são reconhecidas como deveriam. Finalmente, depois de mais de uma década de existência, a Apoinme conseguiu organizar esse evento que visa o fortalecimento dessas mulheres guerreiras”, frisou o coordenador.

Iaranauwy foi cacique da tribo Pataxó hã-hã-hãe, no sul da Bahia, durante dois anos e por problemas de saúde foi obrigada a se afastar do posto. Hoje, ela é o braço direito da cacique Ilza Rodrigues que não pôde participar do evento e lhe enviou como representante oficial. “Eu enfrentei muitos problemas, em muitas situações me senti excluída por ser mulher. Mas, enquanto fui cacique lutei pelos interesses das 390 famílias da tribo”, afirmou Iaranauwy. Ela considera que as mulheres são capazes de desenvolver um bom trabalho por que são fonte de força e sabedoria. (CV)

Aqui Salvador, Correio da Bahia, 22.11.2006
www.correiodabahia.com.br

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